sábado, 30 de julho de 2016

“Malhação - Seu Lugar No Mundo”: Na reta final da temporada, ação, emoção e dramas da vida real vividos em qualquer idade


Há poucas semanas de completar um ano no ar, “Malhação – Seu Lugar no Mundo” chegou à sua reta final mantendo o fôlego mostrado desde sua estreia, com agilidade no desenrolar das tramas e reafirmando um amadurecimento progressivo tanto no conteúdo quanto no tratamento dado por seus realizadores. Aquela que em 1995 estreou sendo chamada de soap opera ou série e depois até ganhou o apelido de “novelinha” dos finais de tarde da Rede Globo, já pode ser promovida sem erro ao gênero Novela.

As ações que pontuaram os capítulos que foram ao ar nessa semana e que culminaram com a morte de Filipe (Francisco Vitti), fugindo do jovem traficante Samurai (Felipe Titto), mostraram um crescimento também no trabalho de direção, no caso feita por uma equipe capitaneada por Leonardo Nogueira. Curioso que essa temporada começou em agosto do ano passado também buscando retratar a forma como as pessoas lidam com a morte de um ente querido. Principalmente aquelas mais próximas. Lá atrás, foi o drama de uma mãe, Ana (Vanessa Gerbelli), que perde o primogênito, João (João Vithor Oliveira), também em um acidente. Agora veio a comoção com o sofrimento de Nanda (Amanda Godoi), a noiva de Filipe, que foi surpreendida pela notícia da tragédia enquanto preparava o apartamento do casal. Se Ana transferiu seu amor materno para o bebê que Ciça (Júlia Konrad), namorada de João, esperava, agora Nanda vai buscar forças defendendo a doação dos órgãos de seu noivo para auxiliar outras vidas.   

É preciso destacar o papel fundamental dos autores que a cada ano estão se aprimorando no tratamento de temas delicados e de extrema relevância para o público, dando a eles o cuidado e atenção que requerem. Como no caso dessa vigésima terceira temporada em que Emanuel Jacobina – que foi um dos criadores de “Malhação” ao lado de Andrea Maltarolli e agora dividiu a autoria com Rodrigo Salomão - movimentou a história com dramas pessoais e sociais que, no seu devido momento, envolveram personagens de todos os núcleos.

Foi levando para a ficção de um universo jovem acontecimentos que fazem parte da vida real em qualquer idade que “Seu Lugar No Mundo” tocou em casos polêmicos e trouxe esclarecimentos, como o caso de Henrique (Thales Cavalcante), um jovem soropositivo que teve que enfrentar os pais de sua namorada, que temiam que a filha pudesse ser contagiada. O racismo foi abordado de uma forma imparcial através do romance entre Beto (Maicon Rodrigues) e Lívia (Giulia Costa), que tiveram que derrubar o preconceito tanto da avó do garoto, que não aprovava a nora por ela ser branca e de uma classe social mais favorecida, quanto do pai da garota, que não via o genro com bons olhos por ele ser negro. Já Samurai, cujo destino que terá no último capítulo ainda é mistério, foi peça-chave para tratar de questões como o tráfico entre jovens, estupro e violência.  

Sem falar da discussão sobre Educação no país, que sempre teve destaque no decorrer de toda a novela, mostrando a divisão entre ensino público e privado, a falta de infraestrutura nas escolas públicas e do pagamento em dia dos professores. A preocupação com emprego, ou a falta dele, tanto entre os jovens quanto entre os adultos, corrupção envolvendo a construtora do pai de uma estudante, romance entre uma mulher madura e um jovem e até o um triângulo amoroso entre uma menina e dois amigos.

Enfim, essa foi uma temporada que conquistou o “seu lugar no mundo”, parodiando o próprio título. E vale lembrar que seu fim foi antecipado apenas por causa das transmissões das Olimpíadas. O último capítulo vai ao ar na próxima terça-feira, 2 de agosto, e a próxima, a vigésima quarta, estreia no dia 22 do mesmo mês.



