terça-feira, 29 de novembro de 2011

“CQC”: Sem carisma, novo integrante é mais um oriundo do stand up e, como a maioria do grupo, fixado no próprio merchan


Maurício Meireles parece ter chegado ao “CQC” com um atraso de três anos e meio. O novo repórter do programa da Band demonstra claramente uma tentativa de repetir uma fórmula que dava certo na estreia do  “CQC”, em 2008, quando os integrantes faziam graça bancando os repórteres inexperientes  e que faziam perguntas aparentemente audaciosas escondidas por trás de caras de ingenuidade. Danilo Gentili foi um dos melhores nesse papel. Mas... A fórmula ficou batida demais. E por mais que Maurício tente, apresentando -se aos entrevistados com uma humildade forjada de quem está estreando na função, não convence nem tem mais graça. 

Maurício é mais um que vem dos palcos fazendo comédia stand up, como todos os outros integrantes: Felipe Andreoli, Rafael Cortez, Danilo Gentili, Oscar Filho, Marco Luque, e Rafinha Bastos. Esse último, apesar de não aparecer mais no ar, depois do episódio já lembrado aqui,   ainda tem seu nome incluído entre os apresentadores no blog oficial do “CQC” no site da Band. Já o de Maurício Meireles, que estreou no dia 21 deste mês, ainda não aparece na relação. Estará em “período de experiência”?

Se for esse o caso, seria bom o "novato" começar a criar uma identidade própria e buscar fazer a diferença onde todos os outros parecem ter se acomodado no caminho fácil de repetir sempre o igual, que deu certo no começo, mas que se esgotou. A sensação que se tem é de que o “CQC” virou apenas uma vitrine para humorista interessados em atrair público para seus shows stand up.

Não é à toa que, ano passado, Danilo Gentili e Rafinha Bastos abriram até uma casa noturna com shows desse gênero em São Paulo. Nada contra eles usufruírem e tirarem vantagem da propaganda gratuita. Mas, ao demonstrarem estarem muito mais interessados em um negócio vantajoso apenas para eles fora da TV, quem está perdendo é o telespectador.  

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

“Ed Mort”: Fernando Caruso passa com competência na sua primeira missão de dar vida ao famoso detetive das histórias em quadrinhos criado nos anos 70


Pode parecer uma investigação preliminar que pode dar certo, ou não. Mas, numa primeira averiguação, percebe-se um sinal de que há grandes chances de que, dessa vez, as aventuras de “Ed Mort” tenham chances de chegar a um resultado mais promissor. Estreia desse sábado (26) no Multishow, a série inspirada no texto de Luis Fernando Veríssimo promete superar outras adaptações feitas da mesma obra. E muito se vale pela interpretação diferencial dada por Fernando Caruso. Não há como não perceber que o ator se vale também de uma situação fisiológica, com olhos esbugalhados, para tornar Ed ainda mais de Mort. Ponto para ele!  Fez do limão uma bela limonada.

A história começou com o livro “Ed Mort e Outras Histórias”, de 1979, e ganhou a TV nos anos 80 no humorístico “Viva o Gordo”, interpretado por Anselmo Vasconcelos. Na mesma época chegou aos quadrinhos, com textos originais de Veríssimo e arte de Miguel Paiva. Nos anos 90 foi para o cinema, interpretado por Paulo Betti. Na mesma década voltou para a TV com Luis Fernando Guimarães e para o teatro com Nizo Neto. Mas, nenhuma das produções anteriores pareceu conseguir transpor o personagem com sucesso dos livros para as telas e palcos.

Nessa nova tentativa de trazer para a TV a história do detetive Ed Mort, detetive particular que vive no Rio de Janeiro trabalhando em um cubículo na companhia de um ratão albino chamado Voltaire, atrapalhado e sem dinheiro, chama a atenção também a forma como é mostrada a forma como o gaúcho, morador de Porto Alegre e inspirador da série Luís Fernando Veríssimo, inspira os adaptadores para mostrarem Copacabana. As tomadas aéreas são bem interessantes e feitas com cuidado de novela. Um cuidado de direção que, percebe-se, não está preocupada apenas em fazer humor, mas também em mostrar imagens de qualidade.

No primeiro episódio da temporada, Ed Mort é surpreendido por uma bela cliente, em uma participação de Daniella Sarahyba, que está desesperada com o desaparecimento de seu marido. No elenco ainda estão Letícia Novaes e Gustavo Pereira, também peças chave no desenrolar das tramas. A chamada para o segundo episódio já promete algo novo. E é isso que faz toda a diferença: não se repetir. Já que cada investigação é uma nova investigação...  



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sábado, 26 de novembro de 2011

“Revenge”: Série de suspense e roteiro novelístico estreia com aviso que sinaliza o que vem pela frente: “Antes de embarcar em uma vingança, cave duas covas ".


