sábado, 3 de outubro de 2015

“A Regra do Jogo”: Com virada inesperada de Zé Maria, Tony Ramos surge como esperança de virar o jogo da novela, cuja partida não está animando a audiência


Quando Tony Ramos foi escalado para “A Regra do Jogo”, novela das nove da Rede Globo, antes mesmo de se querer saber qual seria seu personagem, a primeira coisa que vinha à mente era fazer uma gracinha do tipo “Ele vai entrar em cena perguntando: ‘É Friboi’?”. A piada, claro, era uma referência à marca do frigorífico do qual o ator é protagonista há meses em uma campanha publicitária exaustivamente veiculada na mesma emissora.

E quando se falou que ele interpretaria um vilão na novela de João Emanuel Carneiro, logo se buscou a lembrança de “Torre de Babel”, novela de Silvio de Abreu, de 1998, na qual Tony era Clementino, um bandido que chocou os telespectadores ao matar a mulher e o amante com uma pá. O autor jamais admitiu que houvesse mudado o rumo da história em função de uma possível rejeição provocada no público ao ver, como diria Fausto Silva, um “monstro sagrado” da TV conhecido por sua fama de exemplo de correção e perfeição na frente e atrás das câmeras encarnar um criminoso. 

Mas, curiosamente, Zé Maria, o presidiário fugitivo vivido por Tony parece ter se tornado a possível salvação de “A Regra do Jogo”, que vem decepcionando em termos de audiência e deixando a desejar em muitos pontos pela falta de ingredientes que realmente atendam ao gosto dos noveleiros de plantão. Desde que apareceu em clima de suspense no final do capítulo de sexta-feira (2), com esclarecimentos que surpreenderam nas sequências iniciais no capítulo desse sábado (3), como um membro oculto da facção criminosa da história, Tony ganhou um status na trama e parece ter criado no público a expectativa que faltava sobre as “cenas do próximo capítulo”.

É bem verdade que não só de mocinhos foi feita a trajetória do ator, mas, talvez seja justamente pela imagem de bom moço que o próprio ator tenta mostrar na vida real que cause alguma estranheza vê-lo fazer tipos de personalidade duvidosa sem que esteja simultaneamente embutido neles algum toque de humor ou ironia. Embora, como João Emanuel insiste em deixar no ar desde a estreia que na novela, nem tudo que parecer ser realmente é: os mocinhos podem ser vilões, e vice-versa. Então, esta pode ser apenas mais uma cartada no jogo em que o verdadeiro Coringa ainda está guardado na manga do autor.

O que se espera mesmo é que Tony Ramos venha sacudir esse jogo, cuja partida não estava despertando qualquer tipo de animação na torcida. E, com isso, ajude também a recuperar o potencial de Romero, personagem arqui-inimigo de Zé Maria, interpretado por Alexandre Nero, que perdeu totalmente o carisma desde que se tornou um bobão em cenas igualmente debiloide ao lado da forçada e caricata Atena (Giovanna Antonelli).


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