quarta-feira, 29 de maio de 2013

Análise: Sucesso de três novelas mexicanas nas tardes do SBT levanta a questão sobre até que ponto altos índices de audiência refletem produtos com padrão de qualidade


O sucesso de três novelas mexicanas no SBT, “Rosalinda”, “Cuidado Com o Anjo” e “Rubi”, levou a emissora a não mudar sua programação na tarde desta quinta-feira (30), dia em que se comemora Corpus Christi. Há anos, nos feriados a grade costumava ser preenchida nessa faixa horária por filmes e desenhos animados. A vice-liderança que os três folhetins têm conquistado, no entanto, garantiram sua permanência no ar em datas em que se considera que haja uma baixa geral no número de televisores ligados.
A pergunta que fica no ar é até que ponto altos índices de audiência é suficiente para se definir o padrão de qualidade de um programa? A escolha do horário em que cada atração é exibida pode interferir, prejudicando ou ajudando, na média atingida no ibope. Grandes produções, geralmente minisséries, já registraram desempenho irrelevante no ibope por terem sido exibidas muito tarde da noite. Há ainda aqueles matinais que mal saem de um traço por estarem totalmente fora de sintonia nos assuntos que apresentam a quem acabou de acordar.

Já nesse caso da concorrência por audiência na parte da tarde, fica a dúvida se o gosto duvidoso é dos programas das emissoras ou do público. Enquanto a Rede Globo mantém sua liderança absoluta com o “Vale a Pena Ver de Novo”, atualmente reprisando a novela “O Profeta”, e os filmes da “Sessão da Tarde”, os dramalhões mexicanos do SBT deixam para trás, disputando o terceiro lugar, a Record, a Rede TV! e a Band.

No ar das 14h45 às 15h35, “Rosalinda”, protagonizada por Thalia, e “Cuidado Com o Anjo”, exibida entre 15h35 e 16h30, têm mais público do que “Programa da Tarde”, da Record, “A Tarde É Sua”, da Rede TV!, e os desenhos animados da Band. “Rubi”, apresentada entre 16h30 e 17h25, vence dos mesmos programas da Record e Rede TV! e do “Brasil Urgente”, jornalístico sensacionalista apresentado por José Luiz Datena na Band.

A comparação é desproporcional. Os três folhetins do SBT trazem muito dos mesmos componentes das histórias mexicanas: uma heroína romântica e sofredora, que invariavelmente é a personagem-título da trama, que sofre muito por amor, por conflitos familiares, por traições de amigas e toda uma série de infortúnios que só acabam no último capítulo com um final feliz para os bons, e infeliz para os vilões. 

Concorrendo com os enlatados estão, além dos desenhos da Band, dois programas que, apesar do mérito de serem produzidos aqui e apresentados ao vivo, não primam pela melhor qualidade de conteúdo. Na Rede TV!, há sete anos Sonia Abrão comanda o “A Tarde É Sua”, que flutua entre o mórbido do mundo do crime e os clichês do universo das celebridades e das novelas, além dos dramas da vida real relacionados a algum “famoso” de terceiro escalão.

Já na Record, Britto Júnior, Anna Hickmann e Ticiane Pinheiro tentam mostrar muita descontração na apresentação do “Programa da Tarde”, que mistura fofocas de celebridades, entrevistas-jogos com artistas da casa, serviço de defesa do consumidor com Celso Russomano e um concurso bizarro chamado “Dança dos Anões”. A miscelânea ainda não é o pior. Difícil é agüentar a pouca naturalidade dos apresentadores, forçando a barra na disputa entre quem é o mais (ou seria o menos?) “engraçadinho”.

Talvez a ideia de manter as novelas mexicanas no feriado não renda melhores resultados, mas é bem provável que não seja pior do que as duas principais concorrentes que nesses dias, copiando o SBT, também passaram a substituir o “ao vivo” por coletânea gravada de momentos das edições de programas que já foram ao ar.


