segunda-feira, 30 de abril de 2012

“Mad Men”: Em sua quinta temporada, série mantém a qualidade ao retratar a nostalgia dos anos 60 e os reflexos das transformações culturais e sociais da época



“Mad Men”, depois de mais de ano fora do ar, voltou com sua quinta temporada no HBO correspondendo à expectativa dos que acompanharam as quatro primeiras. O episódio de estreia, que foi ao ar na segunda-feira (23), 21h, mostrou que a série que narra as relações entre alguns executivos publicitários nos anos 60 mantém a mesma qualidade, com ótimos diálogos e roteiro, além da preocupação em se esmerar na riqueza de detalhes.

As novas intrigas e traições do protagonista, Don Draper (Jon Hamm), e dos integrantes da agência de publicidade Sterling Cooper Draper Pryce agora acontecem em uma sociedade mais livre, o que representa um reflexo no marketing, acompanhando as mudanças culturais e sociais em Nova York naquela década. Don é um bem-sucedido diretor de criação que, apesar do sucesso profissional, era um homem insatisfeito com sua vida e recorria à bebida e às mulheres para resolver suas frustrações.

A história agora inicia em 1966, revelando o que resultou das reviravoltas que aconteceram na vida dos personagens principais após a quarta temporada. Don, que tinha ficado noivo de sua secretária, Megan (Jessica Paré), agora está casado, sua mulher ascendeu na firma e contesta a atitude daqueles que não acompanharam a evolução dos tempos; Peggy (Elisabeth Moss), que lutava contra o preconceito contra mulheres que preferiam seguir uma carreira profissional a se casar e tentava fazer parte da equipe e se destacar no mundo dos negócios, atingiu seu objetivo, mas no fundo ainda continua se esforçando para se manter ali; e Joan (Christina Hendricks), que era realizada profissionalmente, engravidou do amante, teve a criança e viu sua vida mudar definitivamente.

Desde que foi ao ar pela primeira vez, em 2007, “Mad Men” já ganhou o Emmy de melhor série dramática e quatro Globos de Ouro. A estética agora está menos austera, mais leve e colorida, fazendo o contraste entre o antigo e o novo, guardadas as devidas proporções da época em que a série é ambientada. O clima na agência de publicidade também está mais descontraído, com funcionárias novas e bem menos submissas. São transformações que facilmente o telespectador mais atento poderá comparar às que vem ocorrendo na sociedade atual com o surgimento acelerado de novas tecnologias. E que o preço que se paga por essas mudanças pode ser alto, em qualquer tempo.



sexta-feira, 27 de abril de 2012

“As Brasileiras”: Sem esforço, a atriz Regina Braga foi a dona absoluta do episódio protagonizado por Sandy, que poderia se chamar “A Revolucionária do Pantanal”


Sandy pode ter sido a figura usada como personagem-título de “A Reacionária do Pantanal”, episódio da série “As Brasileiras”, que foi ao ar nessa quinta-feira (26), na Globo, mas quem realmente merecia o posto de protagonista absoluta, não só pelos anos de estrada, mas também pelo talento incontestável, era Regina Braga. Sem fazer o menor esforço, a talentosa atriz mostrou que merecia ser a dona absoluta do episódio, que poderia se chamar “A Revolucionária do Pantanal”.

Na história, que se passa em Corumbá, interior de Goiás, a cantora Sandy fez Gabriela, uma jovem que se diz moderninha, mas não se conforma quando mãe, a viúva Regina (Regina Braga), começa a namorar uma mulher, interpretada por Xuxa Lopes. Seu preconceito começa a tomar outra direção ao ser alvo de chacota de outros garotos quando está no bar com uma amiga, vivida por Fernanda Paes Lemes, e ambas são confundidas com lésbicas. Também participam do elenco Pedro Neschling, Guilherme Winter, Cadu Fávero e Suzana Ribeiro.

No fim, é claro que Gabriela acaba surpreendendo a mãe, dando a ela uma demonstração de aprovar o seu relacionamento com outra mulher. E fica a questão: será mais difícil um filho, criado dentro da modernidade, aceitar a condição sexual de pais homossexuais ou o contrário, pais criados sob padrões de gerações passadas aceitarem filhos gays?

Independentemente da melhor resposta, o episódio parece que preferiu valorizar a primeira opção, já que deram a Sandy um posto que deveria ser ocupado, por merecimento e competência, a Regina Braga.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

“Máscaras”: Se o navio dessa história não se aprumar com urgência, logo haverá alguém gritando: “Vada a bordo, cazzo!”




Há um mês e meio no ar, “Máscaras”, de Lauro César Muniz, que estreou na Record no dia 10 de março trazendo a expectativa de ser mais uma novela de conteúdo, com temas inteligentes, delicados e instigantes, como é característico na obra do autor, vem decepcionando. Em algum momento o enredo se perdeu. E desde que a história passou a acontecer em um navio, onde a maioria dos personagens se reuniu, os capítulos passaram a se arrastar ainda mais em cenas intermináveis, com diálogos vagos, interpretações canastrônicas e uma direção que parece estar mareada.

A protagonista, Maria, interpretada por Miriam Freelam, só apareceu na primeira semana da novela. E o protagonista, Otávio Benaro, marido de Maria vivido por Fernando Pavão, transformou-se numa versão rural do Conde de Monte Cristo que foi parar num cruzeiro de luxo. Aliás ele está mais parecendo o protagonista da minissérie "Sansão e Dalila". Estranho que o tempo na novela passou e o tal sequestro de Maria e seu filho nunca foi investigado, nem pela polícia nem por investigadores particulares, já que dinheiro é o que não faltava para isso.Tanto que Otávio está financiando mais um cruzeiro para o psiquiatra-babá Décio (Petrônio Gontijo).

Para piorar a morosidade, ainda colocam flashbacks de Maria em cenas que nada acrescentam ao desenrolar da história. Pelo contrário, são repetitivas e não saem do mesmo lugar. Assim como são patéticas as que tentam instigar um mistério envolvendo as personagens de Paloma Duarte, Gisele Itié e Heitor Martinez. As situações são forçadas e as interpretações totalmente artificiais. Tão falsas quanto as joias que Nameless, a mulher “sem nome” vivida por Paloma, ganhou do Big Blond (Jonas Bloch) no capítulo dessa quarta-feira (25). Mais parecia um mostruário de bijuterias vendidas por camelôs nas ruas ou nas praias. O que valeu foi a aparição, no final, de Benvindo Sequeira, intérprete de Novais, um membro da máfia do Big Blond. Embora fosse para ser séria, a cena acabou sendo engraçada ao ter o ótimo Benvindo fazendo o personagem principal da situação.
    
