sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

“Especial Record de Literatura”: É a palavra lida tentando conquistar espaço na TV para pontuar histórias reais com poesia


É uma pena que “Especial Record de Literatura” não tenha a divulgação que merece, pois o programa no qual contos e romances são adaptados para a televisão e exibidos anualmente desde 2008 tem apresentado grande evolução. Neste ano, o primeiro foi “O Madeireiro”, uma adaptação de conto homônimo de Aluísio Azevedo, escritor naturalista autor de obras conhecidas como “O Mulato” e “O Cortiço”. Com qualidade de cinema e produzido pela Contém Conteúdo, foi ao ar logo após a meia-noite de segunda-feira (26), com Bianca Rinaldi e Petrônio Gontijo interpretando os personagens principais, Laura e Júlio. Os dois se apaixonam, mas ela, uma escritora casada, para se manter fiel ao marido resolve extravasar seu amor através das cartas que escreve para o amante. Só que após Laura ficar viúva, Júlio começa a perder o interesse pela mulher, e ela acaba se envolvendo com um madeireiro, de quem fica noiva. As cartas de amor acabam sendo a chave para a solução dos dilemas amorosos. É o amor do século XIX retratado por Aluísio Azevedo.

Bianca e Petrônio, este de volta à Record depois de ter feito uma participação em “Insensato Coração”, na Globo, fizeram uma boa dupla. Também estão no elenco Edson Fieschi, Breno de Filippo, Adriana Del Claro, Léo Wainer e Luiz Lobo. Mas a qualidade da imagem é um dos destaques de “O Madeireiro”. A direção do telefilme é de Adolfo Rosenthal e Moacyr Góes. E o roteiro de Adolfo Rosenthal e Wilson Rocha.

Outra grata surpresa veio logo após a meia-noite de terça-feira (27), quando foi exibido “O Menino Grapiúna”, telefilme produzido pela Bossa Nova Filmes em parceria com a Record, baseado no romance autobiográfico de Jorge Amado, mostrando histórias vividas por ele quando menino e relembrando figuras que deram origem a vários personagens recorrentes na sua obra quando adulto. Gilberto Gil pontua todo o especial, narrando trechos de livros do escritor. “O velho não se separou, não ofuscou o menino que se tornou a vida dele”, disse o cantor na abertura do programa.

Nas histórias, vividas pelo autor quando menino, estão personagens como seu pai, Coronel Amado (Laerte Mello), sua mãe, dona Eulália (Bel Teixeira) e o padre Cabral (Nando Alves Pinto). No papel de Amado, que aos 10 anos era chamado de Menino Grapiúna, termo utilizado pelos sertanejos baianos, está o ator mirim Vinícius de Morais.

Dirigido por Lina Chamie, “O Menino Grapiúna” traz um elenco pouco conhecido do público televisivo mas com potencial para desenvolver seu talento no vídeo. E através de efeitos visuais faz um misto interessante da linguagem cinematográfica com a linguagem teatral. É a palavra lida tentando conquistar espaço na TV para pontuar histórias reais com poesia.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"Fina Estampa": Cris Vianna dando exemplo de seriedade, talento e entrega à sofrida Dagmar que interpreta na novela das nove


Cris Vianna deu um exemplo não só de talento nos capítulos de “Fina Estampa” dessa segunda (26) e terça-feira (27), mas também de como uma atriz pode se impor com seriedade na profissão com seu comportamento ao incorporar seja que personagem for. No papel de Dagmar, sua entrega foi sincera e comovente nas cenas em que descobre que seu filho Leandro (Rodrigo Simas) é um garoto de programa. Sem exagerar nos gestos, mas carregando na emoção, Cris soube manifestar a dor desmedida daquela mãe de forma a comover qualquer telespectador com um mínimo de sensibilidade. E olha que foram capítulos nos quais havia um outro ponto alto acontecendo: os barracos nas festas de Griselda (Lilia Cabral) e Tereza Cristina (Christiane Torloni). Mas no quesito melhor e mais difícil interpretação, ganhou Cris.

No começo da novela, quando Dagmar apareceu tomando banho de mangueira nua na laje, muitos criticaram e acharam a cena apelativa. O autor Aguinaldo Silva, sempre superior a qualquer tipo de comentário contrário ao seu texto, não se abalou e mostrou outros banhos da morena. Nada que afetasse a trajetória de Dagmar, uma mulher trabalhadora, cozinheira de mão cheia, mãe de dois filhos, que soube dar a volta por cima até após a relação sem futuro com Quinzé (Malvino Salvador) e que não se deixa abater pelo preconceituoso Albertinho (André Garolli), primo de seu patrão Guaracy (Paulo Rocha). Mas tudo isso foi mostrado graças ao talento de Cris em transformar cada empada que lhe colocavam na mão em verdadeiros banquetes.