Mais SBT em:

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terça-feira, 28 de maio de 2013

“Vídeo Show”: Programa acerta ao voltar a reprisar episódios de “Rosto a Rosto”, talk-show de Alberto Roberto, personagem de Chico Anysio criado há 17 anos

Chico Anysio continua sendo um coringa que ganha qualquer jogo ao ter qualquer um de suas centenas de personagens relembrado em qualquer programa. Mas, sem dúvida, Alberto Roberto, que voltou ao ar no “Vale a Pena Rir de Novo” do “Vídeo Show” é um dos mais clássicos dos clássicos do artista. Na terça-feira (21), foi reprisada a divertida dobradinha que ele teve com Lima Duarte em 1999, ou Lima “Do Alto”, como chamou o ator que enlouquece seus entrevistados perguntando incessantemente “Por quê? Por quê?”. “Lembrei que você fez o Zeca Demônio!” e a pergunta “Gostou do inferno?”, foram apenas algumas das pérolas ditas por ele. E os dois encerraram o quadro cantando e dançando abraçados.

Já nessa terça-feira (28), a “Entrevista da Semana”, exibida, feita no mesmo ano da anterior, trouxe de volta a atriz Gabriela Duarte, ou “Gabriela, ex-cravo e cão nela”, como chamou Alberto Roberto. “Eu sou do século masculino. E você é de qual século?”, questionou ele diante de uma atriz estupefata. É simplesmente uma delícia rever o trabalho de Chico Anysio em qualquer momento de seus mais de 50 anos de carreira. Assim como é contagiante a brilhante dobradinha que ele fazia com o ator Lúcio Mauro, no papel do contra-regra Da Júlia, que está sempre tentando salvar a lavoura, mas não consegue conter o ego exacerbado do “artista”.

Essa é apenas mais uma vez em que o “Vídeo Show” revive o “Rosto a Rosto”, paródia do talk-show exibido dentro do “Zorra Total” de 1999 a 2002. Nele, convidados eram surpreendidos com perguntas invasivas feitas de uma forma audaciosamente engraçada, quase ridícula. A maioria dos artistas convidados era de renome e estava em algum momento de destaque em seus trabalhos. Mas todos, respeitosamente, entravam no clima do jeito Alberto Roberto de ser. Entre as entrevistas já tiradas do baú no quadro “Vale a Pena Rir de Novo” estão as com a apresentadora Angélica e com a atriz Marisa Orth, relembradas em 2011.

Chico estreou o personagem em 1996 no “Chico Total”, programa dele que teve o título copiado pelo “Zorra”. As primeiras falas de Alberto Roberto já mostraram a que ele tinha vindo: “Não me venha com a problemática, me traga a solucionística. Um símbalo sexual, um ator que é o másquimo não pode ficar muito tempo fora do ar”, contracenando com Dennis Carvalho, fazendo o papel dele próprio como diretor do “Hastro” e o também saudoso ator Luiz Carlos Tourinho aparecendo como o contra-regra da cena.

O “Vídeo Show” deveria criar o quadro “Chico Show”, relembrando personagens sugeridos pelos internautas. Com certeza seria mais uma forma de reverenciar um artista completo e que serve de exemplo a qualquer ator, humorista, comentarista, compositor, diretor... E de qualquer época.


Mais Chico Anysio em:

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

“Morning Show”: Com apresentadores desconhecidos e exagerando no estrelismo, programa ignora sua classificação indicativa ao mostrar uma cena tórrida de beijo gay

Estreia dessa segunda-feira (27) na Rede TV!, o “Morning Show”, anunciado pela emissora como um “informativo” que tratará os assuntos com descontração, fez lembrar o extinto “Muito+” que Adriane Galisteu comandava ao lado de ilustres desconhecidos nas tardes da Band. O novo matinal faz pior: não traz nenhum conhecido do grande público. Em uma bancada estão o radialista e “especialista” em fofocas sobre celebridades Thiago Rocha, o publicitário e humorista Patrick Maia, a ex-“Chiquititas” Renata Del Bianco, a ex-Angeliquete Micheli Machado, e, como mediador da mesa o radialista Zé Luiz, que, para situar melhor, faz a campanha publicitária das Casas Bahia.