De qualquer forma, esse navio de máscaras parece estar à deriva. E se não se aplumar, logo, logo haverá alguém gritando: “Vada a bordo, cazzo!”.

terça-feira, 24 de abril de 2012

“Pânico no Muito +”: Adriane Galisteu dá mais uma bola fora ao tentar copiar cena sensacionalista de outra atração da Band já amplamente rechaçada pelos internautas



Adriane Galisteu deu mais uma demonstração nessa segunda-feira (23) de que originalidade não é o forte do “Muito +”, que apresenta ao lado de quatro colaboradores nas tardes da Band. Pegando carona na polêmica causada na internet pela panicat Babi Rossi, que raspou os cabelos ao vivo no “Pânico na TV”, que agora também está na Band, nesse domingo (22), Adriane desafiou Gominho, ou, Vinicius Gomes, conhecido apenas por ser um perseguidor de celebridades no Twitter e que faz parte da equipe de apresentadores-colaboradores do “Muito+”, a fazer o mesmo.

Para variar, a loura lançou uma votação no Twitter perguntando aos internautas se eles aprovavam a ideia. Aliás, os twitteiros deveriam cobrar uma participação nos lucros desse programa, já que eles são responsáveis por boa parte da produção da atração. Dando bola dentro ou dando bola fora, como aconteceu no caso da falsa morte da Rita Guedes, noticiada pela apresentadora para causar sensação, baseada apenas em boatos lançados na internet, que acabou se transformando num grande mico.

No que parecia nitidamente ser uma encenação, Gominho se mostrou revoltado com a ideia de se desfazer de sua cabeleira. “Ela foi paga para fazer isso”, afirmou ele, referindo-se a Babi. E avisou que só rasparia o cabelo no programa, ao vivo, por R$ 15 mil. Até sua mãe, dona Penha, teve seus cinco minutos de fama ao falar por telefone com Adriane para se manifestar contra o desafio imposto a seu filho. Ele tem até essa quarta-feira (25), para dizer se aceita ou não raspar a cabeça. Ou seja, será mais uma tarde garantida para Adriane e sua trupe fazerem sensacionalismo com uma banalidade a mais.

Aliás, fazer programa à custa do Twitter já está virando uma praxe na Band. Até o “CQC” comemora quando consegue emplacar uma tag no microblog. E o “Muito+” está indo na rebarba do “Pânico”, que aumentou sua audiência ao mostrar Babi raspando a cabeça após campanha promovida pela produção do programa no Twitter sugerindo que ela imitasse a careca do apresentador do ‘CQC’, Marcelo Tas. A outra opção seria ela adotar o corte moicano do jogador de futebol Neymar, do Santos.

Na média geral, o “Pânico” ficou em terceiro lugar no Ibope. E a rejeição para tal encenação foi demonstrada também através da internet. O ato não foi considerado por internautas como uma forma de homenagear mulheres que tem câncer e passam por tratamento de quimioterapia, como Babi chegou a afirmar em entrevista ao site da Band, tentando justificar sua atitude. Logo campanhas contra o programa foram lançadas nas redes sociais, como a hashtag #forapanico, criticando o fato de terem usado esse ato de raspar a cabeça como uma brincadeira, apenas para ter audiência e ainda tentarem argumentar que é em homenagem a quem perde o cabelo por doenças.

O que se percebe é que a sinergia entre televisão e internet, um se apropriando de informações do outro) e a simbiose que vem se fortalecendo também entre os resultados obtidos por ambos os veículos (audiência x acessos) começam a dar sinais de que merecem ser melhor avaliadas.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

“Chaves x Roda a Roda”: Patrícia Abravanel pega lugar de Roberto Bolaños e provoca campanha na internet pela volta do mais famoso seriado mexicano de humor



Silvio Santos conseguiu provocar indignação nos internautas nessa segunda-feira (23), ao tirar o seriado “Chaves” da faixa das 18h15, colocando no horário o “Roda a Roda”, que já foi comandado por ele e agora será apresentado por sua filha, Patrícia Abravanel, no SBT. No Twitter, os fãs do seriado mexicano protagonizado por Roberto Gómez Bolaños reclamaram mais essa mudança na flutuante grade da emissora. Já foi criada, inclusive, a campanha #VOLTACHAVES.

Pertencente a Televisa, principal rede de televisão do México, a série que foi criada em 1971 e deixou de ser produzida em 1992 é um fenômeno de sobrevivência em constantes reprises. No Brasil, os episódios são exibidos desde 1984 pelo SBT, e não raras vezes deixa a emissora na vice-liderança em audiência. No entanto, após ter registrado 4.8 no Ibope na sexta-feira (20), a atração perdeu seu espaço no início da noite.

Os fãs tiveram sua vingança logo na estreia de Patrícia, sem querer querendo, ocupar o lugar de seu ídolo: dados preliminares dão conta de que “Roda a Roda” teve uma audiência ainda menor, registrando 3.7. Um ponto a menos do que o atrapalhado Chaves.  O SBT acabou ficando em quarto lugar no horário, enquanto a Globo liderou com 24.9, a Band foi vice com 8 pontos, e a Record ficou em terceiro com 6.8.
Esse resultado poderá ser o argumento que as afiliadas do SBT precisavam para continuar reivindicando o direito de continuarem transmitindo o seriado mexicano em suas regiões, já que também não gostaram da mudança. Por enquanto, “Chaves” será exibido apenas nos finais de semana, nos ingratos horários de 6h aos sábados e 9h aos domingos.

É aguardar para ver se Silvio Santos vai atender ao apelo dos internautas e, em mais uma mudança, trazer de volta a turma de Chaves, Seu Barriga, Dona Florinda, Professor Girafales, Chiquinha, Seu Madruga e Dona Clotilde, titando o novo espaço dado a sua herdeira, que já apresenta o "Cante Se Puder" nas noites de quarta-feira.

domingo, 22 de abril de 2012

“Programa Silvio Santos”: Eliana e Marília Gabriela passam pelo crivo de sobreviver às saias-justas do patrão, o dono do Baú


Silvio Santos não permite limites para suas gaiatices. Que, muitas vezes, por mais engraçadas que sejam, beiram à falta de delicadeza ao tratar seus convidados.  Com todo respeito aos seus 81 anos de idade e a uma trajetória iniciada aos 14 anos como camelô que culminou como uma bem-sucedida carreira como empresário e apresentador de TV.