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sexta-feira, 29 de julho de 2016

“Super Chef Celebridades”: Emocionada, Julianne Trevisol vence “panelinha” formada por famosos em quadro do “Mais Você”


A imagem de Julianne Trevisol comemorando sozinha sua vitória no “Super Chef Celebridades”, quadro do “Mais Você” da Rede Globo, nessa sexta-feira (29), só veio reforçar a ideia já evidenciada no começo da competição de que havia no ar uma certa tentativa forçada por parte de Ana Maria Braga de fazer dessa turma “a mais animada” de todos os tempos. Tanto a animação quanto a tal “união” da turma foi falsa, e isso ficou evidente quando se viu os demais concorrentes, André Gonçalves, Danielle Winits, Eri Johnson, Carolina Oliveira, Mumuzinho e Fernanda Venturini se mantendo à distância, sem irem cumprimentar a vencedora. Talvez se Minotauro estivesse presente, fosse o único a abraça-la, já que também nunca fez questão de fazer parte da “panelinha”. E, como a atriz, o lutador visivelmente era o mais empenhado em estudar e realmente aprender a cozinhar. Não estava ali apenas para aparecer e ser assunto nas redes sociais.

Até mesmo a apresentadora parecia perdida esperando o cálculo dos pontos do vitorioso, esperando que o resultado fosse outro para o encerramento ter a mesma animação que ela tanto fazia questão de exaltar exageradamente nessa edição. Ana Maria tocou tanto nessa tecla que André extrapolou nas afetações, tentando ser engraçado chamando os outros de “bi” ou de “menina” o tempo todo; Eri, como sempre, não parava de interpretar o personagem cheio de caras e bocas que há anos criou para ele mesmo; Danielle quis fazer piada encarnando a “loura burra”, chegando ao cúmulo de dizer que codorna era um ovo, numa distração encenada e forçada para provocar risos, e Mumuzinho só queria cantar, mandar beijo para o pessoal da favela e cozinhar na aba dos outros, como se estivesse em uma extensão do “Esquenta”.

A jovem Carolina não teve tempo de mostrar a que veio, já que foi eliminada na primeira semana, mas poderia ter mostrado mais personalidade e educação quando teve essa chance. Fernanda, mais séria, ficava sempre na dela. Mas a atleta deixou clara sua contrariedade quando viu em Juliana uma concorrente forte na disputa por um espinafre. E bem que gostou quando viu o trio André, Dani e Eri tentando desestabilizar a atriz. Talvez Juliana tenha ficado mais próxima de Minotauro por que, apesar de exageradamente tranquilo, também percebeu o favorecimento dado a alguns participantes e inclusive reclamou que nas provas individuais os “amiguinhos” se ajudavam como se estivessem fazendo a prova em grupo. Na ocasião, Ana Maria deu logo um jeito de anular a queixa do lutador para defender seus “queridinhos”.    

A vitória de Julianne não era previsível, mas era esperada. Não era previsível por se tratar de uma atriz que, embora tenha começado sua carreira na Globo, nos últimos dez anos vinha atuando na Record e, ao retornar à emissora ano passado já se destacou como a Lu de “Totalmente Demais”. Ou seja, estava concorrente com figurinhas mais conhecidas e com território marcado na casa. Mas, vendo pelo lado realmente sério da gastronomia e deixando de lado a preferência dos fãs por um ou outro famoso, era esperado que a atriz levasse o prêmio pela forma como desde o começo foi a que melhor se saiu nas provas, conseguindo três vezes a imunidade por alcançar as melhores notas. Não foi à toa que no Quiz feito com os três finalistas com perguntas sobre os ensinamentos dados a todos, a atriz acertou as cinco questões e saiu na frente com um ponto.

Na final, ficou muito feio ver Juliana nervosa, chorando porque estourou o tempo para servir seus pratos, e os outros participantes não lhe darem qualquer apoio moral. Deixaram ela sentada isolada, na ponta. Danielle Winits estava até dançando com a música de fundo, com os braços para cima, como se estivesse comemorando com André e Eri por verem a terceira finalista arrasada. Mas a justiça foi feita e os jurados, os chefs Rafael Costa e Silva e Claude Troisgros e os atores Débora Nascimento e Eriberto Leão, souberam colocar a dedicação e a emoção da concorrente à frente das gracinhas e falta de comprometimento dos demais.

Vale ressaltar ainda que foi muito boa a substituição de Ludmila Soeiro no posto de chef fixo no quadro. Rafael Costa e Silva é tão exigente quanto a outra chef, porém ele é mais coerente nos seus critérios de avaliação dos pratos e do desempenho dos concorrentes e não se deixa levar pela bajulação de alguns famosos. Tomara que Rafa seja mantido nas próximas edições. Espera-se também que com as próximas turmas Ana Maria Braga saiba disfarçar um pouco mais suas preferências em relação a uma ou outra celebridade e não se esqueça da imparcialidade que deve manter do início ao fim no seu papel de apresentadora.