Ao vivo, diretamente de São Paulo, o programa que começou às 8h30, com uma hora de duração, abriu fazendo um breve histórico de quem era cada um dos apresentadores. Até ai tudo bem, pelo menos reconhecem que são iniciantes diante das câmeras no comando de uma atração própria. Mas houve certo exagero na tentativa de serem divertidos e engraçados o tempo todo. Em alguns momentos Zé Luiz parecia ter encarnado o estilo Marcelo Tas e seus parceiros no “CQC”.

As “notícias do dia” comentadas, sempre em tom de irreverência, foram sobre homens colocando botox para conseguir emprego na Espanha, uma loja francesa dando descontos a clientes que fossem às compras vestindo apenas lingeries, a confusão ocorrida nas agências da Caixa Econômica Federal no Brasil, semana passada, devido a boatos do fim do Bolsa Família, e o soco que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, deu em um músico em um restaurante após o mesmo tê-lo chamado de “bosta”.

No momento da leitura dessa nota sobre o agredido pelo prefeito, Bernardo Botkay, conhecido como Botika, Patrick tentou ironizar dizendo: “Essa nota tem que ser corrigida, onde está ‘conhecido como Botika’ deveria ser ‘também conhecido como Nada’”. Como se ele próprio fosse famoso como humorista. Já Micheli e Renata pareciam deslumbradas com as câmeras e não paravam de fazer caras e bocas quando eram focadas.

Teve ainda reportagem feita na Marcha das Vadias, que aconteceu em São Paulo; um passeio pela internet mostrando o vídeo de uma mulher fazendo ginástica na sala de sua casa e, no canto, aparecia um homem sentado numa privada no banheiro; a participação do público por telefone tentando adivinhar quem era o famoso na foto mostrada de um menino; uma piada com o celular de Sônia Abrão que tocou quando ela estava no ar no “A Tarde É Sua”, e um sósia do jogador Neymar, que faz parte da produção do programa. Ou seja, uma coletânea de plágios do que já há em outras atrações, só que em outros horários.

Eles também fizeram algumas provocações à Rede Globo, primeiro fazendo insinuações maldosas sobre os apresentadores André Marques e Fausto Silva e o músico-ator Léo Jaime num quadro sobre famosos gordos. Lançaram até a campanha “Fecha a Boca Faustão”, porque, segundo eles, além de o apresentador não deixar os convidados falarem, está voltando a engordar. E no “momento fofoca”, debateram sobre um “quebra-pau na novela das 21h: Antonio briga com Susana Vieira”. O ator teria reclamado de um atraso da atriz e o clima teria ficado tenso entre eles.

Mas, a maior apelação mesmo ficou por conta do suspense criado de uma cena "exclusiva" que seria mostrada de um beijo gay de Félix (Mateus Solano) em “Amor à Vida”. “Temos a cena”, garantia Zé Luiz. No último bloco, veio a “revelação”. “O Walcyr Carrasco (autor da novela das 21h da Globo) escreve lá e os ‘cara’ não mostram”, exagerou Thiago Rocha. E, em seguida, exibiram uma cena em que Mateus Solano e o ator Paulo Lontra dão um beijo de boca numa cena ousada em “Novela das 8” em que interpretam dois homossexuais. O filme do diretor Odilon Rocha é de 2011, mas voltou a ser comentado através dessa sequência postada no Youtube, na carona do personagem de Solano na novela da Globo.

Além do alarme falso, fica no ar uma questão: se o programa tem como classificação indicativa do Ministério da Justiça como “livre para todas as idades”, como justificar exibirem uma cena tórrida entre dois homens num beijo gay antes das 9h30 da manhã? Não é uma questão de preconceito, mas de bom senso.

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domingo, 26 de maio de 2013

“Esquenta”: Programa exagera no anúncio de atrações desatualizadas, chamando Latino como autor da abertura de “Avenida Brasil”, a novela da vida de Regina Casé



Regina Casé volta a acompanhar a falta de atualização de sua produção ao apresentar fatos ultrapassados e, pior, equivocados no seu “Esquenta”, da Rede Globo. No programa desse domingo (26), a apresentadora exaltou a presença de Latino atribuindo a ele ser o responsável do tema de abertura de “Avenida Brasil”, trama de João Emanuel Carneiro que foi ao ar em 2012. “A novela que eu mais amo na minha vida”, exagerou ela.

