quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

“Lado a Lado”: Cássio Gabus Mendes, atualmente no ar em dois momentos de sua carreira, como galã e como vilão, é exemplo de como construir uma carreira sólida, com seriedade, competência e discrição


Cássio Gabus Mendes é um dos poucos atores de sua geração que conseguiram passar incólumes da fase de ser considerado o galã da novela e chegou ao auge do amadurecimento interpretando o grande antagonista da história. Essa transição pode ser constatada nesse momento, em que o ator pode ser visto em dose dupla na Rede Globo como o desprezível ex-senador Bonifácio Vieira na novela das seis, “Lado a Lado”, e como o jovem romântico Afonso no compacto de “Vale Tudo”, trama de 1988 que está no quadro “Novelão” do “Vídeo Show”. É admirável ver como ele conseguiu nesses mais de 30 anos construir sua carreira de forma séria, competente e, acima de tudo, mantendo a máxima discrição tanto no que se refere a seu trabalho quanto a sua vida pessoal.

Neto do ator e diretor Otávio Gabus Mendes, filho do novelista Cassiano Gabus Mendes, sobrinho do ator Luís Gustavo e irmão mais novo do ator Tato Gabus, Cássio poderia ser mais um caso de quem só conquistou espaço por ter sido privilegiado em nascer numa família de artistas. Não é o caso. Desde sua estreia em “Elas Por Elas”, em 1982, o ator raramente ficou um ano fora do ar. Ele praticamente emenda um trabalho no outro. E em cada um deles mostra toda sua versatilidade, desempenhando com talento papéis dramáticos, cômicos, românticos ou maquiavélicos.

No rol de personagens marcantes nos anos 80, além do filho de Odete Roitman (Beatriz Segall), estão, entre outros, Luti, o filho de Ariclenes (Luís Gustavo) em “Ti-Ti-Ti” apaixonado por Walquíria (Malu Mader), a filha do rival de seu pai, Jacques Leclair (Reginaldo Faria); o ingênuo Bruno de “Brega & Chique”, que se destacou com seu jeito atrapalhado e seus erros de português que transformaram em bordões os seus “craro” e “pobrema”, e o jovem seminarista Ricardo de “Tieta”, que se envolveu com a personagem-título, sua tia, vivida por Bety Faria.

Em 1992, Cássio viveu mais um grande momento interpretando João Alfredo Galvão, o jovem militante político da minissérie “Anos Rebeldes”. Nos anos seguintes, entre muitas novelas e várias participações em humorísticos, séries e seriados, destaque para sua interpretação como Chico Mendes na minissérie “Amazônia, de Galvez a Chico Mendes”. Sem falar nos personagens que também tiveram sua marca no cinema, em filmes como “Orfeu”, “Caixa Dois”, “Chico Xavier”, “Bruna Surfistinha” e “Assalto ao Banco Central”.

Sem dúvida, é preciso ser um ator completo para conseguir ficar tão à vontade ao se vestir de Capitão América, como Cássio fez na série “As Cariocas”, e também chamar a atenção ao ostentar o porte e a elegância arrogante de Bonifácio, o industrial e político da novela de época das seis. Certamente Cássio ainda deverá ter muitas outras cenas de destaque nessa reta final da trama escrita por João Ximenes Braga e Cláudia Lage. Afinal, um homem racista, adúltero e cruel com o próprio filho, Fernando (Caio Blat), fruto de seu envolvimento com uma escrava, não pode terminar impune. 

Apesar de que, como todo político em todas as épocas, não será de admirar se Bonifácio ainda vir a se safar de suas falcatruas.