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quinta-feira, 21 de julho de 2016

“Gugu”: Entrevista como a da repórter que acusa Biel de assédio se perde por não fazer avaliação das atitudes dos envolvidos


Se o sensacionalismo que marca alguns programas na TV aberta começasse a receber um tratamento diferenciado, talvez essa sede por polêmica acabasse prestando um serviço social a seu público alvo. Mas infelizmente não é o que acontece. Como se viu no “Gugu”, programa apresentado por Gugu Liberato na Rede Record, nessa quarta-feira (20), quando exibiu uma reportagem feita pela repórter Tathiana Brasil com a estudante de Jornalismo Giulia Pereira, de 21 anos, que no começo de maio denunciou ter sido vítima de assédio enquanto entrevistava MC Biel. A questão começa pelo fato de que pessoas que se expõem diante de câmeras estão predispostas a serem alvo de qualquer tipo de julgamento. E aqui não me refiro à acepção jurídica, mas sim ao juízo de valor que qualquer um pode manifestar através de sua avaliação pessoal dos fatos. Então, por que não aproveitar situações como essas para expandir a discussão e realmente exercer uma função social?  

No caso dessa entrevista, o programa ao menos se preocupou em deixar claro que Giulia ainda não é jornalista, como foi tratada pela mídia em geral quando o caso aconteceu, mas sim uma estudante de Jornalismo que trabalhava como estagiária no Portal IG. Pode parecer apenas um detalhe, mas ninguém chama um estudante de Medicina de médico ou um estudante de Direito de advogado. Mas, fora isso, os esclarecimentos que realmente deveriam ser buscados em torno do ocorrido foram esquecidos. Aí não é tão somente o caso de mostrar também a versão do MC Biel que, procurado pelo programa não quis se manifestar. Mas a reportagem poderia ter sido valorizada se fosse feita uma análise imparcial tanto do comportamento do acusado de assédio quanto da acusadora. E já que apenas Giulia quis se expor, restou avaliar o comportamento dela.

Para começar, a repórter Thatiana Brasil tentou apresentar a estudante como experiente em entrevistar famosos, só que em sua “lista” além de dois ou três artistas, ela despistou citando “outros” em coletivas de imprensa. Aí vem a questão em si do “assédio”, cuja denúncia se baseia na frase: “Se eu te pego eu te quebro no meio”, dita pelo MC durante a entrevista. E a estagiária contou que na hora começou a cortar perguntas que havia preparado que, segundo ela, “poderiam dar margem a esse tipo de resposta”. Fiquei curiosa em saber que perguntas eram essas para avaliar o nível da pauta preparada por ela. Se poderiam dar margem a respostas de baixo calão, então a repórter deveria estar preparada para qualquer reação e para manter o controle sobre a situação. E, acima de tudo, para deixar bem claro o limite do respeito de ambas as partes.

Para completar, o vídeo não mostra uma repórter se comportando com profissionalismo. A estagiária ria de tudo o tempo todo, jogando-se para trás no sofá e fazendo charme com os cabelos. Passou longe da forma naturalmente “simpática e descontraída” necessária em reportagens cujo público alvo são os jovens. Aí ela tentou se defender na entrevista para o programa: “Como estagiária eu não posso levantar e ir embora”, argumentou. Será que ninguém ensinou a ela que nenhum repórter deve fazer isso durante uma entrevista, salvo se tiver uma razão muito justa? E se chegar ao ponto de fazer, tem que estar seguro de que de sua parte a entrevista teve a condução mais séria e profissional possível.

Em determinado momento, Giulia diz que se sentiu incomodada porque Biel perguntou se ela queria comprovar se ele era hetero (sexual). Só que em nenhum momento é destacado que foi a própria que perguntou para o entrevistado, aos risos e fora de contexto, se ele era bi (sexual). E, mesmo naquele clima que já estava para lá de estranho e inconveniente da parte dele, ela ainda perguntou: “Te incomoda se te pedem um selinho?”. Que tipo de resposta ela esperava estando diante de um cantor cujas letras das músicas tem um claro apelo sexual e evidenciam claramente seu perfil de nova celebridade acostumada a conquistas fáceis?