No “Programa Silvio Santos” desse domingo (22), o Senhor Abravanel teve mais uma dessas oportunidades especiais de fazer o que ele mais gosta: deitar e rolar fazendo suas gracinhas que muitas vezes constrangem os convidados. As “bolas da vez” foram as apresentadoras Marília Gabriela e Eliana, que marcaram presença no “Jogo das 3 Pistas”. Silvio não perdeu a chance de cutucar a concorrência: “Todo domingo eu fico no meio das duas. Que bom, muito melhor do que ficar no meio do Faustão e do Gugu”, ironizou o dono do Baú, referindo-se ao fato de seu programa ficar entre o “Eliana”, no começo da tarde, e o “De Frente Com Gabi”, no fim da noite de domingo, ensanduichado entre o “Programa do Gugu”, da Record, e o “Domingão do Faustão”, da Globo.

Uma curiosidade: o “Programa Silvio Santos” começou como produção independente e fez parte da grade da TV Globo até o início dos anos 70, e da TV Record nos anos 80. Até o SBT passar a ser transmitido em rede nacional, no fim daquela década.

Em seu programa, Silvio passa de um quadro a outro sem pausa para apresentação de novos convidados. Não foi diferente dessa vez. Ao voltar de uma prova qualquer para o auditório, Eliana e Gabi já estavam no palco. A primeira saia-justa veio para Gabi. Silvio pergunta para a plateia: “Vocês viram a entrevista dela com a filha da Gretchen? Ela é menina ou menino?”. A plateia responde que Thammy é os dois. “Como é os dois? É na frente e atrás? É tudo?”, debocha Silvio. Marília Gabriela faz expressões de constrangimento, abaixa a cabeça e nada fala.

Segundo momento desnecessário, Silvio pergunta: “Vocês têm ensino fundamental?  Porque esse é um programa que deixa vocês nervosas”, diz ele. Disfarçando o mal estar, Gabi responde: “Tenho a impressão que vou atingir meu grau de incompetência hoje”. Nas questões propostas no jogo de adivinhações, Silvio deixou Gabi e Eliana sem resposta ao propor como dicas as palavras: Valdemiro Santiago, Edir Macedo e RR Soares. Quem acertou foi a plateia: pastores.

Gabi também ficou sem graça ao perder para o auditório que a resposta para a dica Teotônio Villela, Mário Covas e Miguel Arraes era governadores e não senadores. “Mas eles foram senadores antes”, tentou contestar a apresentadora, sem ser ouvida pelo patrão.

Na despedida, Gabi ainda tentou ganhar terreno, perguntando quando Silvio Santos iria ao “De Frente Com Gabi”. Depois de muitos risos, Silvio deu a resposta definitiva: “Só vou ao seu programa quando tiver coragem de fazer o que aquele ex-Menudo fez. Como é mesmo o nome dele? Ah, o Rick Martin fez”.

Como diz o velho ditado: “Manda quem pode, obedece quem precisa”.

“Perdidos na Tribo”: Rituais com sacrifícios de animais chocam e transformam a aventura num verdadeiro show dos horrores




“Perdidos na Tribo”, novo reality show da Band, não está apenas mostrando as diferenças culturais entre três famílias convivendo com três tribos primitivas na África, Etiópia e Indonésia, como também chocando o público com imagens deprimentes de sacrifícios de animais. Depois da estreia festiva, há uma semana, na sexta-feira (13), em que as famílias foram recebidas nas tribos, o segundo episódio, exibido nessa sexta-feira (20), provocou enjoos e repulsa ao levar o público a assistir a uma galinha sendo assada viva no fogo e uma vaca tendo seu sangue sugado pela jugular, também viva.

Produzido pela Eyeworks do Brasil, o programa é baseado no formato do “Ticket To The Tribes”, já exibido na Espanha, Portugal, Bélgica, Alemanha, Holanda, Noruega, Nova Zelândia e Austrália. Aqui, a aventura é vivida pela família dos Sackiewicz, de São Paulo, composta por pai, mãe, dois filhos e uma filha, que foram para a tribo africana Hamer, na Etiópia; a família Oliva, formada por pai, mãe e um casal de filhos, cariocas que moram em São Paulo, foi para a tribo indígena Mentawai, na Indonésia; e a família Menendez, composta por pai, um filho e duas filhas, de Campinas, interior de São Paulo, que caiu na tribo nômade dos Himba, na Namíbia. 

Todos terão que, durante três semanas, conviver com uma série de costumes primitivos e com a dificuldade de não falarem a mesma língua. Aliás, não é explicado como eles conseguem se comunicar. No final, cada um deverá ser aceito pelo chefe da tribo como verdadeiro membro do grupo. O prêmio de R$ 250 mil poderá será dividido entre as famílias ganhadoras. Perto desse reality da Band, as provas de “No Limite”, da Globo, são fichinha.

No segundo episódio, todos já estavam reclamando de fome e dores no corpo por terem que dormir no chão duro, sobre pedregulhos. Na Namíbia, Guilherme, 25 anos, acordou chorando. “Se minha mãe estivesse aqui seria bem melhor. Quando estou com ela me sinto mais seguro”, referindo-se a Adriana, que desistiu em cima da hora e desfalcou a família Menendez. Na Indonésia, Kátia, 52 anos, não conseguiu dormir por causa do barulho dos cachorros e porcos. “Tinha até um indiozinho fazendo cocô do meu lado”, contou ela.

Na verdade, não há banheiro para ninguém, todas as necessidades são feitas no mato, e não há papel higiênico nem similar para limpeza. Também não tomam banho. A pouca água que tem é suja, buscada pelas mulheres numa poça que fica distante da tribo, e usada apenas para beber e cozinhar. Só que a comida também é intragável.

Na Etiópia, Natalia, de 22 anos, estava brincando com as crianças quando foi puxada por um índio que queria levá-la a uma cabana para fazer sexo. Apesar do susto, a jovem soube manter a calma e se desvencilhar do assédio. Foi ela também que tentou ensinar as mulheres da tribo a usarem absorvente higiênico quando ficam menstruadas e camisinha, para não engravidarem. Uma orientação puramente ilustrativa onde não há nem água limpa nem comida decente para sobreviver. As africanas explicaram que os homens usam um “produto vegetal” que passam no órgão genital para tentar evitar filhos. Mas pior mesmo foram as cenas de torturas a animais.

Na Indonésia, Felippe, 20 anos, passou mal ao ver o sofrimento de um porco sendo morto. “Ele gritava como se estivesse chorando”, afirmou o jovem. Realmente, o som do desespero do animal deu vontade até de zerar o volume da TV, além de desviar o olhar da tela. Em um sacrifício pior, outro porco foi sangrado pelo pescoço e depois cortado em pedaços, ainda respirando. Na mesma tribo, uma galinha foi queimada viva no fogo e destroçada ainda viva. Todos ficaram horrorizados. A mãe, Kátia, apesar de chocada com a cena, pensou em pegar os pedaços do porco cortado para assar no fogo. Foi impedida pelo chefe da tribo, pois aquela não era função dela.

