domingo, 31 de março de 2013

“TV Xuxa”: Especial pelos 50 anos de vida supervaloriza tempo de carreira, mas vale pelos atos de filantropia da apresentadora


Pedro Bial parecia estar apresentando a final da cinquentagésima edição do “Big Brother Brasil”. Maria da Graça Meneghel parecia estar conclamando sua aposentadoria. E tudo transcorreu em clima de festa. Merecida, sim, se Xuxa estivesse completando 50 anos de carreira. Mas 50 anos de idade soa como um festim falsamente programado.

O programa foi bem feito, momentos de emoção, edição caprichada, tudo bem, mas eram 50 anos de aniversário de vida, não de carreira. Não lembro de ter assistido a um especial pelos 50 anos de vida de Tônia Carrero, Laura Cardoso, Fernanda Montenegro, Tony Ramos, Antonio Fagundes e tantos outros muito mais importantes para o cenário artístico.

Como pedia o momento, muitos elogios, muita exaltação, e divulgação de seu lado humanitário. Precisava? Se a intenção é ajudar sem compromisso esse marketing poderia até ter soado como um “faço o bem e olho a quem”. Mas, o que importa é que Xuxa faz o bem também! E que bom termos pessoas como ela tendo coragem de divulgar e assim tornando-se exemplos. Que tal outros artistas sairem do esconderijo e divulgarem o bem que fazem e assim servirem de exemplos?

Ou será que esses outros não contribuem sem um cachê em troca?



sexta-feira, 29 de março de 2013

“Agora É Tarde”: Danilo Gentili se perde na mesmice das suas mesmas piadas rasas quando há assunto sério a ser discutido


Danilo Gentili não quis, ou não pode, se comprometer, e fez uma entrevista corriqueira com um convidado que atualmente gera a expectativa de declarações e perguntas igualmente contundentes no “Agora e Tarde” dessa quinta-feira (28), na Band. Ao receber para entrevistar Marco Feliciano (PSC-SP), o pastor deputado que tem pedida a exumação de sua indicação à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara os Deputados, é acusado de racismo e homofobia, Danilo fez o que há de pior: não quis se comprometer.

Suas perguntas foram pouco inteligentes, não soube contestar, não se posicionou. Ele até tocou em temas como o aborto, pesquisas com células-troncos, união homoafetiva e a pressão que o parlamentar tem sofrido para deixar o cargo político. Mas deixou sempre muito mais espaço para Feliciano tentar se defender, dizendo que não tem nada contra os gays. “Se eu tivesse um filho gay, daria muito amor a ele. Afinal, filho é filho”, amenizou o deputado. Sobre a acusação de racismo, o deputado amenizou: “Não sou racista, apenas escrevi uma afirmação bíblica que os negros foram amaldiçoados por Noé!”.

Para piorar, o programa tentou amenizar o assunto mostrando vídeos com tom de ironia do deputado Marco Feliciano na internet. Lamentável levar apenas para o lado do humor um assunto tão sério como esse. Que Danilo Gentili entenda que, a exemplo de Chico Anysio, não se pode na TV se render unicamente ao humor nos palcos. Ele precisa perceber que na TV a piada única e exclusivamente não se sustenta por si só.


quinta-feira, 28 de março de 2013

“Dia Dia”: Band erra feio na receita ao levar ao ar de manhã cedo programa de culinária que inclui pratos gordurosos e de frituras

Não é nada agradável ligar a televisão de manhã cedo, no horário do café da manhã, e dar de cara com um prato de lombo de porco mergulhado em um molho gorduroso à base de cerveja preta, acompanhado de arroz e chuchu em uma porção exageradamente bem servida. Pois foi essa a receita dada por Daniel Bork nessa quarta-feira (27) no “Dia Dia”, da Band, que vai ao ar às 8h. O apresentador é um chef de mão cheia e suas receitas são práticas e geralmente ele equilibra pratos simples com sofisticados. O problema está no horário, que faz “desandar” o apetite do telespectador.