É preciso diferenciar cenas e interpretações sensuais de cenas e interpretações apelativas. Só para dar um exemplo, os banhos de Dagmar na laje foram arte diante das expressões vulgares de Ana Carolina Dias, a “marida de aluguel” Deborah. Essa não está sabendo aproveitar o espaço que ganhou ou não sabe fazer melhor do que isso.

E parece que Aguinaldo Silva, nesses capítulos, permitiu que Cris Vianna exorcizasse as críticas anteriores ao aparecer na mesma laje, enrolada em uma toalha de banho, molhando com a mesma mangueira as cinzas das roupas caras de grife encontradas no armário do filho, queimadas por ela e compradas pelo garoto com o dinheiro de sua própria prostituição. “Hora de começar um novo dia e voltar para o batente de novo”, afirmou com altivez a guerreira Dagmar.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

“The X Factor”: Uma final previsível e sem Hight Definition no canal HD da Sony


Ficou evidente quem seria o grande vencedor do “The X Factor” quando o produtor musical Simon Cowel afirmou para Melanie Amaro, na final da competição musical exibida quinta-feira (22) ao vivo pelo canal Sony, diretamente de Los Angeles, nos Estados Unidos: “Para mim você deve ganhar porque vai representar o país no mundo”. O estilo romântico da estudante de 18 anos tinha bem mais a cara do estilo conservador americano nesse tipo de espetáculo do que o do roqueiro Josh Krajcik, de 30, ou o do rapper Chris Rene, de 28 anos, os outros dois finalistas da noite.

Como também faz bem o estilo americano, foi montada uma mega produção no palco, com direito a uma quantidade infinita de fachos de luzes coloridas, telões gigantescos com imagens surreais que se alternavam formando um novo cenário a cada música apresentada.  Também não faltaram comentários inflamados e até lágrimas por parte dos jurados: o criador do programa Simon Cowel, a cantora e coreógrafa Paula Abdul, a cantora Nicole Scherzinger e o produtor musical L. A. Reid.


No episódio pré final, foi a vez de os três candidatos se apresentarem para que o público desse seu voto pela internet. Cada um interpretou duas canções. Na primeira, cada um foi acompanhado pelo intérprete original da música escolhida. Josh fez dueto com Alanis Morissette; Chris, com Avril Lavigne, e Melanie, com R. Kelly. Mas foi baseado na segunda apresentação solo que o jurado realmente fez sua escolha. E foi quando Simon deixou claro que seu voto seria para Melanie, que levou o prêmio de um contrato de 5 milhões de dólares com a Sony Music. Antes do anúncio da vencedora na final, no entanto, o programa contou com apresentações de Stevie Wonder, Justin Bieber, Ne-Yo, Pitibull, 50 Cent e Leona Lewis.    

A transmissão ao vivo também para países fora dos Estados Unidos foi para evitar que sites especializados divulgassem detalhes e o vencedor da primeira temporada do reality show nos Estados Unidos. O programa teve sua origem no Reino Unido e a versão americana estreou no Brasil em outubro: "X-Factor" - Emoção x Apelação

Na sexta-feira (23) a final foi reprisada pelo canal, dessa vez com legendas. Essa primeira temporada nos Estados Unidos não superou as expectativas. Mas o que mais incomodou foi o fato de a final de “The X Factor” ter sido transmitido em SD (qualidade standard) também no canal HD da Sony. Ou seja, quem paga mais para ter qualidade de HDTV teve imagens exatamente com a mesma qualidade dos canais convencionais. É mais um ponto a ser revisto na próxima temporada. Se houver.


sábado, 24 de dezembro de 2011

“Coral de Rua”: Um especial com verdadeiro espírito de Natal e exemplos de superação

“O quanto a música é capaz de transformar a vida de uma pessoa?” Foi com esse questionamento que o produtor musical Marco Camargo deu início a “Coral de Rua”, especial de fim de ano da Record que foi ao ar na noite de quinta-feira (22). Durante alguns dias ele saiu às ruas de São Paulo em busca de pessoas socialmente excluídas para convidá-las a participarem de um coral. Nessa peregrinação, ele se deparou com algumas histórias deprimentes e outras comoventes.
Começou por uma associação de reciclagem em São Bernardo, na grande São Paulo, mostrando a história de vida de sua fundadora, Neise, 40 anos, grávida do sétimo filho. Ela começou como catadora e fundou a associação para conseguir criar todos os filhos. Mas, para ela, o que mais doía era não conseguir dizer que amava uma das filhas, que sempre se despedia da mãe dizendo um “Eu te amo”. Entre outros, também teve José Geraldo, 64 anos, que fazia uma fogueira na beira da estrada para se aquecer e contou já ter um dia cantado em uma dupla sertaneja. Aceitou na hora participar do coral. 