Já na Etiópia, foi de causar revolta ver o ritual preparado pelos Hamer para os visitantes: furar o pescoço de uma vaca para retirar o sangue que, depois, seria misturado ao leite de cabra para ser bebido por todos. Famintos, os integrantes da família Sackiewicz tomaram tudo. E ainda acharam bom...

No fim, cada família foi submetida ao Conselho Tribal de seu grupo. Os que não cumpriram suas tarefas satisfatoriamente receberam castigos, como sempre buscar a água para a tribo, pastorear as cabras, cuidar do gado e, o dado a Natalia, refazer o piso da cabana usando cocô, por ter rejeitado fazer sexo com o filho do chefe.
No fundo, “Perdidos na Tribo” apenas mostra seres civilizados convivendo com primitivos e se horrorizando com suas formas de vida, sem que nada de positivo seja realmente levado a eles. É sabido que a tortura e sacrifício de animais fazem parte dos costumes tribais, mas são cenas totalmente dispensáveis de serem exploradas da forma como foram em um único episódio. Parecia mais um show dos horrores do que qualquer outra coisa.

O programa teria muito mais valor se, entre uma e outra situação como essa, mensagens fossem transmitidas através dos próprios participantes. Só que seus depoimentos são sempre apenas para reclamar das moscas, da sujeira e as mulheres por terem mais trabalho do que os homens. Nenhum deles teve coragem, nem consciência, para fazer qualquer tipo de defesa dos animais sacrificados. Lastimável.

 


sexta-feira, 20 de abril de 2012

“Planeta Gelado”: Documentário, com alta qualidade e emoção, mostra diferenças e grandezas dos extremos da Terra tentando superar transformações que estão sofrendo


Muitos documentários já foram feitos, e continuam sendo produzidos, sobre as transformações drásticas que vêm ocorrendo nas paisagens das regiões polares devido às mudanças climáticas e o quanto tudo isso afeta a sobrevivência de muitas espécies animais. São sempre programas necessários e ricos em belas imagens. Mas, “Planeta Gelado”, que estreou nessa quinta-feira (19) no Discovery Channel, fez toda a diferença ao mostrar em seu primeiro episódio cenas surpreendentes registradas no Ártico e Antártica. Foi comovente ver a luta travada por bois-almiscarados na defesa de seus filhotes contra lobos que atacaram seu rebanho. Apenas um dos bois acabou sendo sacrificado, enquanto os demais conseguiram fugir com seus rebentos.

A série documental de seis episódios é uma coprodução do Discovery com a BBC e, aqui no Brasil, tem narração dublada. Sem tom apelativo, o locutor lembra que “talvez seja a última chance de ver estas grandes vastidões geladas antes que elas mudem para sempre”. E quem há de duvidar? Afinal, como diz o texto de introdução do programa “Nos extremos do planeta, não há nada mais do que Vida”.

E a alta definição das imagens dá mais força à mensagem transmitida. Elas foram captadas ao longo de quatro anos de filmagens pela mesma equipe responsável pela premiada série “Planeta Terra”. Os registros foram feitos no mar, sobre o gelo de oceanos congelados e também debaixo do gelo e nos campos.

Os detalhes de cada sequência dão a clara noção das dificuldades para a realização desse trabalho. Mas que o esforço foi plenamente compensado fica evidente no resultado final, no qual a equipe mostra acontecimentos da vida selvagem inéditos, como o bailado de grupos de orcas provocando ondas gigantes para derrubar focas de blocos de gelo. Além de espetáculos naturais já conhecidos, como o degelo que ocorre na primavera, considerada a maior transformação sazonal do planeta.

Para quem perdeu, o Discovery apresentará um episódio inédito da série nesse domingo (22), às 22 horas, em celebração ao Dia da Terra. Mas os próximos episódios serão exibidos às quintas-feiras, no mesmo horário. É produto de conteúdo e alta qualidade.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

“Cheias de Charme”: Cláudia Abreu é a dona da novela que mostra como brega vira moda e cafona se disfarça de cult


Cláudia Abreu não está surpreendendo em “Cheias de Charme”, está apenas confirmando o que os conhecedores de sua trajetória já sabiam: é uma atriz que basta entregar-lhe nas mãos os ingredientes e ela transforma qualquer receita de que personagem for em um manjar dos deuses. Na novela das sete que estreou segunda-feira (16), na Globo, a atriz simplesmente tomou para si o domínio da história logo na sua primeira cena no papel da cantora brega Chayene. Ao lado de Luiz Henrique Nogueira, seu assistente Laércio, e Bruno Mazzeo, o empresário Tom Bastos, ela forma um trio que já deu sinais de que poderia protagonizar um seriado independentemente de estar embutido em uma novela.

“Cheias de Charme”, uma trama de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, com supervisão de Ricardo Linhares, e direção de Allan Fiterman, Maria de Médicis e Natália Grimberg, com direção geral de Carlos Araújo e direção de núcleo de Denise Saraceni, gira em torno das aventuras e desventuras de três jovens ligadas por fazerem trabalhos domésticos, levadas a essa função por diferentes necessidades. Maria da Penha (Taís Araújo), que mora numa favela e precisa sustentar marido, filho e irmão, Maria do Rosário (Leandra Leal), que trabalha com o pai num bufê, mas sonha ser cantora famosa, e Maria Aparecida (Isabelle Dummond), jovem que perdeu os pais cedo e é criada pelos ricos patrões, mas não deixa de ser tratada como serviçal.

Logo no primeiro capítulo, Penha, Rosário e Cida se veem envolvidas em confusões particulares que as levam a uma delegacia de polícia. É la que as três se conhecem e firmam o pacto de mudarem de vida: “Hoje empreguete, amanhã madame”. Lembrou um pouco o começo de “Quatro por Quatro”, de Carlos Lombardi, na qual o quarteto formado por Betty Lago, Elizabete Savalla, Cristiana Oliveira e Letícia Spiller se uniram, também numa cela de uma delegacia, jurando vingança contra seus ex. A história pode ser outra, mas a situação foi parecida. E, embora agora fossem três mulheres, Cláudia Abreu se encarregou de se transformar no quarto elemento.