Um crime acontece em meio a uma festa sofisticada, regada a champanhe e na qual circulam milionários bem vestidos e que destilam um veneno disfarçado por trás de sorrisos cínicos e ódios ocultos. A série “Revenge”, estreia dessa semana no canal Sony, traz todos os elementos que podem levar muitos a compará-la a uma novela ao melhor estilo Gilberto Braga. Mas talvez seja até melhor do que muitos folhetins que andam por aí, já que no fim do primeiro episódio o roteirista e produtor Mike Kelley conseguiu deixar no ar a curiosidade sobre o que virá na próxima terça-feira (29). Coisa que, talvez por serem diárias, nem sempre acontece com nossas novelas.  

A presença de Emily VanCamp como protagonista, depois de ter marcado sua imagem nas sériesBrothers & Sisters” e “Everwood”, pode até ajudar como merchandising.  Mas de nada valeria se o roteiro não tivesse uma história consistente, recheada de drama, suspense e uma pitada, bem econômica, de romance.

Em “Revenge”, a atriz surge como Emily Thorne, mas na verdade é Amanda Clarke. Jovem, bonita e rica, Emily cresceu em um internato. Ela acaba de se mudar para Hamptons, uma praia próxima a Nova York, frequentada por celebridades. E surge 17 anos depois para vingar-se de Victoria Grayson (Madeleine Stowe), a toda-poderosa que fez seu pai ser preso acusado injustamente de terrorismo. Na cadeia, ele morreu. E, ao sair do internato, Emily/Amanda recebe a herança deixada pelo pai, que será usada para que ela faça seu acerto de contas.

A série usa de um artifício que geralmente costuma dar muito certo. Na estreia, tudo começa em uma festa e, após o crime, retrocede-se no tempo cinco meses atrás para contar como tudo começou. E aí vão sendo desatados os nós da trama. Ao mesmo tempo em que vão sendo tirados da manga Ases de ações ainda ocultas.

Não há como não destacar a cena em que Emily, ao ser apresentada à insuportável Victoria, acaba, indiretamente, revelando que a melhor amiga da dona da festa é amante do marido dela. Indiretamente? Ou já faz parte do seu plano de vingança.

Afinal, como ela mesma avisa, esta não é uma história sobre perdão. É sobre vingança. E, para deixar bem claro, a série já começa com uma mensagem de Confucius: “Before you embank on a journey of revenge, dig two graves”.

Emily/Amanda e seu pai

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

“Força Tarefa”: Nirvana na trilha sonora mais roteiro, atuação e direção impecáveis contribuem para tornar a série "viajante"


Assistir a “Força Tarefa” nas noites de quinta-feira na Globo tem sido uma verdadeira aula de como se é possível levar a linguagem do cinema para a televisão sem perder a sensibilidade para a diferença que há entre a dimensão de uma tela para outra. Sem falar no cuidado e qualidade que se percebe em cada roteiro, que mostra entender e valorizar tanto um público quanto o outro.

A série, com a direção de núcleo de José Alvarenga Jr. e escrita por Fernando Bonassi e Marçal Aquino, tem surpreendido a cada semana desde quando estreou, dia 3 de novembro. Mas, tirando a excelência de roteiro, elenco e direção, sem dúvida a trilha sonora tem sido um elemento à parte a contribuir no sucesso do programa. Não é preciso nem citar o tiro certeiro em colocar Titãs e sua “Polícia” na abertura.

Mas o que se tem visto na escolha da trilha sonora nessa terceira temporada é um mergulho em sons que marcaram os anos 80 e 90 e têm pontuado cada episódio. Isso depois de ter começado com “Lacrimosa”, de Mozart, até chegar a “Come As You Are”, de Nirvana, repetida exaustivamente no episódio em que a mulher do capitão Wilson (Murilo Benício), Jaqueline (Fabíula Nascimento), estava seqüestrada por um ex- namorado psicopata. A escolha tem sido pontual e deixado sua marca em cada situação.

Difícil, senão quase impossível, atribuir a apenas uma parte da equipe a qualidade do produto. Mas há que se ressaltar a visão à frente de sua época e aberta a todos os gêneros como tem José Alvarenga Jr.. O diretor, pioneiro no Brasil por utilizar câmaras de cinema com gravação em película e pelo processo de filmagem diferente do utilizado em televisão no seriado “Mulher”, anos 90, além de bem sucedido no drama também marcou época com a comédia “Os Normais”. E agora vem se superando fazendo uma série policial. 