Mas também teve Jadson, 30 anos, um baiano que disse já ter feito parte do Olodum, mas resolveu ir para São Paulo tentar uma vida melhor e virou catador de lixo. Animado, até sambou na frente de Camargo ao aceitar o convite. Mas, dois dias depois ele não apareceu no lugar marcado e não apareceu mais. “E eu só espero que ele esteja bem”, lamentou o produtor. Outro que aceitou e sumiu foi Edvaldo, 29 anos, dependente químico e morando na rua há 23 anos, “para não causar problemas à família”, disse ele. E o técnico de som que morava embaixo de um viaduto, que afirmava perder a guerra, mas não a batalha, morreu na noite do dia em que aceitou fazer parte do coral.

Todos os 26 escolhidos passaram por um banho de loja e de salão de beleza antes de começarem os ensaios. Após a transformação foi nítida também a recuperação da auto-estima. “Quero saber qual minha patente. Barítono ou tenor?”, cobrou um deles a resposta de Camargo. Para um deles, dependente químico, o programa também conseguiu um tratamento de seis meses numa clínica.

A apresentação do Coral de Rua foi no Teatro Bradesco, em São Paulo, com uma orquestra sob a regência do maestro Vicente de Paula Salvia. A primeira música foi “O Natal Existe, de Edson Borges, seguida de uma mensagem de otimismo declamada pela atriz Bianca Rinaldi. Foi contagiante ver o brilho nos olhos e o sorriso emocionado de cada morador de rua. Era como se estivessem realizando o maior sonho de suas vidas.

O repertório teve “Conselho”, de Almir Guineto, “Amor I Love You”, de Marisa Monte e Carlinhos Brown, “Como Vai Você”, de Antônio Marcos e Mário Marcos, e a versão brasileira de “Noite Feliz”, de Peter Schuler. Para encerrar em alto astral, coral e platéia cantaram juntos “Do Seu Lado”, de Nando Reis, com artistas da emissora, como Denise Del Vecchio, Britto Jr., Gianne Albertoni, Chris Flores e Celso Zucatelli, subindo ao palco para compartilharem o momento com os "cantores".

Marco Camargo soube conduzir muito bem o programa, sem exagerar na emoção e se mostrando um incentivador daqueles menos afortunados. Mas é claro que ficará a pergunta: “E agora, o que será daquelas pessoas?” E quem terá a resposta? Ao menos elas tiveram um estímulo e caberá a cada uma saber como usar em sua vida. Afinal, dignidade a maioria delas mostrou ter, como se percebeu quando um dos entrevistados na seleção afirmou: “Eu sou morador de rua, mas não sou um mendigo. Eu vivo das minhas pinturas em azulejo, dos meus artesanatos. Fico incomodado com isso... (quando o chamam de mendigo)”.

Mas valeu, sim, ser contagiado pelo brilho no olhar emocionado e no sorriso de felicidade que cada um mostrou ao viver aquele momento.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

“Especial Chaves”: Elenco do SBT se diverte fazendo a versão nacional do humorístico mexicano de sucesso



Ficou tão bom quanto o original o especial de Natal do SBT, que foi ao ar nessa quarta-feira (21), inspirado na série mexicana “Chaves”, criada e estrelada por Roberto Gómez Bolañose, exibida entre 1971 e 1992 e ainda ganhando sucessivas reprises em diversos países. No Brasil, chegou há 30 anos e já ganhou até um livro para explicar seu sucesso, sob o título "Chaves - Foi Sem Querer Querendo", frase repetida incessantemente pelo protagonista. Sem grandes pretensões, o programa natalino do SBT conseguiu ser tão engraçado quanto a versão mexicana. Os redatores do “Especial Chaves” conseguiram atingir o mesmo nível do besteirol nos diálogos em que todos os envolvidos são desprovidos de um mínimo de QI. Cada um se considera o mais inteligente, usa o deboche para desvalorizar o outro e assim, pretensiosamente, tentar se vangloriar. Atitude que não é difícil identificar em muitos na vida real, só que fora da ficção isso não tem graça nenhuma. 