Para fazer frente a uma Chayene, só uma Leandra Leal. A atriz de apenas 29 anos, 20 dos quais atuando, dispensa qualquer comentário depois de ser premiada em produções ao lado de grandes nomes não só da TV quanto do cinema e do teatro. Leandra tem carisma próprio e consegue transmitir através do olhar, do sorriso e até das lágrimas de Rosário uma mensagem de que é possível, sim, ter sonhos. Se eles vão se realizar é outra história. E através dela será avaliado o amor pela fama e o amor pelo amor, já que seu ídolo é Fabian, mas também surge em seu caminho o motorista Inácio, ambos interpretado por Ricardo Tozzi.

Tozzi, o ator, que fez graça como o Douglas de “Insensato Coração”, agora tem a oportunidade de realmente mostrar seu valor em dois papéis controversos. Um deles é o cantor popular, inspirado em Odair José, considerado o ídolo das empregadas domésticas nos anos 70. Nas cenas dos shows, o ator é dublado por Juliano Cortuah, que participou do reality “Fama” há dez anos. O segundo personagem é o contido e misterioso Inácio, que se emprega como motorista do bufê onde Rosário trabalhava e se apaixona pela moça após salvá-la de um incêndio. Com certeza será um dos maiores desafios do ator.

Voltando às protagonistas, Isabelle Drummond, com apenas 18 anos e já contabilizando mais de dez de carreira, sendo seis só como a boneca Emília do remake do “Sítio do Picapau Amarelo”, está perfeitamente encaixada no papel de Cida, a mocinha ingênua, sonhadora, romântica e boazinha. Mas precisa ficar atenta a conselhos que a própria Regina Duarte, a eterna Namoradinha do Brasil, já deu quando avisou: “Não é fácil fazer a mocinha”. Se Isabelle não der a Cida um up que a diferencie de tantas outras mocinhas românticas que já existiram, corre o risco de acabar se tornando apenas mais uma "eterna Narizinho", como aconteceu com Rosana Garcia.

Taís Araújo também vai ter trabalho para sua Penha não ser engolida por Chayene e Rosário, respectivamente a sua ex-patroa e a amiga e substituta na casa da cantora de tecnobrega. Em alguns momentos, a atriz exagera nos trejeitos para interpretar uma moradora da comunidade e faz até lembrar os olhares, trejeitos e sacolejos de “Xica da Silva”, sua primeira protagonista na extinta Rede Manchete. Sem falar que sua realidade, que é mostrada como a mais difícil das três, parece ser uma festa constante, com linguiça assada sendo servida na laje para os amigos a toda hora. E o que dizer de Marcos Palmeira fazendo o marido malandro, endividado e inexpressivo Sandro? Torço para que o personagem dê uma volta por cima, ou não se justificará o ator que já foi o galã da história perder o cargo para outros sem um terço da sua capacidade. Tudo bem não ser o galã. José Mayer fez isso recentemente em “Fina Estampa”. Mas o Pereirinha, com seu visual e comportamento, teve a importância à altura de um galã. Seja lá qual fosse a história escrita para ele.

Para um horário que não tem tradição de tratar temas sérios, “Cheias de Charme” está cumprindo sua missão de entreter, com algumas tramas que fingem ser dramáticas, mas se mostram cômicas. Incomoda um pouco a repetição no elenco. Malu Galli, que acabou de sair do ar como a Dora de “A Vida da Gente”, já está de volta fazendo Lygia. A abertura feita em animação está divertida e bem feita, mas vindo logo após “Amor Eterno Amor”, que já está no ar há mais tempo tendo uma abertura no mesmo estilo, soa como uma saturação do recurso. De qualquer forma, “Ex My Love” como trilha se encarrega de fazer a diferença.


terça-feira, 17 de abril de 2012

“Máscaras”: Trama densa com temas delicados, como depressão pós-parto, e instiga a dúvida sobre quem são os vilões


Lauro César Muniz faz do roteiro de “Máscaras” o principal protagonista da novela da Record que estreou na terça-feira (10). Logo no primeiro capítulo o autor prendeu a atenção ao mostrar o drama de Maria (Miriam Freeland), uma mulher que sofre de depressão pós-parto. A história começa com ela voltando de um cruzeiro acompanhada de seu psiquiatra, Dr. Décio (Petrônio Gontijo). Fica-se sabendo que antes da viagem ela teria tentado matar o primeiro filho que teve com o marido, Otávio Benaro (Fernando Pavão). E a partir desse viés muitos acontecimentos vão deixando no ar uma dúvida constante sobre a veracidade dos fatos e a autenticidade de cada personagem. Com direção de Ignácio Coqueiro, a trama é ambientada no Mato Grosso do Sul.

Sem maniqueísmo, a cada dia a trama toma novos rumos. O que aparentava ser bom revela-se mau, e vice-versa. São as tais máscaras que vão trocando de face. Em uma semana, o bebê de Maria foi sequestrado, o irmão dela, Martim (Heitor Martinez), voltou de Dallas querendo arrancar dinheiro de Otávio, e o capítulo dessa segunda-feira (16) deu margens a se suspeitar do tratamento ministrado em Maria por Décio, dono de uma clínica de repouso. Acusado de dar alucinógenos para a paciente e também após ter sedado Otávio por três dias, seu comportamento passou a ser completamente dúbio.

Além de Miriam Freelam, que dominou os primeiros capítulos, o trio formado por Fernando Pavão, Petrônio Gontijo e Heitor Martinez tem convencido nos embates travados entre eles nos quais a cada momento desconfia-se de qual deles é o verdadeiro, ou o maior, vilão. Giselle Itié e Paloma Duarte ainda devem mostrar a que vieram interpretando as prostitutas Manu e Nameless, respectivamente. As duas moram em Dallas e serão peças-chave no envolvimento de Martim com uma organização criminosa internacional. Mas vale destacar as atuações de Íris Bruzzi, a governanta Olívia na fazenda de Otávio, e de Valquíria Ribeiro, intérprete da ama de leite Maria. As duas mostraram entrega ao sofrimento de suas personagens ao fazerem cenas fortes no episódio do sequestro do bebê nos primeiros capítulos.

Está merecendo maior cuidado da produção e direção o núcleo de Valéria Lage (Bete Coelho), uma mulher rica graças a títulos herdados de ex-maridos e que se dedica às artes. O ponto alto da personagem deveria ter sido quando ela organizou um jantar para comemorar os sete anos de casada com Gomide (Henri Pagnocelli), um deputado corrupto, e, diante dos convidados, ambos assinaram a separação, com sorrisos irônicos. O discurso feito por Valéria sobre “o que é o casamento, ou o descasamento” tinha um conteúdo interessante, mas a atriz exagerou na teatralização e a cena ficou patética. Assim como são dispensáveis as constantes reuniões que ela promove com suas amigas, entre elas as personagens de Luiza Thomé (Geraldine) e Franciely Freduzeski (Cláudia), regadas a bebidas, onde todas parecem doidivanas forçando uma alegria artificial.