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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

“Mulheres Ricas”: Andréa Nóbrega deixa a desejar como anfitriã e realça a falta de glamour e de elegância que marca o elenco da nova temporada do programa da Band


Não bastasse a falta de glamour que impera na segunda temporada de “Mulheres Ricas”, da Band, suas participantes vêm a cada episódio se superando no quesito “falta de classe”. Tirando Narcisa Tamborindeguy, que representa com conhecimento de causa o high society, Andréa Nóbrega, Cozete Gomes, Aeileen Varejão e Mariana Mesquita parecem mais quatro deslumbradas fingindo ter estirpe na tentativa de conquistarem o posto de personalidades da mídia. Andréa, ex-mulher do apresentador Carlos Alberto de Nóbrega, deu o maior exemplo de deselegância e falta de classe no episódio dessa segunda-feira (26), em que o ponto alto (?) seria sua festa de aniversário. Ela não só foi indelicada com Aileen e Cozete, como extrapolou na sua tentativa de chamar a atenção.

Para começar, a atriz, que tem em seu currículo apenas participações nos humorísticos “Escolinha do Gugu” e “A Praça é Nossa”, esse último comandado por seu ex-marido, foi absolutamente mal educada ao não colocar o nome de Aeileen, sua colega de programa, na lista de convidados que estava na recepção. A moça, que havia sido convidada pela assessoria da atriz, ficou na maior saia-justa na porta da festa. Sem noção, Andréa foi até Aeileen explicar que seu nome não estava na lista por causa de comentários que ela havia feito a chamando de “velha” e “mal vestida” em outra ocasião. As duas erraram nesse embate: uma que desconvidou e a outra que, mesmo sendo humilhada em público, entrou para participar da festa. Mais um sinal de que ainda falta muito verniz para essas mulheres serem chamadas de glamourosas.

Com direito a cadeiras de plástico, uma decoração exageradamente cafona e à presença de bailarinas de dança do ventre que se apresentaram tendo a aniversariante como personagem central do número, a festa foi um desastre no quesito animação. Das 150 pessoas convidadas, não apareceu nem um terço. Péssima anfitriã, além de não dar atenção aos presentes, ignorar e até evitar descaradamente Aeileen e Cozete, dando atenção apenas a Mariana, Andréa chegou ao cúmulo de abrir um Veuve Clicquot de cinco litros, tomar alguns goles no gargalho e depois dar a garrafa a seu assessor para receber um banho de champanhe. Para completar, parecendo uma doidivanas, jogou-se na piscina numa diversão encenada, enquanto os (poucos) convidados apenas olhavam de longe. Ah, e o bolo, que fazia referência à grife Louis Vuitton não foi nem cortado após cantarem o “Parabéns”. Seria fake também?

Além de contar com um elenco fraco e que não faz jus à proposta inicial do programa, a edição está perdida. Esse mesmo episódio abriu com o filho de Mariana, Rocco, de 8 anos, participando de uma partida de futebol. Chato, desnecessário e deslocado dentro do todo. Aeileen, além do mico de ser barrada na festa de Andréa, continua se achando rica e pensando que canta. E Cozete grava alguns comentários à parte e não se compromete em cena. Já Narcisa Tamborindeguy não apareceu nesse episódio. Nem as farpas debochadas de Val Macchiori a respeito das participantes compensaram a ausência da autêntica socialite carioca. E Regina Mansur ainda não se sabe o que faz ali. Sua apologia à ditadura da cirurgia plástica foi péssima, politicamente incorreta e dispensável.



domingo, 24 de fevereiro de 2013

“Lado a Lado”: Fotomontagem de cena parece publicidade pouco ética e leva “profissionais descuidados” da mídia a fazerem proliferar informação errada



Essa semana, vimos mais uma vez como uma desinformação ou imagem falsa pode se alastrar como pólvora pela internet, graças à falta de cuidado em checar a veracidade dos fatos antes de sair por aí copiando e compartilhando. Foi o que aconteceu com a foto de uma cena da novela das seis da Rede Globo, “Lado a Lado”, em que o capoeira Zé Maria (Lázaro Ramos) levou a médica Fátima (Juliana Knust) para conhecer o Morro da Providência, onde ele mora. A sequência foi ao ar no final do capítulo de sexta-feira (22), já passava das 19h. Curiosamente, antes das 10h da manhã de quinta-feira (21), um portal da Bahia, cujo titular tem como referência ser “um importante difusor de publicidade”, postou uma foto em que aparece uma antena da Sky ao fundo da cena, dando como um erro da produção da história, que se passa em 1910, a ser mostrado no capítulo do dia seguinte.