E logo em seguida o cantor começou a cantar “Vem Dançar Kuduro”, quando, na verdade, o tema de abertura da novela de João Emanuel Carneiro era a primeira versão para o hit do Kuduro do português Lucenzo, chamada "Dança Com Tudo", cantada por Robson Moura. Latino nada mais fez do que a versão da versão. E continua colhendo os louros às custas do outro.

Fora essa desinformação, foi estranho ouvir Regina dizer, aos 59 anos de idade e com quase 40 anos de carreira, que “Avenida Brasil” foi a melhor novela de sua vida. Muitos títulos, com certeza, passaram despercebidos a ela nas últimas décadas.

Depois de tanto tempo, já era hora de a apresentadora e sua produção tomarem conhecimento desses “detalhes”. Já tinha comentado sobre essa “pequena falha” de atualização de Regina demonstrada em um programa anterior:

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sábado, 25 de maio de 2013

“Sangue Bom”: Autores extrapolam com insinuações sobre Cigano Igor que poderiam ser cômicas se não estivessem há duas décadas superadas, já que outros surgiram depois e continuam no ar


Maria Adelaide Amaral e Vincent Villarin não só pegaram pesado como também erraram na mão ao colocar em “Sangue Bom”, novela da Rede Globo de sua autoria, uma piada fora de época e totalmente desnecessária ao voltar a colocar Ricardo Macchi a uma exposição vexatória que já o atormentam há quase três décadas por sua estréia em novelas como o Cigano Igor de “Explode Coração”.  No folhetim das sete, Madá, a personagem pirada de Fafy Siqueira, debocha de sua filha, a atriz decadente Bárbara (Giulia Gam) com a afirmação: “Você não foi capaz nem de fazer par com o Cigano Igor”.

A citação foi uma referência à criticada atuação de Macchi na trama de Glória Perez exibida em 1995. Vamos combinar que, depois dele, muitos outros atores nem tão providos de talento assim têm povoado as novelas da emissora no papel de protagonistas. Por que não citar esses mais recentes? Aliás, bem atuais. Ou, para ser mais elegante, homenagear outros autores citando personagens marcantes em outros trabalhos? 

É bom lembrar que a história de Maria Adelaide e Vincent, com direção geral de Carlos Araújo e núcleo de Dennis Carvalho, tem como uma de suas vértices fazer uma crítica à fama fácil e instantânea. Esquecem-se, no entanto, que a própria emissora em que trabalham é uma das maiores chocadeiras de “celebridades da mídia” nascidas na estufa da casa do “Big Brother Brasil”. E esquecem-se de que têm no elenco de sua novela Ellen Roche, ex-Casa dos Artistas, do SBT, que foi casada com Macchi durante oito anos, e aposta apenas nos seus atributos físicos para viver uma Mulher Fruta, a Mangaba. Cadê a cobrança de seu talento dramatúrgico?

Maria Adelaide Amaral sempre foi uma das escritoras que mais mereceram minha admiração por seus textos memoráveis, principalmente em minisséries como “Os Maias”, “A Casa das Sete Mulheres” e “Dalva e Herivelto –Uma Canção de Amor”, entre tantos outros trabalhos, mas dessa vez, em “Sangue Bom”, ela errou na mão.




Mais "Sangue Bom" em:

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Análise: Comediantes como Fafy Siqueira, Fabiana Karla e Castrinho provam que atores como eles têm talento para fazer personagem também fora de humorísticos


Atores que encaram a profissão usando o que eles têm de melhor, o humor, sabem o quanto é difícil não abrir mão desse talento e ao mesmo tempo não ficar preso a apenas programas humorísticos. Três novelas recém estreadas, “Sangue Bom” e “Amor à Vida”, na Rede Globo, e “Dona Xepa”, na Record, estão voltando a dar abertura a esses profissionais, embora apelando ainda por seus lados cômicos. Lá estão, respectivamente, Fafy Siqueira, Fabiana Karla e Castrinho, interpretando personagens com história, e não apenas partes de esquetes.

