domingo, 2 de fevereiro de 2014

“Amor à Vida”: Novela chega ao fim tentando disfarçar uma sucessão de falhas, tanto no texto quanto na execução, compensada apenas pela interpretação magistral de Mateus Solano e Susana Vieira


Quando “Amor à Vida”, novela das 21h da Rede Globo, estreou em 20 de maio de 2013, elogiei o texto ágil, a direção geral, a iluminação e a fotografia das cenas feitas em Macchu Picchu. A partir dali, infelizmente, o que se viu foi uma sucessão de falhas, tanto no texto quanto na execução, compensada apenas pela interpretação magistral dos atores Mateus Solano e Susana Vieira. E não vai aqui qualquer juízo de valor aos personagens, respectivamente Félix e Pilar, mas sim à competência de seus intérpretes.

A novela escrita por Walcyr Carrasco, do núcleo de Wolf Maya e tendo na direção-geral Mauro Mendonça Filho, que chegou ao fim nessa sexta-feira (31), trouxe situações que, poderiam até ser serem inverossímeis como é comum em qualquer folhetim, não fosse o exagero na quantidade de situações em que elas se repetiram.

E o marketing usado para vender esse produto também foi um engodo. A começar pela campanha de lançamento: “O que você faria por amor?”. Aí aparece Paloma, recém formada em medicina, largando a família para viver uma aventura riponga. Ok! Tudo bem! Quem nunca fez uma loucurinha por amor?

Aí o grande amor de Paloma é preso e ela volta para casa sem que ninguém perceba que ela está grávida. Oi? Como assim? Bom, até o Ninho no último capítulo perguntou se ela estava grávida, mesmo a mulher estando com uma barriga de quase nove meses...

Aí Paloma dá à luz a filha num buteco e tem como parteira uma ex-chacrete. Aí o irmão ciumento joga a criança na caçamba. Aí ele, que já lucrou superfaturando contas do hospital do próprio pai, manda matar o Atílio, aí ele manda seqüestrar a Paulinha, aí ele... Aí ele vira o herói da novela! Por quê?

Porque diante de uma novela perdida a única saída encontrada pelo autor foi pegar carona num apelo batido e retrógrado de mostrar um beijo gay. Como se isso fosse realmente uma novidade. Mas, a ideia era mesmo atrair comentários nas redes sociais.  E com isso Walcyr Carrasco continua sendo um autor comentado. Muito embora assinando seu próprio nome ele não atinja nem de perto a repercussão que causou, usando o pseudônimo de Ádamo Angel, quando escreveu “Xica da Silva” na extinta Rede Manchete.

E ainda há quem diga que Walcyr está quebrando paradigmas. Quem realmente tentou quebrar paradigmas foi Bráulio Pedroso quando, em plena ditadura dos anos 70, escreveu “O Rebu”, dirigida por Walter Avancini. Mas aí é assunto para quem tem mais de 30. Ou 40...

Mais "Amor à Vida" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/12/amor-vida-por-que-antonio-fagundes-pode.html