Há um ano, a Band tirou o programa do fim das manhãs e colocou no lugar o “Band Kids” para concorrer com os desenhos animados do “Bom Dia & Cia” do SBT. De olho apenas na audiência, prejudicou a atração. Até mesmo no “Mais Você”, que começa às 8h30 na Globo, Ana Maria Braga deixa para dar a receita na parte final do programa, que termina às 10h. No “Hoje Em Dia” da Record, que entra no ar às 10h, Edu Guedes só prepara seus pratos após as 11h30. Não justifica a ideia de colocar o “Dia Dia” entre um telejornal, o “Primeiro Jornal”, e um programa de variedades, já que agora ele concorre com jornalísticos das outras emissoras.

Uma pena ver uma atração que foi criada há 15 anos e que já teve vários formatos e apresentadores como Olga Bongiovani, Lorena Calábria e Patrícia Maldonado, entre outros, ser tratada dessa forma. Antes de assumir a apresentação, Daniel Bork  comandou um quadro de culinária no extinto “Bem Família”, também na Band, que foi ao ar de 2007 a 2009, e também ganhou um programete com o mesmo nome do quadro, "o "Receita Minuto". Agora, o "Dia a Dia" corre o risco de sair do ar pela baixa audiência. E, pelo horário em que ele foi jogado, a direção da emissora parece não estar muito interessada em salvá-lo.  




Mais programa de culinária em:

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/07/programa-da-palmirinha-emocionada-e.html 


terça-feira, 26 de março de 2013

“Flor do Caribe”: Novela atual repete o que foi visto em outros tempos e não preenche lacuna deixada por “Lado a Lado”, que era de época, mas revestida de modernidade


“Flor do Caribe”, novela das seis da Rede Globo, é atual, mas com um roteiro que parece baseado em uma história digna dos folhetins escritos nos tempos de Glória Magadan (escritora cubana que foi a mais importante novelista na TV brasileira nos anos 60). Não convence um amigo mau forjar a morte do seu camarada de infância bonzinho para ficar com a noiva ingênua e romântica dele. É o foco central que envolve o triângulo formado Alberto (Igor Rickli), Cassiano (Henri Castelli) e Ester (Grazzi Massafera). Se Alberto é tão mal realmente, deveria ter matado de vez Cassiano e não dar o aval de burrice deixando o outro vivo, apenas preso e encurralado pela máfia caribenha. Claro que o outro já conseguiu fugir e agora armará sua vingança contra seu rival.

Não basta ser uma “novela solar” - repetindo uma expressão exaustivamente batida para qualquer história ambientada em praias do Brasil, do Caribe ou de outros litorais. É preciso também acertar o ritmo e colocar mais salsa e rumba nas cenas. Está tudo muito previsível. Em tempos em que a mídia antecipa muito do que vai acontecer nos próximos capítulos, é preciso agilidade, criatividade e jogo de cintura não só por parte dos autores, mas também dos atores, diretores e todo o entorno de uma produção. Por enquanto, a trama que realmente deu sinal de trazer um conteúdo dramático, com elementos inteligentes e surpreendentes é o de Samuel, mais um personagem marcante de Juca de Oliveira.

Impossível não sentir falta de “Lado a Lado”, uma novela de época, que se passava no começo do século 20 que vinha recheada de informações históricas, tramas surpreendentes e situações inovadoras a cada capítulo. Lá, embora costurada em cima de muitos fatos reais, nada era previsível. E até o previsível conseguia surpreender.

Diferentemente de “Flor do Caribe”, que tem um protagonista e um antagonista brigando pela mocinha, na anterior Zé Maria (Lázaro Ramos) e Edgar (Thiago Fragoso) eram amigos de verdade e dividiam o posto de mocinhos da história. Gritante também a diferença em relação ao papel principal feminino. Na novela atual ele é ocupado apenas por Ester, a frágil e desocupada mocinha. Bem diferente de Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano), as mulheres sofridas, mas guerreiras que estavam à frente de seu tempo.