Aí pode-se fazer vários tipos de avaliações dos dois lados. Da parte dela, pode-se até pensar que talvez esteja acontecendo uma falha no ensino que esses jovens estão tendo nas faculdades de Jornalismo. Será que não estão preparando os estudantes para esse tipo de mídia em que se encontra todo tipo de celebridade? Assim como houve uma falta de sensibilidade dos editores do portal em que ela estagiava ao mandar uma jovem inexperiente e aparentemente deslumbrada com o meio artístico para esse tipo de entrevista. Por outro lado, é preciso lembrar também que a gravadora do cantor, que ofereceu entrevistas individuais para vários veículos com o intuito de divulgar o CD do artista, deveria ter um mínimo de preocupação com a orientação dada sobre o comportamento de seus jovens contratados, igualmente deslumbrados com a fama.

Por fim, se existem programas que exploram esse tipo de tentativa de polêmica em torno de assuntos tão desqualificados é porque há telespectador assistindo isso. Então, por que não aproveitar e tentar fazer desses personagens que pipocam diariamente em busca de holofotes um instrumento que sirva para se exercer um mínimo da função social que a televisão tem condições de prestar? Ao invés de mostrá-los apenas por mostrar, por que não usá-los como exemplo de tudo que não deve ser e que não faz falta na sociedade, e assim tentar qualificar um pouco mais a própria audiência?




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quarta-feira, 20 de julho de 2016

“Escrava Mãe”: Atrizes jovens e veteranas se destacam por atuação impecável vivendo personagens que são peças-chave da trama


Há um mês e meio no ar, “Escrava Mãe”, novela das 19h30 da Rede Record, tem mantido uma trajetória linear na qualidade evidenciada desde a estreia, não apenas por manter um ritmo acelerado nos acontecimentos e direção e edição ágeis, como também pela atuação impecável do rol de atrizes escolhidas para viverem personagens que são peças-chave no desenrolar de todas as tramas. Além de uma produção caprichada, o elenco no geral foi muito bem escolhido e a cada capítulo todos os atores parece estarem mais perfeitamente encaixados em seus personagens. O resultado desse contexto reflete uma tendência que vem se fortalecendo entre a maioria dos autores de novela que é a de não manter o ponto alto de qualquer folhetim focado em uma única protagonista.

Mas, voltando a falar sobre a ala feminina de uma história de época em que os homens tinham o poder absoluto, Jussara Freire vem apenas reafirmar sua versatilidade ao esbanjar talento em qualquer tipo de personagem que lhe caia nas mãos. Não está sendo diferente com a histriônica Urraca de Góis Almeida, ou Marquesa de Barangalha, uma mulher completamente fora do eixo, sem limite para a bebida e para a luxúria, obcecada por escravos fortes e aficionada pela nobreza. O rol de defeitos de Urraca, no entanto, ganham um tom irônico e divertido na interpretação da atriz, que sabe não extrapolar e vai exatamente até onde permite o limite do engraçado. Jussara consegue transformar várias cenas solitárias em verdadeiros monólogos que dispensam contraponto. É como se contracenasse com ela mesma.

Luiza Tomé também está sabendo aproveitar sua oportunidade de fazer um retrato bem traçado da dona de bordel que tem os coronéis na palma da mão. Como já é tradicional no perfil desse tipo de personagem, Rosalinda Pavão é aquela mulher esfuziante que esconde uma ferida do passado mal cicatrizada. No caso, uma filha recém-nascida que ela abandonou da Roda dos Enjeitados. Mas ela sabe disfarçar seus traumas. E Luísa faz com Jussara uma boa dobradinha nos embates entre Rosalinda e Urraca. Assim como Bete Coelho encontra em Beatrice, uma mulher que oscila entre realizar um amor adormecido ou se manter como a matriarca tradicional, uma forma de surpreender com sua interpretação ora contida ora impetuosa.

Thaís Fersoza, por sua vez, deixa de apenas perambular pelo entorno como a boazinha ou a mazinha e assume com segurança o posto de maior vilã da história. Sua personagem, Maria Izabel, a filha mais velha de um poderoso coronel, já assassinou o próprio pai a sangue frio, teve um filho bastardo em meio a um acampamento cigano, e não mede as consequências para se tornar a toda poderosa dona das propriedades e de toda a herança da família. Thaís encontrou o tom certo da personagem. E Lidi Lisboa também está sabendo aproveitar a chance de se destacar como a mucama da sinhazinha má. Esméria, a escrava insuportavelmente inescrupulosa, caiu como uma luva na interpretação da atriz.