Na novela das sete da Globo, Fafy Siqueira é um dos maiores exemplos de superação do rótulo. A atriz tem extensa carreira em participações na dramaturgia, como nas minisséries “Dalva e Heryvelto – Uma Lição de Amor” (2010), em que fez uma participação como Dercy Gonçalves, e em “Dercy de Verdade” (2012), na qual viveu a personagem-título na fase madura. Mas, para o grande público, ainda é mais conhecida por suas imitações em programas de humor, como as que faz de Roberto Carlos e Ronald Golias. Na atual trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, Fafy entrou como Madá, a mãe doidivana de Bárbara (Giulia Gam). Em suas cenas, a atriz já prometeu estar pronta para levar graça também para o folhetim.

No horário nobre da mesma emissora, Fabiana Karla, cuja personagem no “Zorra Total” tem o bordão “Pode. Não Pode”, exerce na trama de Walcyr Carrasco a missão de guardar o segredo sobre Paula (Karla Castanho), a filha de Paloma (Paolla Oliveira) adotada por Bruno (Malvino Salvador). A leveza de Perséfone estará no fato de ser uma mulher madura que ainda é virgem e está à espera de um grande amor.  

Já na Record, Castrinho, que participou de muitos humorísticos da Globo, como “Escolinha do Professor Raimundo”, tem tido várias oportunidades na emissora em novelas, como já aconteceu em “Bicho do Mato” (2006) e “Poder Paralelo” (2009), agora ganha mais um espaço na dramaturgia com o italiano Ângelo, dono de uma padaria na nova versão de “Dona Xepa”. É mais uma oportunidade de sair de um nicho fechado.

Vale lembrar que esse é um estigma que foi bravamente derrubado por Chico Anysio, um ator completo que perambulava pelo drama com a mesma competência com que saltitava na comédia. É uma questão de escolha. É uma questão de oportunidades. É uma questão de postura. E de talento e vocação.






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quarta-feira, 22 de maio de 2013

“Dona Xepa”: Angela Leal traz modernidade e transmite verdade na personagem-título da novela da Record em personagem que foi criada para o teatro há mais de 60 anos


Angela Leal, no primeiro capítulo da versão atual de “Dona Xepa” que foi ao ar nessa terça-feira (21) na Record, deu mostras de ter vestido a modernidade da personagem-título da novela que foi um marco na Rede Globo em 1977, tendo no papel a saudosa atriz Yara Cortes. A atriz encarnou uma feirante repaginada que, antes de ser considerada uma barraqueira, é uma defensora dos próprios direitos condizentes com o que a categoria conquistou ao longo dos anos. E o faz de uma forma equilibrada, sem um histrionismo que pareceria exagerado em qualquer tempo.
   
É a primeira novela de autoria própria escrita por Gustavo Reis, com direção de Ivan Zettel e inspirada no texto criado para o teatro, e que agora ganha novos elementos. Como Dafne (Roberta Portella), uma mulher-fruta sendo “rifada”. Qualquer semelhança com fatos da vida real não é mera coincidência. Thaís Fersoza parece mais segura ao fazer Rosália, a alpinista social filha de Xepa, secretária de um escritório de arquitetura no qual é amante do patrão.

Nos demais núcleos, houve pouco espaço para apresentação na estreia. Mas pelas poucas cenas em que apareceu já se percebeu que Benvindo Cerqueira vai roubar muitas cenas na feira. Já Luiza Tomé está fora de época usando aquela peruca de boneca Suzy. Ou seria essa a real visão de mau gosto dada a peruas paulistanas, excêntricas e que adoram ostentar riqueza, por mais que elas nem sejam tão ricas assim? Fica a dúvida.