Ainda há tempo para aparar arestas, há muitos personagens a surgirem na história e, com certeza, Lauro César vai continuar agradando àqueles telespectadores que apreciam seu estilo de fazer tramas comprometidas não apenas no conteúdo sociocultural como também político do país. Sua marca está registrada em obras marcantes como “O Casarão” (1976) e “O Salvador da Pátria” (1989), ambas na Globo, e mais recentemente na Record “Cidadão Brasileiro” (2006) e “Poder Paralelo” (2010). É aguardar e apostar para ver que máscaras vão cair primeiro. Afinal, como na vida real, ninguém é, definitivamente, bom ou mau: as pessoas mudam.

domingo, 15 de abril de 2012

“Avenida Brasil”: Adriana Esteves e Débora Falabella são favoritas em novela que já destrinchou tramas que em outras histórias nem oito meses foram suficientes


Adriana Esteves está dando mais um tapa com luva de pelica em quem ainda duvidava de seu talento e, depois de mais de 20 anos de carreira, só se rendeu à sua interpretação na minissérie “Dalva e Herivelto – Uma História de Amor”. Muitos ainda trazem à tona as críticas que a atriz sofreu por sua atuação como Mariana em “Renascer”, em 1993, mas poucos relembram de Sandra, a vilã de “Torre de Babel”, de 1998, que, coincidentemente, era chamada de Sandrinha. Tal qual a Carmen, ou, Carminha, a verdadeira peste de “Avenida Brasil”, novela das nove da Globo. Passados tantos anos, Adriana sem a menor dúvida está mostrando todo seu amadurecimento num papel que poucas atrizes conseguiriam responder à altura da responsabilidade que João Emanuel Carneiro, autor da trama, colocou em suas mãos.

O mesmo pode-se dizer de Débora Falabella, uma atriz que já surpreendeu fazendo a drogada Mel de “O Clone”, de 2001, e protagonizou filmes de sucesso no cinema como “Lisbela e o Prisioneiro” e “A Dona da História”. Assim como Adriana, Débora também tem experiência na área da vilania, pois fez a maquiavélica Beatriz de “Escrito Nas Estrelas”, em 2010. Mas sua personagem, Nina, é uma protagonista que flutua entre a heroína e a anti-heroína. O sutil duelo entre Carmen e Nina tem rendido cenas de uma riqueza que poucas novelas já mostraram em tão pouco tempo. Em apenas três semanas no ar, “Avenida Brasil” já conseguiu a façanha de destrinchar tramas que em muitas outras histórias nem oito meses foram suficientes.

A novela apenas peca ao usar como um dos cenários um lixão, como se fosse uma Disneylândia de menores abandonados. Ali, na ficção, a decoração é lúdica, a iluminação farta, horários de lanches são respeitados, mascarando o que realmente acontece: exploração do trabalho escravo de crianças, sobrevida sob voos de urubus e a degradação humana aspirando gases produzidos pelo lixo não tratado. Essa falsa realidade não pode ser ignorada nem esquecida nem mesmo com as belas imagens e cenas protagonizadas por excelentes atores como Vera Holtz e José de Abreu.

Mas, voltando às estrelas da história, Adriana e Débora têm nas mãos uma missão que Patrícia Pillar e Cláudia Raia já encararam interpretando Flora e Donatela, respectivamente, em “A Favorita”, do mesmo autor, em 2008. No fim, a vilã era a mocinha e a mocinha era a vilã. Aposto que João Emanuel vai surpreender mais uma vez.





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sábado, 14 de abril de 2012

“Aquele Beijo”: A qualidade maior do texto de Miguel Falabella está em mostrar tramas reais que deixam atores confortáveis fazendo drama e humor com inteligência


Miguel Falabella quando escreve novelas pode não parecer ser um autor preocupado em escrever dramas que façam o telespectador se debulhar em lágrimas, nem gargalhar diante de cenas de comédia rasgada. Mas, apesar da aparente mexicanização, ele sabe como poucos extrair um sorriso discreto nas tramas que deveriam ser de dor e provocar uma lágrima encabulada nas cenas que, aparentemente, são apenas engraçadas. Não foi diferente em “Aquele Beijo”, novela das sete que teve seu último capítulo exibido sexta-feira (13), com reprise nesse sábado (14).

“Aquele Beijo” teve de tudo um pouco do que acontece muito na vida real, pincelada com cores mais fortes, sem nunca fingir ser real nem esperar que esperassem da história uma veracidade que, na maioria das vezes, torna-se falsa quando buscada na ficção. Cláudia (Giovanna Antonelli) e Vicente (Ricardo Pereira) apenas costuraram uma série de coincidências (ou seria destino?).

O que dizer de Toinha (Bia Nunes), a falsa Damiana (Marcela Cartaxo), louca na prisão, contando sua própria história como se ela fosse de outra, Locanda (Stella Freitas)? Quantos casos não vemos nos noticiários em que o amor levou alguém ao auge da loucura?

E Rubinho (Victor Pecoraro), o filho mimado que nunca ouviu um não, perder-se na vida sem aprender nunca que o sim às vezes pode advir de um não. Acontece. Desde que esse alguém não esteja aberto para ouvi-lo. E transforma-se em mais um corrupto.
Maruschka subverteu o fim das vilãs. Bem antes do último capítulo a personagem de Marília Pêra já vinha mostrando a capacidade que o ser humano tem de se reconstruir a partir das adversidades. Alguns conseguem. Outros não. Diva (Elisa Lucinda) e Gracy Kelly (Leilah Moreno) não conseguiram.

Maruschka conseguiu se redimir até do fato de ter abandonado um filho recém-nascido, um bebê que cresceu e se transformou num travesti, Ana Girafa, outra personagem riquíssima interpretada brilhantemente por Luís Salém.

Belezinha (Bruna Marquezine) representou bem as jovens que se anulam para realizar o sonho de suas mães. Elizângela foi soberba ao representar Íntima, a mãe de miss, que ainda existe atualmente, mas que hoje representam muitos mais as “mães de atrizes”.

E Mãe Iara (Cláudia Jimenez), ao lado de Jocelito (Bruno Garcia), não só mostrou a ingenuidade da crendice popular como também mandando uma mensagem de otimismo a quem crê (ou não) na vida pós-morte?