Alexandre Porpetone, humorista do “A Praça É Nossa”, com seus muitos quilos a mais, poderia estar longe de lembrar o magricelo Chaves, mas desempenhou seu papel muito bem. O personagem Kiko ganhou duas versões, a verdadeira, vivida por Zé Américo, e a falsa, numa participação rápida de Alexandre Frota. “O problema é que onde ele chega destrói o cenário”, brincou Zé com Frota. Assistente de palco de Silvio Santos, Lívia Andrade se saiu bem como Dona Florinda, e Marlei Cevada encarnou a Chiquinha com perfeição. Ratinho apareceu como Sr. Barriga, Celso Portiolli era o Professor Girafales e Christina Rocha estava impagável como Dona Clotilde. “Eu faço disso um Caso de Família”, disse ela ao Sr. Madruga, brincando com o nome do programa que apresenta na emissora. E em clima Chaves, a ceia final de Natal é brindada com sanduíche de presunto.
Sem grandes pretensões, até porque isso nem combinaria com um programa como “Chaves”, que faz sucesso justamente por sua simplicidade, a versão brasileira que o SBT já havia feito do programa em agosto e repetiu agora mostrou que a emissora pode sim fazer produtos populares sem ser sensacionalista. Será reprisado na próxima quarta-feira (28) e tem chances de ganhar espaço fixo na grade em 2012.



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"Top Model": Reprise mostra minissérie com formato que fugia aos padrões convencionais dos fins dos anos 80



Ainda hoje há quem confunda com minissérie a novela “Top Model”, que voltou a ser exibida pelo canal Viva nessa segunda-feira (19). A primeira reprise foi na própria Globo, em 1991, no “Vale a Pena Ver de Novo”. A confusão pode ser talvez por ter tido um formato que fugia aos padrões convencionais dos fins dos anos 80. Alguns meses antes de sua estreia, em 18 de setembro de 1989, foi ao ar um piloto sob o título de “Shop Shop”, com boa parte do elenco jovem que estrearia na novela, como Marcelo Faria, Carol Machado e Gabriela Duarte.

E, assim como sua primeira reprise, a volta da novela ao ar, 20 anos depois, no canal Viva também está causando impacto. Logo no primeiro capítulo, que foi ao ar terça-feira (20), “Top Model” foi o assunto mais comentado do Twitter no Brasil durante sua exibição, que entrou no ar às 15h30m, com os internautas relembrando as atuações de atores como Malu Mader, Taumaturgo Ferreira, Nuno Leal Maia e Zezé Polessa. 

Dos autores Walther Negrão e Antônio Calmon, expert em escrever para adolescentes, e com direção de Mário Márcio Bandarra e Fred Confalonieri, a novela fez sucesso principalmente entre os jovens, que se identificaram com o glamour das passarelas e com os cinco filhos do surfista Gaspar (Nuno Leal Maia), que batizou a todos com nomes em homenagem a grandes astros internacionais: Elvis Presley (Marcelo Faria). Ringo Starr (Henrique Farias), John Lennon (Igor Roberto Lage), Jane Fonda (Carol Machado), e Olívia (Gabriela Duarte), a única exceção, já que não era Olivia Newton John. “Essa aqui, foi a mãe quem batizou”, explicou disse Gaspar.

Com certeza os adolescentes de hoje não vão se identificar tanto quanto os daquela época, pois os tempos são outros, assim como são outras as situações típicas da idade, mesmo também envolvendo amores, dúvidas, medos, descobertas. Mas é inspirador rever o diálogo aberto que Gaspar tem com os filhos, todos de relações com diferentes mulheres. Todas o abandonaram.

A última a deixá-lo é Marisa (Maria Zilda Bethlem), que vai morar com o irmão dele, Alex (Cecil Thiré), de olho em seu dinheiro. Para ajudar a criar os filhos, o surfista conta com a desastrada Naná (Zezé Polessa), e é claro que não pode faltar Evandro Mesquita, com todo seu jeitão carioca de ser, fazendo Saldanha, dono de uma barraca de sucos naturais na praia.

Como o título já diz, o universo da moda era o ponto alto. Gaspar e Alex são proprietários da Covery, confecção na qual brilhará Duda, personagem de Malu Mader, no auge de sua boa forma. Aspirante a top model, ela invade os bastidores de um desfile para representar sua marca e acaba sendo convidada a assinar um contrato milionário com Covery. É na loja que, ao entrar por engano em um provador masculino, ela conhece o grafiteiro Lucas, vivido por Taumaturgo Ferreira, por quem se apaixona. O romance da ficção entre Malu e Taumaturgo acabou sendo vivido pelos dois também na vida real.

“Top Model” marcou ainda a estreia de Drica Moraes e Rodrigo Penna, além de Adriana Esteves, Flávia Alessandra e Gabriela Duarte, estas três escolhidas para o elenco através de um concurso promovido pelo “Domingão do Faustão”.

E foi a última novela do ator Felipe Carone, que morreu em 1995, e se despediu fazendo o engraçado Baby Donattio, um jogador que formou uma dupla divertida com Morgana, a matriarca dos Kundera viciada em cassino e interpretada por Eva Todor.

Certamente esta é mais uma boa viagem no túnel do tempo oferecida pelo Viva.