Enquanto “Lado a Lado” era uma novela de época revestida de modernidade, “Flor do Caribe” é atual, porém com muito do mesmo do que já vem sendo visto há tempos.



Mais "Flor do Caribe" em:

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/03/flor-do-caribe-sergio-mamberti-e-juca.html


segunda-feira, 25 de março de 2013

“Domingão do Faustão”: Gaia e Fiuk formam dupla exemplar de relacionamento entre dono e animal de estimação e fazem por merecer vencer o quadro “Cachorrada Vip”


Se há uma coisa que o quadro “Cachorrada Vip” do “Domingão do Faustão”, da Rede Globo, tem a mostrar é como artistas donos de bichos se comportam realmente com seus animais. Como se trata de uma competição valendo um carro zero quilômetro, é visível perceber quem coloca a disputa acima do carinho que dispensa a seu cachorro e quem não está mirando mais o prêmio. Por isso, foi justa a vitória nesse domingo (24) de Gaia, a cadela da raça border collie do cantor Fiuk, já que ele foi o famoso que mais demonstrou cobrar com firmeza, sim, do animal, mas de forma carinhosa.

Já Carmo Dalla Vecchia, segundo colocado com sua parson Russel Rosa Maria, ou Rosinha, demonstrou estar tenso e com certa austeridade. O ator pode até ter prejudicado o desempenho de sua cachorra, que tinha tudo para vencer, por causa de sua sede de vitória. Percebia-se claramente o nervosismo de Rosinha, com seu olhar doce e cativante, acuada pela cobrança do dono.

Os outros dois competidores na final foram Francisco Cuoco, que deu um show de bom humor com sua shitzu Balú, e Giovanna Ewbank, que foi tão dócil, quase maternal, que seu boxer Johnny acabou ficando em quarto lugar. Mas foi bonito ver que eles estavam ali mais para brincar e se divertir com seus bichos do que imbuídos em ficar em primeiro lugar a qualquer custo. Outra dupla competidora foi a formada pela atriz Priscila Fantin e o bulldog francês Chico, que deixou a competição na semana passada.

A ideia do quadro é mostrar famosos aprendendo a adestrar seus cachorros com a ajuda de treinadores durante a semana e se apresentando ao vivo no palco do programa no domingo. A última prova consistia em o animal fazer uma passagem rápida por obstáculos que incluíam saltos, labirintos e finalizando com uma descida à tirolesa.

Fiuk e sua Gaia levaram nota dez do júri artístico, formado pela apresentadora Ana Furtado e pelo ex-jogador de vôlei Tande, vencedor do “Cachorrada Vip” de 2010 e do jurado técnico João Pereira, além de 9,7% de votos da plateia, totalizando 29,7 pontos. 

Na semana anterior ao começo da competição, o “Vídeo Show” mostrou a cada dia um concorrente e seu animal. E lá Fiuk já revelou a dedicação em ensinar Gaia a obedecer a seus comandos, em forma de brincadeiras. O cantor, que mora em São Paulo, contou que quando teve que permanecer mais tempo no Rio por causa das gravações da novela “Aquele Beijo”, optou por morar em uma casa na capital carioca apenas para não ficar longe de Gaia, pois ela precisava de tanto espaço quanto tinha na morada paulista. 

Por essas e outras é que o “Cachorrada Vip” consegue mostrar quem é o famoso que tem um relacionamento cotidiano de um amor incondicional com o animal e quem está ali apenas usando o bicho para fazer parte de um show e com fins lucrativos.

quinta-feira, 21 de março de 2013

“Salve Jorge”: Thammy Miranda apaga o carma de filha de Gretchen ao se revelar como atriz em seu primeiro papel na Globo


Thammy Miranda fez até um ensaio fotográfico sensual para uma revista antes da estreia de “Salve Jorge”, ano passado. Jogo de marketing da publicação apoiado pela assessoria da jovem às vésperas de sua estreia como atriz em horário nobre da Globo. Ela nem precisava desse tipo de recurso. Não por ser filha da Rainha do Bumbum, Gretchen, ou ainda ostentar orgulhosamente ser assumidamente homossexual, mas porque ela está se superando em seu primeiro trabalho como atriz na televisão.