O sonho de se enriquecer na loteria, o autoritarismo de certos patrões, filhos ludibriando os próprios pais, ambições, fofocas, machismo, e... encontros. Por trás de todos os vieses, havia sempre mensagens de esperança. Narradas através de poemas profundos, de autores importantes. A última foi um texto de Charles Chaplin.

Falabella escreveu uma novela na qual sua vivência, experiência e contato com o dia a dia de ricos e pobres é uma realidade transcrita por poucos. E, além de narrar o destino de cada personagem, ele ainda apareceu no último capítulo para fazer o desfecho com uma grande festa. E sua marca registrada: um grande deboche!

terça-feira, 10 de abril de 2012

“Muito+”: Adriane Galisteu dá bola fora ao anunciar suspeita de morte de Rita Guedes baseada apenas em boatos do Twitter


Adriane Galisteu pisou feio na bola no “Muito+” dessa terça-feira (10) ao abrir o programa falando sobre a “possível” morte de Rita Guedes. Na tela, a chamada era: “Atriz global teria morrido?”. Com ares de consternação, a apresentadora começa falando: “’Tava’ todo mundo mega animado aqui até três minutos atrás, mas acabei de receber uma informação, na verdade lendo no Twitter, que a Rita Guedes teria morrido”. A falha não é só dela. Como a direção, produção e toda equipe de um programa não tem o mínimo de cuidado em primeiro confirmar uma informação tão grave quanto essa antes de colocá-la no ar?

Essa ânsia de ser o primeiro a dar a notícia, verdadeira ou não, tomou proporções perigosas com a internet. Informações e fotos não são devidamente investigadas antes de caírem na rede. Revistas e jornais ainda têm um pouco mais de tempo, pois neles o imediatismo não é tão acirrado. Mas deixar que essa loucura irresponsável invada os programas ao vivo na televisão é, no mínimo, o máximo de irresponsabilidade.

Ironicamente, no “Muito +” dessa segunda-feira (9), Adriane e seus companheiros de palco debocharam quando lembraram quando a Record interrompeu a programação para anunciar a morte de seu funcionário Amin Khader, e tudo não passava de uma armação de péssimo gosto do próprio Amin. O que fizeram na Band foi até pior.

E Adriane continuou discursando: “É uma grande amiga minha, mora em Los Angeles, ela postou ‘essa’ foto no Twitter dela (ela está numa câmara hiperbárica, de oxigênio para tratamento de rejuvenescimento), se eu não me engano, eu nem sei se o @ritaguedes é dela mesmo ou é fake”. Pausa para um aparte: espera aí, se é tão amiga, como ela não sabe o Twitter da outra? E dizer “se eu não me engano”? Nem ela sabe de onde saiu a foto?

Seguindo: “O que eu li é que parece que deu um erro médico nessa câmara e ela teria falecido”. Pausa dois: Erro médico na câmara? E ela segue: “Eu não quero acreditar nessa história porque Twitter tem dessas coisas (...) Se for brincadeira vocês do Twitter vão tomar uma bronca feia minha, porque isso não se faz”. Como assim? Ela sabe que “o Twitter tem dessas coisas” e ela faz um programa ao vivo em cima do que escrevem no miniblog? Ela não tem uma equipe de produção e apuração que cheque as informações antes de colocar no ar? Vai dar bronca em quem mesmo?

Aí, vem Lysandro Kapila após um intervalo comercial, disfarçando estar à vontade, tentando desmentir o que nunca foi confirmado: “Rita Guedes ainda dando o que falar, tá bombando. A gente ainda checando se procede ou não. Um apresentador da Record, Luiz Bacci, diz que ela não morreu (na verdade ele leu o que o profissional da outra emissora escreveu no Twitter). Mas a gente ainda está com a pulga atrás da orelha”, afirma Lysandro. A que ponto chegou essa área do entretenimento? Pulga atrás da orelha sobre se alguém morreu ou não morreu?

Adriane interrompe Lysandro para dizer que “A própria @ritaguedes ‘tá’ falando ‘para, porque vocês vão assustar a minha mãe’. Ela falou comigo”, afirmou a apresentadora, sem esclarecer que Rita não tinha falado e sim escrito para ela (Adriane), via Twitter. Estranho é que o mesmo Twitter de Rita que Adriane no começo disse não ter certeza se era o oficial, foi o mostrado para acabar com a “polêmica armada”. Estão precisando ser Muito Mais responsáveis e Bem Menos irresponsáveis.


“Quem Fica Em Pé”: Datena aposta no estilo sedutor de Silvio Santos em seu novo programa na Band, mas ainda falta muito para atingir a descontração do dono do Baú


José Luiz Datena bem que tentou fazer a linha descontraída como apresentador do programa de auditório “Quem Fica Em Pé?”, game que estreou na Band na noite dessa segunda-feira (9). Mostrar versatilidade é válido em qualquer profissional. Mas ele exagerou na dose e causou certo constrangimento dizendo gracinhas desnecessárias às jovens concorrentes no jogo. Elogiava os olhos de todas, anunciou que “adora mulheres baixinhas” e a todo momento pedia para Pablo Mazover, diretor da atração que é argentino, tocar um tango para ele dançar com a principal participante, Analice, técnica de futebol. “Ah se eu não fosse casado... Você tem quantos anos?”, se insinuou para a moça. “Vinte e seis”, ela responde. “Ih, é a idade da minha filha, então não vai dar”, disse ele, parecendo querer copiar o estilo Silvio Santos de ser. Mas ainda sem a mesma naturalidade do dono do SBT.

Em “Quem Fica de Pé?”, um concorrente fica no centro do cenário, em formato circular, para enfrentar outros desafiantes na resposta de perguntas simples sobre conhecimentos gerais. É preciso atenção, pois há limite de tempo para as respostas. Todos estão em pé sobre círculos que podem se abrir, para quem não acertar a resposta cair no buraco e ser eliminado. O prêmio final é de R$ 100 mil, mas eles podem ganhar valores menores em sorteios. Analice caiu no buraco ao não saber o nome do cantor brasileiro que fez sucesso no Brasil cantando “Arrebita”: Roberto Leal. “Não é do meu tempo”, tentou justificar ela após o encerramento. Realmente, é o tipo de argumento que não cabe em quem se inscreve para responder sobre conhecimentos gerais.

Anunciado pela Band como um game que faz sucesso em países como Estados Unidos, Israel e Espanha, com formato distribuído pela NBC Universal, na verdade ele já teve um similar no Brasil em 2002, quando a Record exibiu o “Roleta Russa”, baseado em um formato da Sony Pictures e apresentado por Nilton Neves. Como o nome dizia, eram os próprios concorrentes que, a partir de uma seleção, acionava uma alavanca que abriria qualquer um dos alçapões para que um deles caísse no buraco e fosse eliminado. Começou com a presença de anônimos e depois ganhou uma versão com artistas. Entre eles Adriane Galisteu, Gretchen, Otaviano Costa, Claudia Leitte. Ficou um ano no ar.