Há pontos a serem analisados. O autor do post colocou no crédito “Fotos Lado a Lado/TV Globo”. Só que na mesma foto divulgada oficialmente pela emissora não consta nenhuma antena. E mais: esse take da sequência nem foi ao ar. Pode ter sido cortado na edição ou o fotógrafo da Globo fez o registro durante um ensaio ou em um dos momentos do “gravando” que pode ter sido refeito. É sabido que nem todas as cenas valem de primeira. Deve ter sido esse o caso, já que na sequência que foi ao ar a personagem de Juliana Knust leva a bolsa pendurada no braço direito e em nenhum momento aparece com ela no braço esquerdo, como na fotomontagem.

A questão não é considerar ser certo ou errado “brincar” com situações usando os vastos recursos que a computação gráfica dispõe. Há muitas e divertidas montagens o tempo todo rolando na internet. O problema é esse tipo de ferramenta ser usada com intenções pouco éticas e, pior ainda, quando o resultado é a propagação por vários sites e blogs que não conferem se a ideia é apenas fazer uma brincadeira ou é “criar” factoides que podem prejudicar o trabalho de outras pessoas.

Brincar, opinar, criticar ou elogiar é um direito de qualquer pessoa em suas páginas nas redes sociais. Ali, como o nome já diz, é um ambiente social. Questionável é quando sites oficiais e, portanto, tratados como profissionais, ajudam a proliferar informações errôneas visando apenas aumentar o número de acesso a suas páginas. Nesse caso da fotomontagem, até mesmo o texto, contendo erros de informação sobre a novela, foi exaustivamente copiado e repetido em diversos blogs. É muita falta de profissionalismo ou excesso de preocupação em ser o primeiro a dar a notícia, mesmo que ela esteja errada.

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

“Salve Jorge”: Novela relega atores veteranos a segundo plano em aparições relâmpago e ao deixar personagens vários capítulos no ostracismo deixa a sensação de que eles são dispensáveis para a história


Eva Todor fez uma rápida aparição como Dália em “Salve Jorge”, novela das 21h da Rede Globo, (alguém se lembra?) na festa de aniversário de Leonor, interpretada por Nicette Bruno, que foi ao ar em outubro, e simplesmente desapareceu de cena. Nem Leonor, nem Isaurinha (Nívea Maria), que também deveria ser íntima e confidente de Dália segundo consta no perfil da personagem, fizeram qualquer citação que explicasse o sumiço da amiga. Já no capítulo que foi ao ar nessa quinta-feira (21), quando Théo (Rodrigo Lombardi) disse que seu padrinho Silveirinha iria cuidar do processo que Lívia Marini (Claudia Raia) está movendo contra ele, foi preciso ativar a memória para identificar quem é esse advogado. Trata-se de Ismael Silveira, personagem de Jonas Mello que, a princípio, seria amigo e confidente de Théo (Rodrigo Lombardi), casado com Cacilda (Rosi Campos) e amigo de longa data de Áurea (Suzana Faini). O personagem fez uma aparição relâmpago no jantar de aniversário de Théo, que foi ao ar em dezembro, e também não foi mais visto.