A sintonia entre um diretor, sua equipe e elenco, sente-se no resultado. E essa sintonia, conhecida de quem  acompanhou os bastidores de suas gravações, ele tem mostrado novamente, como já fez dirigindo tantas outras produções. É um diretor mais uma vez diversificando e imprimindo sua assinatura.
 


terça-feira, 22 de novembro de 2011

“Marcas da Vida”: A câmera nervosa mostra que programa sobre dramas reais parece um barco à deriva sem porto seguro à vista


Aposta da Record para melhorar seu desempenho no Ibope nas tardes de segunda a sexta-feira, “Marcas da Vida”, que estreou nessa segunda-feira (21), não atingiu o intento. A emissora continua em terceiro lugar em audiência no horário nesses dias. O programa parte de dramas da vida real relatados no blog da jornalista Helena Lemos, que são interpretados por atores e comentados por especialistas. O primeiro episódio tratou de um caso de adultério, com o marido exigindo teste de paternidade da filha do casal. Um advogado falou sobre as leis vigentes nesses casos. O segundo, dessa terça-feira, girou em torno de uma jovem com anorexia. Médicos falaram sobre a doença.

Incomoda o fato de que, tirando os profissionais especializados que dão as explicações técnicas, todo o resto é fake. A começar por Helena Lemos, que é apenas uma personagem interpretada pela atriz Maga Bianchi. Se era para ter tom jornalístico, então por que não buscaram um profissional da área? A atriz, desconhecida do grande público, como todo o resto do elenco, vive uma personagem que está dentro da história, entrevistando os envolvidos no caso, e que também apresenta o programa. Ou seja, uma repórter e apresentadora fictícia, numa atração cuja proposta é mostrar marcas da vida real.    

Aliás, tirando o fato de mostrar dramas supostamente contados por pessoas reais no site do programa na internet, nada mais tem de semelhante com a série “Caso Verdade”, exibida nos anos 80 pela Globo, como foi sugerido antes da estreia. O formato da Globo era outro: a cada semana era contada uma história em cinco capítulos e atores se revezavam na apresentação. Tony Ramos, Regina Duarte, Júlia Lemmertz foram alguns deles.

“Marcas da Vida”, cujo formato pertence à britânica Fremantle Media no Brasil, mesma produtora de realities como “O Aprendiz” e “Ídolos”, faz lembrar mais os casos mostrados no programa que Márcia Goldschmidt tinha na Band. A diferença é que Márcia tinha debate no palco, com platéia, e carregava as tintas no sensacionalismo.

 A câmera nervosa também dá uma certa aflição, pois balança tanto que parece até que todos estão em um navio. Aliás, o cameraman é mais um personagem, não mostrado para o público, mas que tem sua presença revelada pelos personagens. No primeiro episódio, por exemplo, em que o marido descobre que não é pai biológico da filha de 6 anos do casal, as brigas entre ele e a mulher são interrompidas por ela, mandando o câmera parar de gravar. O que também soa falso. Falta mais verdade para atracar em um porto seguro.

Para a primeira temporada estavam previstos 25 casos. Destes, sete estão prontos. Mas, diante do fraco desempenho, não será surpresa se o programa sair do ar sem deixar suas marcas. Coisas da vida.



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

“Skins”: Adolescentes de primeiro mundo que se comportam, ou são mostrados, de uma forma de quinta categoria


“Skins”, estreia desse domingo (20) no Multishow, poderia ser apenas mais uma série teen, não fosse uma trama tentando ser polêmica ao flertar com a promiscuidade. O programa parece ter sido criado apenas para gerar controvérsias ao tentar generalizar um cotidiano de adolescentes ingleses medíocres, como se todos vivessem realmente mergulhados no submundo das drogas e do sexo. Infelizmente essa pode ser uma realidade que atinge altos índices, no caso, na Inglaterra, mas é perigoso generalizar. Principalmente porque mostrar aos jovens o bom em clima careta e didático perde totalmente o valor após ter mostrado o mau em clima de festa.

“Skins” conta a história de um grupo de amigos, Tony, Sid, Effy, Michelle, Chris, Cassie, Jal, Anwar e Maxxie, que tem entre 16 e 18 anos e moram em Bristol. Cada um com uma personalidade e uma história de vida conturbada. Como Anwar, um muçulmano que vive sob os costumes da sua cultura e religião, até ter que encarar um obstáculo recorrente em sua relação com o melhor amigo, Maxxie, que é homossexual assumido. E Cassie, uma adolescente que sofre de distúrbios alimentares.

O que foi a cena no episódio de estreia da garota na cama elástica pedindo para transar logo com o amigo, pois os comprimidos que tinha tomado antes já estavam fazendo efeito? E a festa inteira se dispersando para não se envolver na overdose da outra? Sem querer ser moralista, mas uma série que já começa com enfoque em uma festinha com cenas de consumo de drogas, orgias e overdose, e cenas de nu gratuitos sem justificativa para tal, tratando tudo como se fosse uma grande piada contestatória de algo que nem eles sabem exatamente o que é, não me parece ser um programa que tenha um pouco de conteúdo a oferecer. Até a possibilidade de polêmica se esvazia no nada.

Um ponto que pode ser considerado favorável é a trilha sonora, que tem entre outros Radiohead. E fica por aí... Pouco, né? No mais, é tudo muito vulgar e apelativo. Mas lá fora faz sucesso...