Já Gabriela Moreyra, no papel da escrava Juliana, tem uma beleza peculiar e fotografa muito bem, mas talvez lhe falte uma direção mais incisiva que realmente extraia da atriz uma entrega visceral e convincente como a personagem-título da novela. Também não ajuda a forma desnecessária e desgastante com que perdem tanto tempo com cenas em que Juliana e seu grande amor senhor Miguel (Pedro Carvalho) sofrem ao som de “Como Vai Você?”. Tudo bem que trata-se de um grande sucesso do início dos anos 70, composto por Antônio Marcos e gravada por Roberto Carlos, mas não haveria a menor necessidade de tocar a música inteira toda vez que os dois apaixonados aparecem, juntos ou separados. Até na trilha sonora as outras personagens femininas ficam na frente.


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domingo, 17 de julho de 2016

“Tamanho Família”: Humor e emoção se perdem por falta de originalidade no formato e condução previsível e ultrapassada


Em sua segunda semana no ar, o “Tamanho Família” deste domingo (17), na Rede Globo, veio reforçar que o ponto alto está focado na ideia de investir muito na dobradinha humor de entrada e emoção no prato principal. Assim como aconteceu na estreia, o programa apresentado por Márcio Garcia começou com brincadeirinhas, sempre chamadas após um jogo de frases feitas que deixavam um gancho para o tipo de jogo que seria proposto, tendo na sequência homenagens dramaticamente comoventes feitas por parentes dos artistas convidados, levando todos às lágrimas. E, para terminar em alto astral, o apresentador logo faz um encerramento com um chavão meio forçado, dizendo: “Este é um programa para alegrar a família brasileira. É sempre assim, alegre e alto astral, como aquele almoço de domingo na família da gente!”. Parece até frase tirada de alguma cartilha de televisão de outras décadas.

No contexto geral, “Tamanho Família” não traz qualquer inovação em seu formato. Está lá a Família Lima fazendo às vezes da banda ao vivo, exatamente como o Ultraje À Rigor faz no “The Noite”, de Danilo Gentili no SBT; está lá uma plateia que praticamente não aparece nem interage, e está lá mais um apresentador-ator fazendo caras e boca e dando o máximo de si como quem deseja ganhar algum prêmio de melhor do ano. Em alguns momentos, parece ser a versão masculina de Fernanda Lima no seu “Amor e Sexo”, só que sem afetação - até porque, trata-se de um “programa família” - e com muito mais naturalidade.

Na estreia, domingo (10), quando as convidadas foram Bruna Marquezine e Juliana Paes, com representantes de suas respectivas famílias, não foi diferente. Juliana foi a menos preocupada em fazer pose de certinha e até se divertiu quando sua irmã entregou que ela gostava de tomar uma cachacinha. “Na verdade lá em casa é uma bagaça total. É pagode, é funk rolando, a gente grita pra falar”, brincou a atriz. Enquanto Bruna se comportou tão “naturalmente cuidadosa” com sua imagem como faz em qualquer entrevista.

Após muitas risadas, veio o momento “surpresa”, quando Bruna, revivendo a atriz-mirim-chorona de quando estreou em novelas, foi às lágrimas vendo seu pai cantar tocando violão para ela. E Juliana se desmanchou ao ver seus filhos no palco, com direito até à presença do maridão acompanhando os meninos. Nada muito diferente do que já foi e continua sendo feito em outros programas em qualquer emissora quando querem apelar e colocar uma pitada de dramalhão mexicano na vida real de anônimos ou famosos.    

Já nesse domingo (17), foi a vez de Fabiana Karla e Tom Cavalcante fazerem graça no começo e chorar no fim. Tom estava forçado no papel de pai de família engraçado, pois fora do ar ele próprio já assumiu ser mais sério longe das câmeras. Mas, diante da família animada da outra convidada, também quis se descrever como piadista em casa. A filha logo entregou: “Eu nunca recebi trote dele!”, garantiu ela. E no fim, mais uma vez, veio a hora do choro, com a menina cantando para ele. Com certeza a homenagem feita pelas filhas e pelo primo de Fabiana foi mais criativa, mais elaborada e mais emocionante, já que resumiu a história da trajetória artística da atriz.