A sensação que se tem é de que alguns personagens de “Salve Jorge” volta e meia são “traficados” da trama e se escondem em algum lugar que não deve ser a Turquia. Como Eva Todor e Jonas Mello, outros atores de renome do elenco também não estão tendo seus talentos valorizados na novela de Glória Perez. Stênio Garcia, no papel de Arturo, empresário falido, parece uma alma penada que raramente surge para fazer contraponto a Isaurinha, sua mulher, vivida por Nívea Maria, outra atriz cuja trajetória deveria lhe conferir uma personagem com mais conteúdo. Vera Fischer, como Irina, chega a esse ponto de sua carreira confinada atrás de uma cortina de contas coloridas de acrílico numa boate fuleira da Turquia. A atriz que nunca perdeu o título de “deusa” na TV, independentemente do que faz em sua vida pessoal, está com uma aparência de quem vive uma prima-irmã de Rogéria, atriz e transformista que está brilhando em uma participação na novela das seis, “Lado a Lado”.

Com mais de 80 personagens no elenco principal, fora o de apoio e as participações, é até compreensível que alguns não estejam sempre em cena na novela das nove. Estranho é ver atores considerados do primeiro escalão sendo aproveitados esporadicamente como elenco de apoio, como é o caso de Jandira Martini (Vó Farid). E há aqueles que, mesmo pertencentes ao elenco periférico, ficam tanto tempo sem aparecer que somente quando surgem lembramos que fazem parte da trama, como André Gonçalves (Miro), Cissa Guimarães (Maitê), Elizângela (Esma) e Narjara Turetta (Buquê), entre muitos outros.

Glória Perez, no entanto, tem valorizado o trabalho das jovens Paloma Bernardi (Rosângela), Larissa Dias (Waleska), Dani Moreno (Aisha) e Yanna Lavigne (Tamar), que têm sempre garantida uma presença assídua nos capítulos, mesmo que em cenas menores. Ponto para as atrizes, que estão desempenhando bem seus papéis, embora suas personagens se encontrem geralmente em situações muito semelhantes e com textos repetitivos.

A justificativa da maioria dos autores de novelas que escalam um elevado número de atores é de que existe um tempo para cada núcleo ter o seu momento de destaque. A desculpa é convincente. Mas o que acontece invariavelmente nesses casos de excesso de personagens é que, quando chega o último capítulo da novela, a maioria deles fica sem ter um desfecho próprio. Todos acabam virando figuração para o final feliz, ou infeliz, dos protagonistas.

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

“Encontro Com Fátima Bernardes”: Mudanças são insuficiente para programa ganhar ritmo e apresentadora parece mais preocupada com o próprio visual


Como já aconteceu antes, as mais recentes mudanças anunciadas no “Encontro Com Fátima Bernardes”, exibido de segunda a sexta-feira nas manhãs da Rede Globo, fizeram pouca diferença no ar. O programa abriu essa semana, na segunda-feira (18), com as pessoas da plateia divididas em duas arquibancadas móveis que dão a sensação de que elas estão mais próximas dos convidados. A outra mudança, (pasmem!): Fátima Bernardes está com os cabelos mais curtos e fios claros, “para não cansar a imagem da apresentadora”, segundo os profissionais responsáveis pela “transformação” quase imperceptível. A sensação que dá é de que ela está mais preocupada com seu próprio visual do que em realmente repaginar a atração que comanda.

Há dois pontos positivos nesse aparar de arestas. Um deles é o corte nas histórias de superação, que pareciam ter saído do “A Tarde É Sua”. O outro é uma redução no espaço para o humor sem-graça de Marcos Veras. Vale lembrar que Victor Veras, outro humorista do programa, encerrou sua participação em dezembro, quando foi deslocado para o “Esquenta” dominical de Regina Casé.