É sempre bom lembrar que “Dona Xepa” é uma peça teatral escrita por Pedro Bloch em 1952; ganhou uma versão cinematográfica em 1959 com Alda Garrido no papel principal; 18 anos depois teve Yara brilhando no papel na televisão, na TV Globo, e agora, passados 36 anos, continua atual na versão da Record. Acima de tudo, a história vem provar que mostrar a classe C não é uma tendência das novelas atuais, já que os menos favorecidos na pirâmide social vêm sendo mostrados nos folhetins há décadas. Inclusive sendo o núcleo central da trama.




terça-feira, 21 de maio de 2013

“Amor à Vida”: Estreia tem texto ágil e ousado e direção e iluminação valorizados pela escolha de ter suas primeiras cenas gravadas no santuário que é Machu Picchu

Walcyr Carrasco não poderia ter feito escolha melhor ao abrir “Amor à Vida”, novela das nove de sua autoria que estreou nessa segunda-feira (20) na Rede Globo, em uma série de sequências gravadas em Macchu Picchu, o sítio arqueológico que pertenceu à civilização Inca, no Peru. A beleza, a magia e a luz do lugar enriqueceram a história, que mostrou um texto rico e ágil e uma direção detalhista coroada por uma estética sombria e ao mesmo tempo vibrante. Sem dúvida Wolf Maya, diretor de núcleo, e Mauro Mendonça Filho, diretor-geral, capricharam nesse primeiro capítulo. E, melhor ainda, tudo indica que não haverá um “núcleo peruano”. Ponto para a nova novela que sepultou de vez qualquer período de luto em relação a sua antecessora.

No elenco, Juliano Cazarré deu um salto ao voltar ao ar num curto espaço de tempo interpretando Ninho, um mochileiro riponga tão pobre quanto era o Adauto de “Avenida Brasil”, mas com uma densidade mais profunda e bem trabalhada dentro de toda a filosofia desapegada com que o personagem encara a vida. Paolla Oliveira se deslocou bem nos dois momentos em que sua protagonista, Paloma, abre mão da vida burguesa, vai para o mundo em nome de uma paixão à primeira vista, volta para casa grávida e acaba tendo sua filha roubada pelo próprio irmão, Félix, o vilão-mór vivido por Matheus Solano.

Matheus, por sinal, brilhou na maioria das cenas, equilibrando muito bem as nuances do personagem, um obcecado pela idéia de ter nas mãos o poder e a riqueza de sua família custe o que custar e que, ao mesmo tempo, os indícios de que não é tão machão quanto tenta parecer para sua mulher, a estilista Edith (Bárbara Paz). Em sutis trejeitos e olhares, o ator deixou no ar um sinal de sua bissexualidade. Mas o melhor são as pérolas de suas frases, como “Salguei a Santa Ceia”, “Genética não tem nada a ver com cabelo pintado”, “Não acha. Ninguém perdeu nada” e “Chamando seu irmão de touro vão achar que você é uma vaca”. O autor e seus colaboradores estão caprichando nas falas de Félix.

Malvino Salvador, por sua vez, teve nas mãos cenas extremamente fortes no papel de Bruno, um homem que perde a mulher e o filho no parto. Mas corre o risco de se tornar mais um “herói” babaca. Não convenceu ele se preocupar mais em continuar na faculdade enquanto a mulher continuou trabalhando para sustentar o casal mesmo enfrentando uma gravidez de risco por ter pressão alta. Pior, ele nem questionou a decisão dos médicos de fazerem um parto normal diante dos resultados preocupantes feitos pela mulher durante toda a gestação. No mais tem Antonio Fagundes, Suzana Vieira, Ary Fontoura e tantos outros veteranos que ainda vão surgir repetindo o que sempre fizeram de melhor.

Também não há como não identificar uma semelhança absurda da sequência em que Ninho foi preso com drogas em um aeroporto na Bolívia com as cenas de “Expresso da Meia-Noite”, filme de Alan Parker de 1978 que, coincidentemente, se passava na Turquia, cenário de “Salve Jorge”, novela antecessora no horário. Para quem viu o filme percebeu que a sonoplastia usou o mesmo recurso do som de suspense usado no cinema.

Quanto à abertura, é um belo trabalho de animação gráfica, mas ficar oito meses ouvindo Daniel cantando “Maravida” é o auge do teste de resistência à breguice. Melhor teria sido colocar “Meu Novo Mundo”, do Charlies Brown Jr., que está na trilha da novela, mas, por mais contraditória que poderia ser, seria uma homenagem mais consistente ao poeta Chorão e um tema bem mais cativante para se ouvir todas as noites durante meses.