De qualquer forma, é bem melhor assistir ao “Tamanho Família” conduzido por Márcio Garcia, um bom ator, mas que funciona muito melhor como apresentador, do que aguentar a superficialidade de Regina Casé ocupando o mesmo horário nos domingos da Globo com o seu “Esquenta”.




sexta-feira, 8 de julho de 2016

“Super Chef Celebridades”: Falta explorar o espírito competitivo dos famosos e realçar o sabor da gastronomia com descontração


A primeira semana da edição deste ano do “Super Chef Celebridades”, disputa culinária do “Mais Você”, da Rede Globo, se encerrou com algumas surpresas no quesito espírito competitivo dos famosos. Surpreendeu até Ana Maria Braga, que já havia dito que a nova turma daria muito o que falar por ser muito divertida. Para o “timaço”, como chamou a apresentadora, foram convocados os atores André Gonçalves, Danielle Winits, Eri Johnson e Julianne Trevisol, a atleta Fernanda Venturini, o lutador Minotauro e o cantor Mumuzinho, além da atriz Carolina Oliveira, que foi eliminada na primeira Panela de Pressão nessa quinta-feira (7). Mas descontração ingênua e cordial que imperou na estreia, segunda-feira (4), com todos querendo cada um ter o seu próprio cinco minutos de mais engraçadinho diante das câmeras, não durou muito tempo.

Houve até um climão no programa ao vivo dessa sexta-feira (8), quando foi exibida a gravação da disputa pela próxima imunidade. A prova consistia em preparar massas saborizadas a partir do workshop que todos tiveram com um chef italiano. Cada um deveria escolher uma das sete opções de ingredientes oferecidos para dar sabor à sua massa. Danielle, Fernanda e Julianne gritaram que queriam espinafre. Fernanda se apressou em pegar da bancada o pote com o vegetal. Dani se conformou fácil e trocou logo pelo açafrão. Julianne, no entanto, reagiu argumentando que as três tinham falado juntas que queriam espinafre. “A questão é ser mais rápido, não é falar, é agir”, replicou a ex-jogadora de vôlei, com ares de esperta e agarrada ao pote.

Só que a atriz não aceitou perder. A discussão continuou, mas foi editada, e o resultado final foi Julianne ficando com o espinafre, deixando a ex-jogadora de vôlei injuriada: “Eu não quero a imunidade. Fica pra você (o espinafre)! As regras são claras, mas você não sabe jogar, muito bem. Eu tenho fair play (ética no esporte)”, respondeu rispidamente Fernanda, pegando outra opção, a de ervas verdes. “E a partir de agora a gente está num reality, onde as pessoas não vão se dar mais bem”, ironizou Eri Johnson.

Percebe-se que Ana Maria Braga não está preparada para saber explorar esse tipo de competitividade acirrada entre participantes que têm coragem de serem eles mesmos, deixando de lado aquela falsa obrigação de interpretar uma personagem boazinha diante das câmeras. A apresentadora logo desviou a atenção da briga para o fato de Mumuzinho ter escolhido beterraba, enquanto o Louro José gritava “O espinafre da discórdia!”. A voz do boneco, que percebeu naquela situação um bom motivo para fazer subir a audiência do quadro, foi ignorada inicialmente. Outra voz - talvez a do “ponto” - fez Ana Maria voltar ao assunto da disputa pelo espinafre. Mas aí o assunto já tinha perdido o calor do momento. Só ajudou Julianne contar que venceu o espinafre no par ou ímpar. O que não tinha sido mostrado no vídeo.

A apresentadora ficou tão perturbada com a situação que esqueceu de destacar que a prova foi julgada pelo chef Rafael Costa e Silva, fixo no quadro nessa edição, o chef italiano Paolo Lavezzini, que deu o workshop de massas, e o ator Rodrigo Simas, que não sabe cozinhar mas entrou como terceiro elemento no júri, quando eles apareceram acompanhando a realização da prova. A apresentadora só corrigiu a falha no bloco seguinte.

Houve ainda um momento de tensão e emoção quando Minotauro e Mumuzinho não conseguiram preparar suas massas dentro do tempo regulamentar. O cantor anunciou sua desistência da prova, enquanto o lutador não deu o braço a torcer, utilizou os minutos que podia extrapolar e mesmo perdendo pontos conseguiu entregar seu prato, sob os aplausos de todos. Enquanto Minotauro virou um exemplo de perseverança, Mumuzinho, muito sem graça, prometeu mudar de atitude. Afinal, ele está ali para vencer ou perder, sem ninguém para lhe fazer escada como está acostumado no “Esquenta”.

No mais, o que se viu foi Julianne, confiante, vencendo a segunda prova de imunidade com sua massa de espinafre; André e Fernanda sem reações mais efusivas; Dani repetindo seu batido discurso politicamente correto de “estou grata de estar aqui para aprender”, e Eri Johnson, após uma sucessão de notas baixíssimas para seu prato, deixando de lado a pose de “vencedor absoluto”.