As atrações musicais continuam no ar diariamente, mas a edição semanal em que elas ocupam a manhã inteira, que conta com a presença fixa do titã Branco Mello, passou de quinta para sexta-feira. Seria uma tentativa de “embalar” o público para o fim-de-semana. Só que falta espontaneidade, alegria natural e uma descontração genuína que a apresentadora não consegue ter diante das câmeras. Falta ginga e molejo a Fátima quando arrisca uns passinhos enquanto as bandas ou músicos cantam. Para todos os ritmos ela tem os mesmos passos forçados. Sua “dancinha” causa certa vergonha alheia. Sem falar que seus conhecimentos no assunto não são muito profundos. Saindo da ficha técnica que ela leva nas mãos, seus comentários se resumem a “Eu fui nesse show!”, “Eu me lembro dessa música”.

Mudanças no “Encontro” acontecem desde sua estreia, em 25 de junho de 2012. Naquele mesmo dia, a direção constatou que a luz no cenário, necessária para a projeção de imagens nas paredes, era muito escura, que a cor das cadeiras deveria ser em tom claro, porém mais alegre, e no conteúdo determinou que o espaço para debates fosse reduzido para incluir mais jornalismo. Poucos meses depois, chegou-se à (sábia) conclusão de que a ideia de se ter um tema para ser explorado na semana inteira tornava o programa ainda mais arrastado e repetitivo. Houve ainda uma troca na direção em setembro, quando Fabrício Mamberti, até então diretor-geral, entregou a função a Mário Márcio Bandarra, diretor de núcleo da emissora.

No conjunto, no entanto, o programa mantém o pecado original: o excesso de preocupação em ser politicamente correto e a postura natural, mas nitidamente formal da apresentadora. Bobagem insistirem em colocar a culpa pela audiência patinar e não conseguir consolidar os índices esperados no fato de ser um horário que havia consolidado um público infantil com desenhos animados. Se o produto final fosse realmente bom em todo seu conjunto, já teria conquistado o público alvo nesses oito meses no ar.

Não adianta ficar arrastando as cadeiras, mudando as cores dos estofados e explorando o elenco artístico da emissora se a jornalista não se ajusta como apresentadora num programa com esse formato. Por que não arriscar uma mudança radical? Que tal botar esse cenário abaixo, mandar essa plateia para casa e tirar Fátima Bernardes da zona de conforto?

Deu certo quando Angélica foi convencida de que não nasceu para ser a sucessora de Hebe Camargo, abriu mão das entrevistas que fazia no seu confortável sofá no estúdio no começo do “Estrelas” e reformulou todo o programa.



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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

“Bozo”: SBT acerta em reviver palhaço, sucesso no Brasil nos anos 80, repaginado, mas mantendo a mesma linguagem infantil e o clima de estripulia de outros tempos



Silvio Santos tem certa mania, ou prazer, de estar sempre remexendo no baú e trazendo de volta à programação do SBT reprises de novelas e atrações mexicanas, como “A Usurpadora” e o imbatível “Chaves”, ou produzir novas versões de atrações copiadas de décadas atrás. É o caso de “Bozo”, infantil que estreou nesse sábado (16), resgatando um palhaço criado foi criado em 1946 por Alan Livingston e que estreou na TV americana em 1949.  O SBT trouxe o infantil de volta através de acordo com a americana Larry Harmon Pictures Corporation, produtora que detém os direitos de imagem do personagem e traz no currículo o sucesso da dupla “O Gordo E O Magro”. No Brasil, o personagem chegou nos anos 80, virou franquia e ganhou vários intérpretes. Foram mais de dez. Um deles, Arlindo Barreto, filho da atriz Márcia de Windsor, quase denegriu a imagem do palhaço ao revelar em várias entrevistas ter usado drogas no período em que interpretava o personagem.