No papel da escrivã Jô, que almeja o cargo de detetive, Thammy poderia ter se perdido em meio a cobranças por ser filha de uma bailarina-cantora, mas ela superou isso. E superou mostrando seu próprio caráter, seu próprio talento. Contracenando com Giovanna Antonelli, a delegada Helô da novela, Thammy está à vontade como se fosse veterana. Não raras vezes ela dominou a cena. Há que se analisar...

Thammy não fez de Jô uma personagem caricata em função de sua origem. Jô convence. Thammy registra sua marca.

quinta-feira, 14 de março de 2013

“Flor do Caribe”: Sérgio Mamberti e Juca de Oliveira dominam novela que traz belas imagens mas é repetitiva ao não inovar no contexto de mais um folhetim praiano



Passados três capítulos, “Flor do Caribe”, novela das 18h da Rede Globo que estreou na segunda-feira (11), ainda não apresentou um elemento que realmente despertasse aquela curiosidade em saber o que vem depois. É tudo muito previsível. É o tradicional triângulo amoroso em que um herdeiro milionário bom vivant tenta roubar a namoradinha nativa do cara certinho, piloto da aeronáutica. Para completar, esse trio de protagonistas é interpretado por Henri Castelli (Cassiano), Grazzi Massafera (Ester) e Igor Rickli (Alberto), atores que baseiam seu potencial muito mais no merchand de exemplos de beleza para assumirem postos de protagonistas. Dos três, Igor tem aproveitado mais suas chances de explorar melhor as nuances do seu personagem. Parece mais preocupado com a interpretação em si do que em mostrar simpatia e beleza para as câmeras.

Quem vem roubando as cenas mesmo desde o primeiro capítulo é Sérgio Mamberti. Ator visceral que, com mais de 50 novelas nas costas, não importa se faz parte do elenco de apoio, participações esporádicas ou fique apenas circulando no entorno do núcleo principal, sempre faz a diferença. Como não lembrar o culto e carismático Eugênio, mordomo da família Roitman em “Vale Tudo”? Na lista tem ainda o corrupto e homossexual senador Freitas na minissérie “Agosto”, e agora o ator também poderá ser visto no papel do dono de uma boate em “As Noivas de Copacabana”, minissérie que será reprisada no canal Viva. Mas, sem dúvida, Mamberti está voltando a ter seu trabalho realmente valorizado e destacado assumindo a linha de frente de “Flor do Caribe” interpretando o rico e prepotente empresário Dionísio Albuquerque, vô de Alberto que guarda um segredo envolvendo o pai de Ester, o judeu Samuel, vivido por Juca de Oliveira.

O início do primeiro capítulo, mostrando Samuel na infância, em Amsterdã, Holanda, 1944, vendo seus pais sendo levados para um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, com imagens em preto e branco, foi bonito e instigante. O tema é rico e ainda pode render muito: pessoas que carregam o trauma da guerra para sempre. Juca, no entanto, apesar de todo seu talento, parece fadado a carregar para sempre com ele personagens anteriores. Como vê-lo em cena e não lembrar o Albieri de “O Clone” ou o Santiago de “Avenida Brasil”? Nada que prejudique seu excelente desempenho. E já é de se esperar que o ponto alto da história fique por conta do embate entre Dionísio e Samuel.

No núcleo jovem, quem se destaca é José Loreto, quase irreconhecível interpretando Candinho. O ator que se revelou como o Darkson de “Avenida Brasil”, domina suas cenas, sempre acompanhado de sua cabra, de uma forma naturalmente divertida e espontânea. No mais, a história de Walter Negrão, com direção de núcleo de Jayme Monjardim, vem sabendo explorar muito os cenários de praias, dunas, bugres, gente dourada, cenários povoados de acessórios de palhas e redes. Mas ainda falta explorar mais as tramas paralelas e não ficar tão presa ao embate entre o mocinho e o bandido, com uma donzela o tempo todo sorrindo entre os dois.