domingo, 17 de julho de 2016

“Tamanho Família”: Humor e emoção se perdem por falta de originalidade no formato e condução previsível e ultrapassada


Em sua segunda semana no ar, o “Tamanho Família” deste domingo (17), na Rede Globo, veio reforçar que o ponto alto está focado na ideia de investir muito na dobradinha humor de entrada e emoção no prato principal. Assim como aconteceu na estreia, o programa apresentado por Márcio Garcia começou com brincadeirinhas, sempre chamadas após um jogo de frases feitas que deixavam um gancho para o tipo de jogo que seria proposto, tendo na sequência homenagens dramaticamente comoventes feitas por parentes dos artistas convidados, levando todos às lágrimas. E, para terminar em alto astral, o apresentador logo faz um encerramento com um chavão meio forçado, dizendo: “Este é um programa para alegrar a família brasileira. É sempre assim, alegre e alto astral, como aquele almoço de domingo na família da gente!”. Parece até frase tirada de alguma cartilha de televisão de outras décadas.

No contexto geral, “Tamanho Família” não traz qualquer inovação em seu formato. Está lá a Família Lima fazendo às vezes da banda ao vivo, exatamente como o Ultraje À Rigor faz no “The Noite”, de Danilo Gentili no SBT; está lá uma plateia que praticamente não aparece nem interage, e está lá mais um apresentador-ator fazendo caras e boca e dando o máximo de si como quem deseja ganhar algum prêmio de melhor do ano. Em alguns momentos, parece ser a versão masculina de Fernanda Lima no seu “Amor e Sexo”, só que sem afetação - até porque, trata-se de um “programa família” - e com muito mais naturalidade.

Na estreia, domingo (10), quando as convidadas foram Bruna Marquezine e Juliana Paes, com representantes de suas respectivas famílias, não foi diferente. Juliana foi a menos preocupada em fazer pose de certinha e até se divertiu quando sua irmã entregou que ela gostava de tomar uma cachacinha. “Na verdade lá em casa é uma bagaça total. É pagode, é funk rolando, a gente grita pra falar”, brincou a atriz. Enquanto Bruna se comportou tão “naturalmente cuidadosa” com sua imagem como faz em qualquer entrevista.

Após muitas risadas, veio o momento “surpresa”, quando Bruna, revivendo a atriz-mirim-chorona de quando estreou em novelas, foi às lágrimas vendo seu pai cantar tocando violão para ela. E Juliana se desmanchou ao ver seus filhos no palco, com direito até à presença do maridão acompanhando os meninos. Nada muito diferente do que já foi e continua sendo feito em outros programas em qualquer emissora quando querem apelar e colocar uma pitada de dramalhão mexicano na vida real de anônimos ou famosos.    

Já nesse domingo (17), foi a vez de Fabiana Karla e Tom Cavalcante fazerem graça no começo e chorar no fim. Tom estava forçado no papel de pai de família engraçado, pois fora do ar ele próprio já assumiu ser mais sério longe das câmeras. Mas, diante da família animada da outra convidada, também quis se descrever como piadista em casa. A filha logo entregou: “Eu nunca recebi trote dele!”, garantiu ela. E no fim, mais uma vez, veio a hora do choro, com a menina cantando para ele. Com certeza a homenagem feita pelas filhas e pelo primo de Fabiana foi mais criativa, mais elaborada e mais emocionante, já que resumiu a história da trajetória artística da atriz.

De qualquer forma, é bem melhor assistir ao “Tamanho Família” conduzido por Márcio Garcia, um bom ator, mas que funciona muito melhor como apresentador, do que aguentar a superficialidade de Regina Casé ocupando o mesmo horário nos domingos da Globo com o seu “Esquenta”.