O “Bozo” que voltou ao ar no SBT traz a mesma versão nostálgica de décadas atrás, com uma linguagem simples inspirada naquela ingenuidade que havia nos programas infantis de antigamente. Flávio Carcini, que dirigiu o programa nos anos 80 e reassumiu a função agora, prometeu uma versão repaginada. Felizmente, a essência foi mantida e o que se viu foi o mesmo Bozo de sempre, irrequieto, atrapalhado e visual colorido. Ele continua acompanhado de Vovó Mafalda, Papai Papudo e o inventor Salci Fufú, personagens que formam a Família Bozo. Os três ganharam roupas novas, mas mantiveram o estilo extravagante original. Os atores precisam se soltar um pouco mais. O trio parece não estar se encontrando na bagunça que faz parte do roteiro. Os nomes dos intérpretes não são divulgados, por exigência da Larry Harmon Pictures Corporation. E, se é para não tirar a magia que os personagens provocam no imaginário infantil, para que estragar o mistério, né?

Em clima de gincana, acontecem provas disputadas por crianças, meninas contra meninos. São brincadeiras simples, mas que, numa tentativa de ser didática, estimulam o reflexo e a atenção dos concorrentes. Na plateia, 90 crianças de até 12 anos se dividem em dois lados: de um, todos vestem camiseta cor de laranja, do outro, usam camisetas azul. Essa harmonia de cores favorece a composição do cenário, que representa o picadeiro de um circo. Também há a bancada que traz de volta os quatro bonecos manipulados, Zecão, Lili, Maroca e Macarrão, que interagem com Bozo. Músicas antigas, como o clássico da abertura, “1, 2, 3... Vamos Lá” e “Bitoca No Meu Nariz”, foram regravadas, mas sem alteração nas letras nem no ritmo.

A estreia trouxe convidados, como o grupo de dança de hip hop Style, formado por adolescentes, e o mágico Issao Imamura, que fez um número de magia usando o desenho de uma borboleta. O truque foi simples, mas a mensagem que ele transmitiu às crianças, sobre o poder de transformação e incentivando a busca na realização dos sonhos, foi muito bonita. A mistura de desenhos animados antigos com novos foi eficiente. Já que a ideia é fazer um programa para toda a família, tem lá “Scooby-Doo”, “Tom e Jerry” e os divertidos Patolino, Pernalonga e Gaguinho no show dos “Looney Tunes”, para os adultos relembrarem suas infâncias, e os modernos “Monster High” e “Máskara”, para a garotada das gerações mais recentes.

O fim do primeiro programa aconteceu ao som de “Sempre Rir”, música que marca o encerramento das estripulias de Bozo e sua turma desde sua primeira aparição na TV, em 1949. E as crianças desceram da plateia para se divertirem no festival de “torta na cara” entre os personagens. A brincadeira é velha e batida, mas a garotada gosta. É isso que importa.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

“Globo Repórter”: Viagem ao Vale do Loire mostra competência de toda equipe do programa e Glória Maria realizando mais uma reportagem jornalística bem apurada



A viagem pelo Vale do Loire, território histórico e palco da corte francesa no século XVI no coração da França, mostrada no “Globo Repórter” dessa sexta-feira (15), pode ser incluída entre as melhores reportagens desse gênero feitas até agora por Glória Maria e toda a equipe do programa. As belas imagens captadas com um olhar artístico pelos cinegrafistas, a riqueza de informações pesquisadas e a produção impecável merecem receber elogios pelo conjunto do competente trabalho jornalístico.
O programa passeou por castelos imponentes, por áreas que ainda servem de refúgio para a vida selvagem, como cervos, javalis e carneiros da montanha que habitam as cercanias de Chambord, pelo castelo de Ussé, construído por vikings e que inspirou o clássico do cinema “A Bela Adormecida” e, navegando pelo rio Loire, a repórter Glória Maria mostrou o castelo de Chenonceau, pertencente à rainha de Médici, que tinha Nostradamus como um de seus conselheiros.

Entre outros tantos detalhes históricos explorados pelo programa está um palácio que o rei Francisco I deu a Leonardo da Vinci com uma ligação subterrânea de contato direto com o castelo Amboise. Obras do artista estão atualmente abertas à visitação do público em um parque cultural no qual se transformou o palácio de Clos Lucé.

