quinta-feira, 1 de setembro de 2016

“Justiça”: Cauã Reymond surpreende em papel maduro e é o maior destaque ao protagonizar o quarto episódio da minissérie


A terceira e a quarta história que fazem parte de “Justiça”, minissérie da Rede Globo dividida em 20 capítulos, só vieram dar continuidade à sequência de conflitos impactantes, como os mostrados nos dois primeiros episódios, instigando o público a refletir diante de situações controversas sobre o que é justo ou injusto do ponto de vista de cada um. Desses dois dramas que foram ao ar na quinta-feira (29) e na sexta-feira (30), respectivamente, o último foi o mais impactante e comovente. Não que Jéssica Ellen e Luíza Arraes, protagonistas do primeiro, não tenham desempenhado bem seus papéis, mas porque Cauã Reymond surpreendeu fazendo uma interpretação comovente como o marido que comete eutanásia na mulher que tanto ama. Vê-se que não foi por acaso que o personagem do ator foi o coadjuvante mais ativos nos episódios anteriores.  

A terceira história envolve a dupla de amigas, Rose e Débora, interpretadas por Jéssica e Luísa, respectivamente. O pontapé é dado com destaque para a questão do racismo, quando Rose é barrada em um restaurante por ser negra. Débora a defende e deixa claro: “É a gente que faz a lei sair do papel!”. É mais uma daquelas frases repetidas no cotidiano por qualquer um de nós, que pontuam o texto de Manuela Dias, autora da minissérie. Só que, contrariando as leis, na mesma noite as duas compram drogas em uma rave, e apenas Rose é presa por tráfico. Após sete anos de cadeia, Rose é solta e ao reencontrar Débora fica sabendo que a amiga foi violentada e que, devido às sequelas, não poderá ter filhos. As duas decidem então ir em busca do estuprador.

O destaque desse episódio, sem dúvida, ficou por conta da excelente interpretação de Teca Pereira no papel de Zelita, a mãe de Rose, empregada doméstica da casa de Débora que morre antes da filha sair da prisão. E, como faz parte do formato do programa, as aparições de personagens presentes nos demais episódios, como Celso (Vladimir Brichta), dono de um quiosque, que é quem vende as drogas para as meninas na mesma noite em que serviu cerveja para Vicente (Jesuíta Barbosa), pouco antes dele assassinar a própria noiva no primeiro episódio e fornece a droga usada para o crime de eutanásia que será praticada no episódio seguinte.

Depois de Débora Bloch dar um show como Elisa, a mãe que vê a filha ser assassinada e morrer em seus braços na estreia da minissérie, foi a vez de Cauã se destacar em um trabalho que pode ser considerado seu melhor momento na teledramaturgia. Ele vive a história de Maurício, um contador casado com Beatriz (Marjorie Estiano), uma bailarina que fica tetraplégica após ser atropelada por um carro na saída do teatro onde acabou de estrear uma turnê. Ao saber que perdeu para sempre os movimentos do pescoço para baixo, ela diz ao marido que se não poderá mais dançar, acabou: “Eu estou aqui e não tenho um corpo”, afirma. Um momento ímpar da atriz também, que traduz toda a infelicidade da personagem através apenas de expressões faciais. Consumado o fato, Maurício é preso no próprio hospital e, sete anos depois, sai do presídio com a ideia fixa de matar Antenor (Antônio Calloni), o homem que atropelou Beatriz, fugiu sem prestar socorro, e agora é candidato a governador de seu estado.

A primeira fase da minissérie foi cumprida com mérito. A direção artística de José Luiz Vilamarim está irretocável e o elenco em geral fazendo uma entrega visceral a cada personagem. Resta acompanhar os próximos episódios e o veridcto final de cada história. Mas de antemão já pode ser considerado um produto que realmente vem apresentando um padrão de qualidade do qual a emissora pode se orgulhar.


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