“Sangue Bom”: Malu Mader amadurece com o mesmo talento de tantas atrizes que na juventude já foram as mocinhas da história e continuam brilhando em núcleos periféricos


Malu Mader está se sobressaindo no desafio de viver sua primeira mulher do povo em “Sangue Bom”, novela das sete da Rede Globo em que interpreta a garçonete Rosemere. O figurino simples, a pouca maquiagem e as atitudes pouco requintadas ajudaram a atriz a se afastar de vez da imagem das personagens sofisticadas, elegantes e de fino trato que permearam seus 30 anos de carreira na televisão.

É natural que cause alguma estranheza ver Malu atuando como coadjuvante em um folhetim protagonizado por um elenco de jovens, como Sophie Charlotte, de 24 anos, e Isabelle Drummond, de 19, já que nos anos 80 e 90 era ela que lançava tendências na moda e de comportamento. No entanto, a atriz está mostrando saber amadurecer com o mesmo talento de outras atrizes hoje consideradas veteranas, mas que já foram as mocinhas das histórias.

Na novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, Rosemere é uma supermãe guerreira, que não se intimida e arregaça as mangas para sustentar sozinha o filho adolescente, Felipinho (Josafá Filho), fruto de um relacionamento que ela teve no passado com Perácio, interpretado por Felipe Camargo, ator com quem Malu contracenando há 27 anos, formando um par romântico que fez sucesso na minissérie “Anos Dourados”. Pontua bem a passagem de tempo para os dois e foi boa ideia terem  "batizado" de Felipinho o filho de seus novos personagens na ficção.

Fazendo uma retrospectiva profissional da atriz, como não se lembrar da deslumbrante Wal, filha de Jacques Lèclair (Reginaldo Faria) na versão original de “Ti Ti Ti” (1985), a ousada Cláudia de “Fera Radical” (1988), a elegante Duda de “Top Model” (1989), a poderosa Diana de “A Justiceira” (1997)? E há ainda a questão pessoal de ela estar no atual trabalho dividindo elenco com Giulia Gam, a intérprete da deslumbrada Bárbara Ellen, que na vida real é ex- mulher do marido de Malu, Tony Bellotto. Mas já são águas passadas. O que vale é o momento atual de novos desafios e superação total. 



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domingo, 19 de maio de 2013

“Esquenta”: Programa acerta quando aposta em edições temáticas, mas apresentadora exagera nas caras de surpresa até mesmo com "novidades" que já se tornaram velhas

A equipe do “Esquenta” acerta quando vem com um programa temático, como aconteceu nesse domingo (19), em que o assunto foi a internet e suas modernidades. Estavam lá a senhorinha que esbanja vigor com suas coreografias diante da tela de um game dançante, a adolescente que conseguiu reverter a má administração de sua escola através de denúncias nas redes sociais e a deficiente visual que exaltou os benefícios que os livros virtuais trouxeram para ela e outros iguais a ela.

Já Regina Casé se mostrou desinformada ao receber a atriz Nanda Costa, intérprete da Morena, protagonista de “Salve Jorge”. A apresentadora ficava surpresa a cada comentário feito pela atriz da novela de Glória Perez que chegou ao fim na sexta-feira (17). Tudo bem que o programa foi gravado antes, mas esse delay deveria ter sido previsto antes. Rolou até um “Está arrebentando na novela”, de Regina para Nanda. Como assim? Está? Se a novela já acabou...

 Apesar de pouco explorada, valeu a novidade do funk gospel, e a presença de Luísa do Canadá que, apesar de tirada do fundo do baú, trouxe a "novidade" de ter recebido agradecimentos do governo canadense por ter colocado o nome do país no top dos acessos da internet. Bom, fico em dúvida se isso chega a ser realmente uma novidade. Mas dúvida maior é o que os atores Fernanda Paes Leme e Marcelo Serrado faziam como figurantes de luxo no programa. Substitutos de Preta Gil no papel de celebridades no cenário? Sei não...