Definitivamente, impossível não ter ficado com uma vontade tremendamente irresistível de fazer esse roteiro. E é preciso também ressaltar o talento que Glória Maria tem para conduzir esse tipo de matéria. Glória é uma jornalista que, com o histórico profissional que tem, poderia, sim, ter a ambição de ter um programa próprio. Ela já foi chamada até de “a Oprah brasileira” nas internas das redações. Também já apresentou o “Fantástico”, o “Jornal Nacional” e o próprio “Globo Repórter”, mas o que corre nas suas veias é mesmo o sangue de jornalista, de repórter. Diferentemente de Fátima Bernardes, que parece mais preocupada em ser ela o centro das atenções de seu programa, que leva no título seu nome e sobrenome, Glória mostra interesse no que o entrevistado tem a dizer, em cavar mais e mais informações para transmitir ao público.

É claro que a comparação é injusta. Glória sempre teve fama de celebridade, era cercada por celebridades sem precisar manifestar interesse em se infiltrar no rol e receber a alcunha de artista. Acima de tudo ela é jornalista, e transmite em suas reportagens o orgulho que sente disso.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

“Estrelas”: Ana Furtado se despede do programa após cinco meses repetindo mais do mesmo que Angélica sempre faz, sem tentar ousar imprimir um estilo próprio



Ana Furtado não chegou a ser um desastre à frente do “Estrelas”, na Rede Globo, ao substituir Angélica em seu período de licença-maternidade. A atriz e apresentadora se despediu do programa nesse sábado (9), mostrando que mais uma vez ficou à vontade na função. Ela havia assumido o mesmo posto em 2007, no período em que Angélica se afastou para o nascimento de seu segundo filho. As duas têm perfis parecidos, embora Angélica possua uma “estrela” própria e carregue a experiência de quem desde a adolescência comanda suas próprias atrações. No entanto, Ana perdeu a chance de ao menos tentar ousar mostrar um estilo próprio, diferente daquele batido que apresenta no “Vídeo Show”.

Nesses cinco meses de “Estrelas”, Ana errou a mão em algumas situações, como quando usou saia longa para acompanhar a atriz Nathalia Dill num passeio de bicicleta ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Figurino totalmente inapropriado para a pauta em questão. A culpa do erro, nesse caso, não recai apenas na produção e figurinistas, mas principalmente naquela que deve ser a maior preocupada com seu visual no ar.

Valeu a descontração em diversas reportagens, como quando a apresentadora interina levou José de Abreu para se livrar da barba de Nilo, personagem do ator que fez sucesso “Avenida Brasil”, após o fim da novela. Mais recentemente ela fez outra matéria divertida com Ney Latorraca, visitando junto com o ator um centro de tradições típicas do Japão em São Paulo. As entrevistas estavam longe de serem consideradas profundas, mas não fugiram às perguntas triviais que também fazem parte do repertório de Angélica.

Mas Ana teve um ponto que contou a seu favor, que foi o fato de ter degustado todos os pratos preparados no quadro de culinária, em que um artista convidado vai para a cozinha. Diferentemente da dona do programa, ela come carnes. Esse detalhe parece pequeno demais, mas faz a diferença. É constrangedor ver Angélica disfarçar pegando apenas os acompanhamentos e dispensando o prato principal preparado por seu convidado quando este é à base de carne vermelha ou de frango. O convidado, desavisado, fica totalmente sem jeito comendo sozinho.Fica feio para um programa que já lançou até livro de receitas pegando carona no quadro.

Findo o período de substituta, Ana deveria investir mais em se aperfeiçoar no papel de apresentadora-repórter do que ficar engessada num estúdio, como acontece no “Vídeo Show”. Na atração diária da emissora, a dobradinha que ela faz com André Marques está saturada e as tentativas da dupla de fazer graça soam forçadas demais. E tão cedo Angélica não deverá ter uma nova licença-maternidade...


