quinta-feira, 18 de junho de 2015

“Cozinha Sob Pressão”: Edição ainda não atingiu o ponto de harmonizar conteúdo com o cardápio esperado pelo público que quer saborear um reality realmente de culinária


Está faltando mais cozinha e também mais pressão nessa segunda temporada de “Cozinha Sob Pressão”, versão brasileira do reality show britânico “Hell’s Kitchen”, que o SBT está exibindo nas noites de sábado. No Reino Unido, a competição culinária teve diferentes formatos e chefs, sendo que o principal e mais marcante, por seu carisma e rigor, foi o chef Gordon Ramsay. Por aqui, Carlos Bertolazzi se mantém no posto de chef desde a primeira temporada, mas está longe de ter a performance de Ramsay à frente dos participantes. Em alguns momentos Bertolazzi chega até ser muito bonzinho e caridoso no excesso de elogios. “Os pratos estão perfeitos!”, grita ele. Tipo de exaltação que não combina com esse tipo de competição, que reúne apenas cozinheiros amadores. Até para profissionais a perfeição não está ao alcance de todos.

A disputa chegou à sua fase decisiva, dos 16 concorrentes da estreia restaram sete, e desde o início ficou visível que o nível dos atuais está bem aquém daqueles da primeira temporada. Tanto em termos de desenvoltura com as panelas quanto se levando em conta a história pessoal e profissional de cada um. Mesmo assim, os realizadores pecam em destinar tempos tão longos a chororôs e depoimentos individuais dos participantes que em nada acrescentam nem interessam ao público desse tipo de atração. O que está literalmente desandando a receita é a edição, que certamente segue uma orientação da direção, que não conversa muito bem com a proposta de apresentar uma disputa que, como o nome diz, deve ser acirrada e sem fugir do seu ringue original, que é a cozinha. As provas se repetem, sem grandes inovações. E pouco se vê realmente da preparação dos pratos. Que é o que dá água na boca da audiência.  Sem falar na locução feminina com um timbre e uma entonação de narradora de programa de fofocas sobre celebridades. Bem deselegante!

Um pecado crucial cometido, porém, é o fato de os pratos serem executados com produtos industrializados, fornecidos pelos patrocinadores. Fazer um prato gourmet com carnes congeladas ou pré-preparadas? Nem sendo um produto que paga para merecer a confiança do Tony Ramos. Daqui a pouco vem prova com mistura pronta para empanados, que não precisa nem temperar a carne na hora de fazer, como aconteceu na temporada anterior. Deprimente!

E de onde tiraram que é palatável ver seres vivos sendo abatidos na cozinha para o preparo? É uma prática que vem se repetindo nos programas desse gênero, como já se viu com rãs no “Cozinha Sob Pressão” e com camarões no “MasterChef Brasil”, da Band. Para que isso? Até parece que todo chef em seu restaurante sai por aí abatendo bois, javalis, patos, frangos. Se for para mostrar todos botando a mão no ingrediente em sua origem, então por que não os colocam também cultivando hortas, plantando árvores frutíferas, semeando grãos, debulhando trigo?



 Mais competição culinária na TV em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2015/05/masterchef-brasil-competicao-culinaria.html