É válido que Ana Maria Braga se esforce para que um dos principais ingredientes dessa oitava edição do “Super Chef”, quinta com celebridades, continue sendo a animação. Só precisa perceber que o paladar do telespectador para piadas está mais apurado e não se satisfaz mais apenas com pitadas de gracinhas que alguns artistas trazem dos stand-up comedians que fazem nos palcos da vida. Hora de apurar a receita para não passar do ponto.


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quarta-feira, 6 de julho de 2016

“Bake Off Brasil”: Competição culinária traz produção caprichada e participantes carismáticos, apesar de jurado destoante


Há pouco mais de um mês no ar nas noites de sábado do SBT, “Bake Off Brasil – Mão Na Massa” poderia ser apenas mais uma batalha entre confeiteiros com bolos e merengues para todos os lados, mas não é o que acontece. Diferentemente de outros programas do gênero, a competição culinária, que está em sua segunda temporada, traz outros atrativos que cativam até os que nem são muito chegados a doces. Até porque, volta e meia tem uma prova de receita salgada. Talvez seja o clima bucólico e o relacionamento aberto e sincero entre os concorrentes que valorizem muito essa versão brasileira para o formato original inglês “The Great British Bake Off”, exibido pela BBC One no Reino Unido, Aqui é apresentado por Ticiana Villas Boas, que mantém a mesma desenvoltura mostrada na temporada anterior, assim como à frente de “BBQ Brasil – Churrasco na Brasa”.

Para começar, a cozinha do “Bake Off Brasil” funciona ao ar livre, sob uma tenda envolta por cortinas esvoaçantes de bual, montada em meio a um parque florestal. A luz da manhã, horário em que acontecem as gravações, valoriza o verde ao redor, assim como os takes de aves, borboletas e bichinhos silvestres, como esquilos, resultam em uma fotografia suave, bem condizente com os doces pedidos nos desafios.

A forma transparente como são mostrados os relacionamentos de amizade que foram surgindo no convívio dos participantes incrementou e descontraiu a edição. É curioso ver como ajuda a movimentar a rotina da cozinha as óperas de Paula, a cantora lírica que quando solta a voz no meio de uma prova tanto pode irritar alguns colegas quanto agradar a outros. Assim como a chorona Gabriela, a jornalista que abre o berreiro sempre que algo dá errado em sua receita, amoleceu até os corações dos jurados ao contar sobre seu problema de visão que a aproximou da culinária. Sem dúvida o mais divertido era a dobradinha que Lucas, já eliminado, fazia com Helga. O coordenador pedagógico não perdia uma chance de imitar a voz esganiçada da simpática senhora executiva. O que poderia ser motivo de discórdia, virou uma grande brincadeira entre os dois, que faziam até performances à parte com ele imitando fazer ao vivo uma dublagem dela.

A união entre todos durante as provas é um exemplo que deveria ser seguido na vida real. Quando Helga errou ao acrescentar creme cheese à massa de bolo e teve que colocar tudo fora, os demais concorrentes contribuíram com os ingredientes que estavam sobrando em suas bancadas para ela fazer outra massa. Assim como era bonito ver a solidariedade mostrada entre Paula e a nutricionista Camila, última eliminada. Mas no programa desse sábado (9) haverá prova de repescagem e os sete que já saíram terão uma chance de voltar à competição ao lado dos outros sete que continuam melhor cotados ao título de melhor da temporada e a publicar um livro de receitas de sua autoria.

Talvez não tenha sido muito feliz a ideia de manter o empresário Fabrizio Fasano Jr. como jurado, como na edição anterior, ao lado da chef confeiteira Camila Fiorentino. Fabrizio pode até vir de uma família com tradição na alta gastronomia, mas a praia dele é a publicidade, não a cozinha. Em um episódio, o próprio riu ao ser chamado de “chef” por um participante. Sim, por que a pessoa que participa desse tipo de competição quer ser avaliada por quem realmente tenha formação e especialização no assunto.

O jurado chegou ao ponto de, ao criticar uma concorrente que usou flores comestíveis na decoração do bolo, afirmar: “Ninguém come rosas!”. Como assim? Suas avaliações são vazias, repetitivas, sem consistência e muitas vezes deselegantes. Quando a manicure Tathianne foi eliminada ele ironizou o fato de ela se preocupar com o próprio visual, como se outras candidatas também não se apresentassem maquiadas e enfeitadas com acessórios. Tathi ganhou até uma homenagem dos outros no episódio seguinte a sua saída, quando todos fizeram um sinal na cabeça representando os turbantes que ela sempre usava. Curioso é que em se tratando de Marcos, Fabrizio não poupa elogios à coleção de gravatas borboletas que o jovem psicólogo usa...