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“Guerra dos Sexos”: Novela mostra ter identidade própria, mas se acomoda ao lançar mão de fórmula antiga e não oferecer situações que surpreendam o público



Há pouco mais de quatro meses no ar, “Guerra dos Sexos” vem se desvencilhando da pecha de remake e mostrando, há pouco mais de um mês, que realmente é outra novela, como havia prometido o autor Silvio de Abreu antes da estreia, em 1 de outubro. O começo realmente foi sofrível, com uma exagerada apelação ao estilo pastelão que marcou a primeira versão, escrita pelo mesmo novelista e exibida em 1983. A graça da cena antológica vivida por Fernanda Montenegro e Paulo Autran, há 29 anos, em que um jogava na cara do outro os alimentos que estavam na mesa do café da manhã, ficou para trás. E já está de bom tamanho ser lembrada cotidianamente através da animação da abertura.

Felizmente, o autor passou a dar uma cara realmente atual e moderna à história. Mas, infelizmente, peca ao seguir a antiga e cômoda linha linear na trajetória da maioria dos personagens, em que os maus passam a novela inteira sendo maus e só são desmascarados e punidos, ou não, no fim da novela. Os bonzinhos são eternamente benevolentes, solidários e passam a história inteira sendo enganados, para ganharem a medalha de heróis no último capítulo. Assim como os encontros e desencontros de pares românticos se arrastam numa repetitiva sucessão de cenas em que os diálogos são sempre os mesmos, apenas acontecendo em cenários diferentes.

É o que vem acontecendo principalmente com os indecisos Nando (Reynaldo Gianecchini) e Juliana (Mariana Ximenes) e a aprendiz de vilã Carolina (Bianca Bin). Nando ama Juliana, mas não tem coragem de se declarar. A desculpa é sua timidez e insegurança por ser de origem humilde. Só que ele consegue superar essa barreira social quando Roberta (Glória Pires) toma as rédeas do jogo e o pede em casamento. Ele aceita imediatamente e não parece fazer muito esforço para se mostrar feliz ao lado da rica e madura empresária. Juliana, por sua vez, também fica no mezzo a mezzo, entre o que sente por Nando e a antiga paixão por Fábio (Paulo Rocha). Ou seja, o que deveria incentivar uma torcida a favor de um ou outro personagem acaba gerando um desgaste que deixa margem a se pensar que, na verdade, Juliana e Nando são dois “bananas”.

A mesma repetitividade de situações estão cansando no enredo que envolve Carolina. Tirando uns tapinhas que a jovem ambiciosa e dissimulada levou de Lucilene (Thalita Lippi) e outros que vai levar de Vânia (Luana Piovani), a aprendiz de vilã está sempre saindo por cima nas armações que faz contra aqueles que são os “cabeças” da briga entre mulheres e homens poderosos, que, aliás, justifica o título da novela. Se ela realmente é “a” vilã da história, poderia levar uma rasteira pra valer e mostrar competência para se reerguer e voltar a atacar. É isso que movimenta uma trama. Caso contrário, Carolina está mostrando apenas que os protagonistas da história são bem incompetentes para estarem à frente de tal batalha.

Só para lembrar, “Avenida Brasil” foi um sucesso justamente porque, entre outros ingredientes, as ações não seguiam um curso que se podia prever com antecedência. Na novela de João Emanuel Carneiro, de repente, os personagens bons tinham seus cinco minutos de maldade e os maus tinham os seus de derrota. É essa ousadia em se jogar nas variações de humores e comportamentos que instiga o telespectador. É o que se vê também em “Lado a Lado”, novela das seis que, mesmo sendo de época, mostra estar em sintonia com o que agrada ao público dos tempos atuais. Mesmo se tratando de uma comédia, está faltando mais determinação nas ações e menos caras e bocas aos personagens dos dois lados do campo de batalha dessa “guerra dos sexos”.


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