Assim como o jornalista esportivo Milton Neves teve sua chance de se arriscar em outra função, Datena está tendo a sua. Mas no seu caso a cobrança pode ser maior, principalmente porque ele continua sendo visto todas as tardes, na mesma emissora, à frente do “Brasil Urgente”, policial no qual denuncia bandidos com firmeza e faz cara de mal cobrando com veemência providências das autoridades. É preciso cuidado para que a vontade de mostrar muitas facetas ao mesmo tempo não acabe tirando dele uma qualidade importante em todo apresentador, que é ter um perfil próprio. Seja ele qual for.

“Quem Fica de Pé?” será apresentado às segundas, terças e quintas-feiras, às 21h20. Vamos ver se ele segura a onda quando o participante central for um homem.

domingo, 8 de abril de 2012

“Os Caras de Pau”: Leandro e Marcius fazem humor de forma ingenuamente moderna e despretensiosa. Mas precisam ter cuidado para não exagerar no pastelão

Chico Anysio ganhou uma homenagem especial logo no começo da volta de “Os Caras de Pau”, estrelado por Leandro Hassum e Marcius Melhem, à programação da Globo nesse domingo (8). Na reforma feita na cidade cenográfica do humorístico, a rua principal agora leva o nome do comediante falecido no dia 23 de março passado. Essa é apenas uma de muitas novidades. As gravações não estão mais restritas ao Projac, saindo também para externas fora da cidade do Rio de Janeiro, como Fortaleza e Angra dos Reis. E não é preciso nem dizer que Leandro e Marcius, interpretando Jorginho e Pedrão, respectivamente, continuam garantindo situações de comédia da melhor qualidade. Dentro de um estilo retrô nos cenários e figurinos, os dois fazem um humor usando uma forma ingenuamente moderna e despretensiosa. Mas precisam ter cuidado para não errar na medida e exagerar no pastelão. Saída fácil que já era usada antes mas começa a ficar um pouco exagerada agora.

Alexandra Richter, que fez Babi, a terceira “cara de pau” na temporada passada, dessa vez ficou de fora, pois a atriz foi escalada para a próxima novela das sete, “Cheias de Charme”. Marcello Caridade continua fazendo graça como o Seu Manuel, dono da padaria, assim como o ator Márcio Lima se mantém no posto do porteiro Zé Marilson, do Edifício Golias, onde moram os protagonistas. Atores que entraram para interpretar novos personagens aos poucos devem mostrar estar em sintonia com a equipe. O comediante paulista Márcio Ribeiro fazendo Andrea Broncoli, um italiano bonachão e mal humorado dono de um supermercadinho, Juliana Guimarães, a Das Dores, empregada doméstica de Jorginho e Pedrão, já deram sinais de que vão aproveitar a “escada” que ganharam. Além de Antônio Fragoso e Ícaro Silva, que também contribuíram para ampliar a possibilidade de expandir o universo dos protagonistas.

Essa é a terceira temporada de “Caras de Pau”, que ganhou horário fixo na programação da emissora em 2010, a partir de um especial de fim de ano exibido em 2006. E já ganhou até o Prêmio Montreux Comedy Awards, na Suíça, na categoria melhor sitcom Internacional. Se não cair na mesmice, o programa, que tem redação final de Marcius Melhem, direção geral de Márcio Trigo e direção de núcleo de Marcos Paulo, poderá ter tudo para esquentar o cardápio humorístico do almoço dominical.

sábado, 7 de abril de 2012

“Aquele Beijo”: Diogo Vilela é o ‘cabra’ mais versátil da novela. Só com o olhar, chora quando está feliz e sorri quando está triste


Diogo Vilela é um daqueles atores que prende a atenção do público em qualquer situação: seja fazendo humor na TV, como em “TV Pirata” e outros tantos programas, seja no cinema, em "O Auto da Compadecida", entre outros filmes de sucesso, seja mergulhando no mundo dramático de Shakespeare interpretando “Hamlet” no teatro. Quem teve a chance de vê-lo nos palcos com certeza reconhece a diferença. É um ator que parece engolir o personagem para depois deixá-lo saltar através de seus olhos, seu gestual, a entonação de cada palavra. Não tem sido diferente em “Aquele Beijo”, novela das sete da Globo que está em sua reta final.

Seu personagem, o nordestino Felizardo, ao longo desses oito meses de novela inspirou os mais diversos tipos de sentimentos no telespectador: desprezo, pela forma machista como trata sua mulher, Locanda (Stella Miranda); revolta, porque sua ingenuidade não o deixa perceber que está sendo enganado pela falsa irmã, Damiana/Toinha (Bia Nunes); indignação, por tratar a filha Raissa (Maria Maya) como se fosse uma bastarda, e agora, apesar de todos os seus defeitos, consegue despertar pena por estar sendo enganado mais uma vez e não saber que Agenor (Fiuk), seu maior orgulho, na verdade é filho biológico de... Fábio Jr.

A cena de sexta-feira (6), em que Agenor, já sabendo que não é filho biológico dele, diz: “Na vida, o que importa não são as instituições e sim o afeto, o sentimento. Eu, por exemplo, apesar de todas as suas maluquices, te adoro, pai!”, foi marcante. Emocionado, mesmo sem saber da verdade, o nordestino chora e abraça o rapaz. E no capítulo desse sábado (7), desmoronou ao ser esnobado por Locanda e assumir que é apaixonado pela mulher. É a partir daí que Felizardo parece começar a deixar que a emoção fale um pouco mais alto do que a razão e o instinto de sobrevivência herdado de suas raízes.

Felizardo é um cabra da peste, mas só a interpretação de Diogo Vilela seria capaz de não transformá-lo em uma caricatura de Lampião. O ator tem o equilíbrio certo na hora de pesar a emoção com gestos rudes, reações até mesmo grotescas, fruto da necessidade de sobrevivência após a trajetória difícil que teve. Apenas com o olhar, Diogo consegue chorar quando está feliz e sorrir quando está triste.

Com tantos desfechos já previsíveis, a reação de Felizardo ao saber que Damiana não é sua irmã e Agenor não é seu filho, com certeza será uma das cenas mais aguardadas no fim de “Aquele Beijo”. E é de se esperar que Diogo não fique novamente mais de uma década longe das novelas. Ele faz falta.