Camila Fiorentino, por sua vez, é formada em gastronomia, tem experiência no ramo e é até proprietária de uma confeitaria. Mas como não tem um parceiro à altura para debater sobre os resultados, acaba tecendo avaliações rasas, sem acrescentar muitos elementos a cada novo comentário. A repetição de que sente falta “do aroma” na maioria dos pratos já cansou. Mas ao menos Camila não tem o estrelismo do outro jurado.

E a fórmula está funcionando. Em relação aos outros dois programas do gênero no ar atualmente, “Bake Off Brasil” está apresentando audiência superior às de “MasterChef Brasil”, da Band, e de “Batalha dos Cozinheiros”, da Record, ambos exibidos nas noites de terça-feira. A diferença pode não ser grande, entre 1 e 2 pontos em média, mas no caso dessa receita qualquer pitada a mais já pode fazer toda a diferença no sabor final.




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sexta-feira, 1 de julho de 2016

“Batalha de Cozinheiros”: Competição de culinária vira mais um show para fãs bajularem o 'cake boss' americano Buddy


A ideia da Record de colocar “Batalha dos Cozinheiros” substituindo “Power Couple” nas noites de terça-feira poderia ter surtido efeito melhor se a nova atração, tal qual era o reality show anterior, fosse realizada pela própria emissora e com um tempero mais brasileiro. A competição culinária, no entanto, apresentada pelo conhecido Cake Boss norte-americano Buddy Valastro, é uma coprodução com o Discovery Home & Health executada pela Endemol Shine Brasil. E aí pesa seu maior problema: além de se preocupar mais em ser um show bem ao gosto dos telespectadores estrangeiros e não valorizar tanto o lado gastronômico, é preciso contar com uma tradução simultânea de Buddy e dos participantes brasileiros.

O resultado final é um áudio artificial irritante que faz lembrar muito alguns enlatados de televendas no estilo Polishop. É sabido que o dublador de Buddy é o mesmo de personagens de desenhos animados infantis, como Bob Esponja, mas o problema maior é que, talvez por uma questão técnica, no resultado final do conjunto da edição ficam todos com voz anasalada. Esse “desconforto” sonoro tira ainda mais o clima de espontaneidade que deveria haver na cozinha que, por sua vez, se resume a dois balcões montados no estúdio.

A competição começa com 26 duplas formadas por familiares ou amigos de longa data que disputarão o prêmio final de R$ 200 mil. Nos dois primeiros episódios esse número de duplas será reduzido à metade no Desafio às Cegas, em que elas são pegas de surpresa recebendo ingredientes que estão em uma geladeira e serão de uso obrigatório. Na estreia, terça-feira (28), em que se apresentaram 13 duplas, ficou claro que trata-se de cozinheiros não apenas caseiros, mas completamente amadores. Foi estranho ver uma avó, que fazia par com seu neto, ficar sem saber o que fazer ao ter que preparar um prato com coxa de frango, apesar de afirmar que cozinha com a família reunida todos os domingos. “A gente em casa faz brincando, tomando um aperitivo, e dá tudo certo”, tentou se explicar ela, após ser eliminada porque o arroz não ficou no ponto. Tem ingrediente mais “a cara da vovó” do que frango? Acho que faltaram uns bons drinks para ela.

É desnecessário também o excesso de deslumbramento dos concorrentes diante das câmeras. Parecia terem sido selecionados em um fã-clube do apresentador: “Olha, estou cozinhando para o Buddy”, repetia a maioria deles. E tudo é registrado por uma câmera nervosa que não mostra o que exatamente os cozinheiros estão preparando, que outros ingredientes estão sendo usados na receita.

Para completar, Buddy, que está mais para animador de cozinha com auditório do que para um chef preocupado com a comida, não sabe fazer suspense ao anunciar a dupla vencedora de cada duelo. Ele deixa transparecer abertamente sua preferência quando está provando cada prato. Tanto que quando ficou em dúvida entre uma das duas penúltimas duplas acabou aprovando ambas. “Aqui eu mudo as regras”, sentenciou ele. Claro, e quem vai contrariar? Buddy é o dono da Cake House Media, que produz o programa junto com a Endemol...



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